Idosos aprendem como proteger dados pessoais e navegar com segurança na internet

 

Olhares atentos e rostos curiosos tomaram conta do Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná, na tarde desta quinta-feira (27). No espaço, que foi transformado numa imensa sala de aula, aconteceu uma nova edição do “Workshop Uso Seguro e Consciente da Internet – curso gratuito para pessoas idosas”.

“Quero aprender a fazer tudo sozinha, abrir aplicativos ou marcar consultas”, disse a aposentada Santina dos Santos, uma das participantes da turma que chegou cedo, sentou na primeira fila, e escutou atentamente as orientações e dicas sobre como evitar golpes na web. Tímida, contou que veio do município de Colombo, região metropolitana de Curitiba, em busca da atualização dos conhecimentos. Essa também foi a motivação de Anair de Paula Santos, que está aposentada, mas não deixa de fazer cursos para acompanhar a evolução dos meios de comunicação, e continuar em contato com familiares e amigos: “Sempre é importante aprender. A inteligência artificial (IA) está no nosso dia a dia, com muitas novidades”, observou. O jornalista Walter Xavier, diretor de relações institucionais e governamentais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio-PR), sublinhou, igualmente, a necessidade da atualização constante. “É fundamental o bom conhecimento na área de informática que é de grande relevância em todos os setores”, ensinou.

Durante o curso, que não tem nenhuma taxa, e é uma iniciativa da Assembleia Legislativa, através do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado, em parceria com a Celepar e o Governo do Estado, foram fornecidas orientações a população sobre as mentiras mais aplicadas pelos golpistas através da rede web, e como fazer para se proteger na hora que usamos o celular ou mesmo o computador. Esse assunto foi tratado, de forma didática e com muitos exemplos de casos reais, pelo delegado-chefe Emmanoel David, da Delegacia de Estelionatos da Polícia Civil do Paraná (PCPR), especialista na área. “Os golpes cresceram muito na pós-pandemia”, frisou. Em sua palestra ele mostrou dados que apontam que, em 2022, foram registrados quase 2 milhões de golpes de estelionato.

O delegado da Polícia Civil do Paraná esclareceu dúvidas dos participantes e explicou que nos golpes eletrônicos, as ações criminosas envolvem, principalmente, as redes sociais, como por exemplo, o cibercrime conhecido como phishing. Ele consiste em tentativas de fraude para obter ilegalmente informações como número da identidade, senhas bancárias, número de cartão de crédito, entre outras, por meio de e-mail com conteúdo duvidoso. “Os criminosos, muitas vezes, se passam por filhos, parentes próximos, e fazem contato pedindo dinheiro”, revelou. Ele detalhou, brevemente, o golpe dos nudes (ou das novinhas). Nesta ação, o criminoso, que muitas vezes finge ser uma jovem mulher, entra em contato com a vítima (geralmente homens) e após troca de mensagens envia fotos íntimas. Em seguida, um suposto parente (que se diz pai) ou falsa autoridade policial entra em contato dizendo que a jovem era, na verdade, menor de idade. Os golpistas passam a encaminhar mensagens cobrando valores para que as vítimas não sejam expostas ou acusadas de terem cometido o suposto crime. A vítima perde dinheiro e fica com vergonha de denunciar. “Um empresário de Curitiba chegou a perder R$ 2 milhões num golpe da novinha”, contou. O especialista abordou ainda como ocorre o golpe da troca de foto do WhatsApp, o do falso empréstimo, do amor, do falso emprego, do leilão do automóvel do bilhete premiado e falou sobre o uso de links falsos na internet. “Vocês precisam tomar cuidado”, frisou.

Na segunda etapa do workshop, os técnicos Sérgio Luís dos Santos Oliveira e Ataíde Prestes de Oliveira Júnior, da Celepar, usando linguagem simples e objetiva, reforçaram o conteúdo com o detalhamento técnico das práticas de golpes e orientações para aumentar a segurança. Conforme Ataíde, “é fundamental saber proteger informações pessoais”. Isso inclui evitar compartilhar dados sensíveis, como números de documentos, senhas ou informações financeiras, em sites não seguros ou suspeitos. Utilizar senhas fortes e atualizá-las regularmente também é uma medida básica de segurança. Os técnicos reiteraram, com a explanação de diversos casos já registrados na imprensa, que o uso seguro da internet envolve a adoção de medidas proativas para proteger os dados. Para praticar os golpes, os criminosos coletam o que cada um expõe na internet, desde fatos sobre a família até imagens de viagens.

Outro tópico abordado foi o da legislação. O marco civil da internet (Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014) prevê como princípios que regulam o uso da internet no Brasil, enumerados no artigo 3º, dentre outros, o princípio da proteção da privacidade e dos dados pessoais, e asseguram, como direitos e garantias dos usuários de internet, no artigo 7º, a   inviolabilidade e sigilo do fluxo de suas comunicações e inviolabilidade e sigilo de suas comunicações privadas armazenadas, salvo por ordem judicial. Foram ainda repassadas informações sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que tem como principais objetivos garantir a privacidade e a proteção dos dados pessoais dos cidadãos brasileiros, ao mesmo tempo em que estimula o desenvolvimento de negócios baseados em dados. Alguns dos objetivos específicos da LGPD incluem proteger a privacidade dos cidadãos brasileiros, garantindo que suas informações pessoais não sejam coletadas, processadas ou divulgadas sem o seu consentimento. Manter-se atualizado sobre as melhores práticas de segurança cibernética é essencial, reiteraram. “Sempre perguntem: essa foto que acabei de tirar, posso publicar com segurança? Esse conteúdo pode ser ofensivo? Tenha certeza sobre suas decisões”, aconselharam.

Inclusão e cidadania

“É mais do que um curso de capacitação. É um passo importante para a cidadania, para a inclusão”, declarou a advogada Rose Traiano, presidente do Conselho de Ações Solidárias e Voluntariado da Assembleia, quando agradeceu a participação de todos. Na ocasião, ela compartilhou sua experiência na vivencia com o pai (já falecido), que tinha muitas dúvidas em relação ao uso do celular e solicitava constantemente sua ajuda, seu apoio. “Com esse curso estamos estendendo esse cuidado a todos, assegurando o acesso ao mundo digital com segurança e confiança”, afirmou. Para o assessor Leandro Pereira Beguoci, da diretoria da Celepar, o curso tem um papel essencial na cidadania digital. “Queremos garantir que todas as pessoas vão fazer parte do futuro. Essa parceria com a Assembleia amplia a capilaridade das ações implementadas pela Celepar”, asseverou.



FONTE: ALEP

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