Em dez anos, Saúde em Casa atende a mais de 55 mil pacientes



O programa Saúde em Casa, realizado pelo Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) da Prefeitura de Curitiba, atendeu a mais de 55 mil pacientes em dez anos. Segundo o balanço da equipe, outros 14,4 mil pacientes foram desospitalizados, ou seja: receberam alta para seguir o tratamento em casa.

O número de leitos liberados pelo programa entre abril de 2012 e fevereiro deste ano equivale a 95 hospitais de grande porte. De acordo com os critérios do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), é considerado hospital de grande porte aquele que tem de 151 a 500 leitos.

“O Saúde em Casa aquece o coração dos enfermos e de suas famílias ao levar atenção e carinho aos lares curitibanos”, diz o prefeito Rafael Greca.

A primeira década do programa revela uma bem-sucedida história de abordagem assistencial integral e foco na desospitalização do paciente.

“As ações realizadas pelo Saúde em Casa fazem parte de uma estratégia que preserva a qualidade do atendimento à população”, afirma a secretária municipal da Saúde, Beatriz Nadas.

O modelo permite identificar quem pode prosseguir com o tratamento em casa, o que traz benefícios para o paciente.

“Em casa, as chances de infecções são menores. Outro fator positivo no tratamento é o ambiente familiar, que ajuda no processo de recuperação e acelera a retomada da rotina”, explica a gerente do programa, Mariana Lous.

Para o geriatra Clóvis Cechinel, que participou da implantação do programa e atuou como coordenador médico por oito anos, a ida dos profissionais à casa do paciente, vendo as condições em que ele vive, também impacta a assistência.

“Permite ao profissional direcionar o olhar para a realidade em que este paciente vive, fazendo com que ele elabore, da melhor forma possível, o plano de cuidados”, afirma Cechinel, hoje diretor técnico do Hospital Municipal do Idoso.

Passada a fase crítica do internamento hospitalar, a atenção domiciliar possibilita um olhar mais integral.

“É comum o paciente ser internado por pneumonia, mas quando vai para casa a equipe se depara com um quadro de diabetes, hipertensão e osteoporose e tudo precisa ser acompanhado”, relata Cechinel.

Alívio na rede

Há também um impacto direto na rede municipal de saúde. Com o direcionamento do paciente para tratamento em casa, os leitos de hospitais e das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) são liberados para casos mais graves.

Foi o que tornou o Saúde em Casa estratégico durante toda a pandemia de covid-19, mas principalmente na fase crítica. Em julho de 2021, por exemplo, o programa atendeu a mais de 1,2 mil pacientes, liberando, naquele mês, 443 leitos da rede.

A quantidade de leitos liberados pelo programa entre abril e maio do ano passado equivale a três hospitais de grande porte, segundo os critérios do Conass. Para Mariana, esse papel estratégico na pandemia foi um marco na história do programa.

“Neste período implantamos as equipes exclusivas de ventilação mecânica e alta complexidade, além da pediatria, o que possibilitou trazer pacientes com maior complexidade para nosso programa”, conta a gerente do Saúde em Casa.

Atendimento

Raimundo Moreira Souza, 93 anos, sofreu uma queda que provocou várias fraturas no pé. O aposentado ficou 15 dias internado.

A comerciante Anedina Teixeira, filha de Raimundo, relembra a preocupação no momento da alta. “Meu pai estava acamado e com sonda para se alimentar. Eu ficava pensando como iria fazer para cuidar dele, trocar fralda, alimentá-lo”, recorda.

Para Anedina, o apoio e atendimento da equipe foram fundamentais. “Temos plano particular e o serviço de ambulância para emergências, mas o trabalho do Saúde em Casa é surpreendente”, compara.

Segundo ela, antes mesmo de o pai receber alta, a equipe do Saúde em Casa entrou em contato com a família, que se sentiu mais segura. A comerciante disse que o atendimento em casa fez toda a diferença devido à dificuldade de locomoção do pai.

Início

O projeto-piloto de atendimento domiciliar surgiu em 2010, com uma equipe formada por quatro profissionais da UPA Pinheirinho, que atendia apenas naquele bairro. Desta experiência surgiu o projeto Saúde em Casa, que começou operar em 29 de março de 2012, com sede no Hospital do Idoso Zilda Arns.

Eram apenas quatro Equipes Multidisciplinares de Atenção Domiciliar (Emad), formadas por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem; e duas Equipes Multidisciplinares de Apoio (Emaps), compostas por assistente social, nutricionista, fonoaudiólogo, farmacêutico e psicólogo.

“A maior parte dos pacientes que recebíamos era direcionada pelo Hospital do Idoso”, lembra Cechinel. Hoje, o programa conta com 130 profissionais de saúde, divididos em 15 Emads e três Emaps, além de 20 motoristas. Cerca de mil pacientes são acompanhados por mês.



FONTE: PREFEITURA DE CURITIBA

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