Ao melhor estilo parafraseando Racionais na música "TIC... TAC... O Relógio no Hospital anda em Câmera Lenta", depois do episódio do rapaz que queria “matar o bicho” e ter de ser contido pelas enfermeiras, as coisas só foram se prolongando e o tempo simplesmente parecia não andar.
Já havia se passado mais de 40 dias dentro do Hospital. A agonia era imensa. Eu ainda precisava ser submetido a mais duas cirurgias para terminar essa fase do meu angustiante tratamento, no caso, as cirurgias para corrigir os dois fêmures que tiveram fraturas expostas. Eis que em um belo dia, no meio de uma tarde, o médico vem e me dá a tão esperada notícia: "Vamos fazer a cirurgia amanhã na parte da tarde. Provavelmente dê para fazer as duas pernas".
A notícia me proporcionou uma animação irradiante. No dia seguinte, dia da cirurgia, o relógio nem marcava 6h30 e eu já estava iniciando o pré-operatório sendo mantido em jejum e submetido a outros procedimentos necessários. Enfim terminaria minha agonia na mesa de cirurgia.
O relógio apontava meio dia. Do outro lado da quarto havia uma televisão que sempre estava ligada (o que mais eu assistia era o seriado “Todo Mundo Odeia o Chris”) e iria começar o jornal. Comecei a assistir às notícias e sabia que logo seria encaminhado ao centro cirúrgico.
Para minha surpresa, a primeira manchete dava conta sobre uma greve realizada por médicos universitários. De imediato pensei: “nossa que dó dos pacientes”. Quando menos espero, o apresentador diz: "Vamos direto para Londrina, onde os médicos estão realizando uma paralisação".
Naquele momento passei a prestar mais atenção no que o aparelho televisor me noticiava. Ainda era tudo muito confuso para mim, pois não conhecia o hospital pelo lado de fora e não reconhecia a estrutura que estava diante dos meus olhos na TV.
Na sequência, o repórte passa a entrevistar um dos grevistas; um médico que não me era estranho, alguém ligeiramente familiar. Foi quando me dei conta e identifiquei o entrevistado/grevista como justamente o profissional que iria fazer minha cirurgia naquela tarde. "Neste momento estamos realizando uma greve. Continuaremos realizando todos os atendimentos de urgências e emergências. Mas as cirugias eletivas (dentre elas, a minha) estão suspensas".
Aquilo caiu como uma bomba sobre a minha cabeça, eu fiquei sem chão! Sabe aquela criança que acabou de perder um doce? Era essa a sensação que eu tinha e a minha fisionomia naquele momento indicava essa frustração. Essa indefinição resultou em mais alguns dias deitado no leito de hospital sem saber ao menos quando a famigerada greve iria acabar para que eu pudesse ser operado e seguir a minha vida fora do ambiente hospitalar.
CONTINUA
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Marcos Júnior é jornalista formado em 2007 e responsável pelo Blog do Marcos Junior que já passou de 13 milhões de acessos
Sua história realmente dá um livro. Sua vida realmente foi bem conturbada .
ResponderExcluirSei o q passou foi angustiante, pois aguardava uma cirurgia importante pra vc. Mas como tudo em nossa vida , sempre haverá uma esperança
ResponderExcluirPensei no desespero q passou , que tristeza 😔
ResponderExcluirNossa que triste mas vc conseguiu a cirurgia nossa parece um filme mas o importante que venceu tudo e hoje vc trabalha ainda que foi difícil mas no final deu tudo certo parabéns pela sua perseverança
ResponderExcluirNossa, parece que tudo aconteceu com vc.... Só fico tranquila pois é vc mesmo quem está narrando a história.
ResponderExcluirAguardando o próximo
Que história difícil, mas de superação 🙏🏻
ResponderExcluirQue martírio esse seu, quando pensa que tudo vai acabar bem. Começa uma greve. Mais graças a Deus, deu tudo certo.
ResponderExcluirEnfim temos momentos difíceis na vida...onde imaginamos não sermos capazes de sair dessa...porém temos um Deus maravilhoso que nos sustenta nesses momentos... gratidão ele é maior que tudo🙏
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