Depois de 21 dias em coma (LEMBRE AQUI) e mais alguns de recuperação na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) estava na hora de ir para a ala masculina. Cheguei ao quarto 4 apenas conseguindo ter a movimentação no pescoço. Não é oficial, mas na época, diziam que a numeração do quarto iria conforme a gravidade da situação. Aos poucos, eu ia mudando e subindo a numeração.
Alguns dias depois, já estava no quarto 11. Mais conhecido nos comentários de corredores, da época, como o quarto da IDA (Deve-se entender o fato. Ou ir para a casa ou para outro local nada agradável). A situação era bem complicada. Pois estava com uma tração na perna (aquele peso que fica pendurado) para ela voltar ao local de origem. Já haviam sido feitas várias cirurgias e para suprir a dor até morfina foi utilizado.
Acontecem fatos durante a 'estadia' que parecem inacreditáveis. Uma delas. Um outro paciente foi colocado em minha frente (o quarto era amplo). Ele havia tomado alguns tiros e estava a base de remédios para suportar a dor e delirava na madrugada com algumas palavras.
Eis que ele acorda no meio da madrugada com os braços amarrados (devido aos tubos que levavam soro, sangue, entre outros aos corpo dele). Olha em minha direção e fala. "Mano. Fica quieto que eu vou matar o bicho que está subindo na sua cama". Lógico que não foi nessa sintonia e nem clareza, mas sim nesse sentido.
Sabe aquela sensação de segundos, que parecem minutos? Pois bem, não conseguia entender qual bicho que era. Mas só escutei a cama dando uns pulos pela agitação dele e começando a se aproximar (milímetros) em minha direção.
Falei. "Aonde está esse bicho?". Eis a resposta que eu menos esperava. " Está entrando na sua perna". A cama dá mais um pulo e mais uns milímetros em minha direção. Lembra da tração? Eis que me toquei que ele estava falando dela que mantinha minha perna no local (ela estava fraturada e mais para cima).
Naquele momento não tive dúvida. Olhei com uma cara de dono da razão para a situação. Ele ainda estava na sua jornada para matar o bicho. Estufei o peito e respirei fundo. E fiz o que qualquer herói naquela situação de perigo faria. Com todo o ar que tinha no meu pulmão gritei. ENFERMEIRAAAAAAAAAAAAAAA
CONTINUA
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Marcos Júnior é jornalista formado em 2007 e responsável pelo Blog do Marcos Junior que já passou de 13 milhões de acessos
Quanto medo deve ter sentido
ResponderExcluirNão gostaria desta experiência, mas teus pulmões estão em forma, graças à Deus.
ResponderExcluirMeu Deus como você para neste ponto!
ResponderExcluirAguardo a continuação
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