O governador Carlos Massa Ratinho Junior apresentou nesta quinta-feira (14) os potenciais e ativos do Paraná para os três maiores fundos soberanos de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Somados, o Abu Dhabi Investment Autority, o Mubadala Investment Company e o Abu Dhabi Fund for Development administram um capital global estimado em mais de US$ 3,5 trilhões (cerca de R$ 19,2 trilhões).
A visita integra a missão técnica-comercial do Governo do Estado ao País do Oriente Médio, uma agenda paralela à Expo Dubai 2020 e ao Paraná Business Experience.
Ratinho Junior destacou a preparação do Estado para se tornar o hub logístico da América do Sul, com diferentes oportunidades de investimentos em infraestrutura. Mencionou, entre outras ações em andamento, o novo processo de concessão de rodovias, em parceria com o governo federal, o planejamento para a construção da linha férrea ligando Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá e a própria ampliação da capacidade logística do terminal marítimo paranaense.
“Estamos falando em mais de R$ 70 bilhões em investimentos privados. Propostas que vão mudar a realidade do Paraná, facilitando a conexão com o restante do mundo. Com isso, tudo o que for produzido no nosso Estado vai ganhar mais competitividade, gerando emprego e renda para os paranaenses”, afirmou o governador. “O mundo está de olho no Paraná, não podemos perder essa oportunidade”.
Durante a apresentação, Ratinho Junior lembrou que em sete anos, o Paraná vai aumentar de 36% para 90% a quantidade de estradas em concessão com pista dupla. Segundo ele, o novo modelo de concessões de rodovias está baseado na menor tarifa com garantia de obras, e trará R$ 44 bilhões em investimentos diretos nas estradas do Paraná.
No total, 3.327 quilômetros de rodovias integram o pacote, subdivididos em seis lotes, caracterizando o maior projeto de concessão do tipo em todo o Brasil. “O valor em investimentos é o equivalente a 120 anos de orçamento federal para rodovias que seria destinado ao Paraná”, afirmou.
NOVA FERROESTE – Desenvolvido pelo Governo do Paraná, o projeto da Nova Ferroeste, que está em fase de conclusão de estudos, vai ligar o Mato Grosso do Sul ao Litoral do Paraná. Ao todo serão 1.304 quilômetros de extensão. A ferrovia criará um dos mais importantes corredores de exportação do Brasil. A expectativa é viabilizar o transporte de 38 milhões de toneladas de carga no primeiro ano de funcionamento. Destes, 26 milhões de toneladas seriam exportadas pelo Porto de Paranaguá.
“A intenção foi avaliar a possibilidade dos Fundos de participar do financiamento do projeto. O Brasil está no radar deles, como estratégia de negócio na América Latina”, ressaltou o coordenador do Plano Estadual Ferroviário, Luiz Henrique Fagundes.
A transformação logística desencadeada pela execução do projeto vai impactar diretamente a economia nacional. Estima-se que a redução do custo logístico seja de 30%, o que deve tornar os produtos mais competitivos no mercado internacional e permitiria ainda a redução de preços nas gôndolas dos supermercados. “Vai mudar completamente a infraestrutura logística do Estado”, disse Ratinho Junior.
O projeto será finalizado até dezembro. A partir de fevereiro terão início as audiências públicas, com expectativa de ir a leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) em abril de 2022. O consórcio que vencer a concorrência será responsável também pelas obras e poderá explorar a ferrovia por 70 anos. O investimento é estimado em R$ 33,4 bilhões.
PORTOS – O diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia, também participou dos encontros. Ele apresentou as oportunidades existentes no ambiente portuário paranaense, com destaque para as cinco novas áreas que irão para leilão, denominadas PAR09 (21.577 m²), PAR15 (37.431 m²) e PAR14 (20.026 m²), destinadas para o segmento de Granéis Sólidos de Exportação, PAR32 (6.651 m²), para Carga Geral, e PAR 50 (85.392 m²), de Granéis Líquidos.
Juntas, os espaços preveem um investimento de cerca de R$ 1,05 bilhão. “Foi mais um dia de trabalho produtivo, no qual a gente pôde mostrar para o mundo árabe, para o Oriente Médio, as oportunidades de investimento nos portos do Paraná”, comentou Garcia.
“Finalizamos mais uma rodada de sobre a infraestrutura do Paraná, apresentando os nossos projetos. Já tratamos aqui dos modais rodoviários, aéreos e ferroviários. Agora, trouxemos, também, um pouco sobre as operações portuárias”, complementou o secretário de Estado da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.
Os mercados árabes, em especial dos Emirados Árabes Unidos, são importantes para a economia do Brasil. Os Portos do Paraná são portas de entrada e saída para produtos da indústria e do agronegócio nacionais.
Segundo dados do Ministério da Economia (ComexStat), em geral, neste ano (de janeiro a agosto), pelos portos do Paraná foram exportados pouco mais de 130 mil toneladas e mais de US$ 167,3 milhões (dólares) em produtos para os Emirados Árabes Unidos. Foram 42 tipos de produtos diferentes, sendo os principais frango (US$ 119.483.225, quase 73 mil toneladas) e celulose (US$ 32.624.554, e cerca de 46,7 mil toneladas), além de outros alimentos congelados, outras carnes (bovina e suína) e madeira.
Na importação, de janeiro a agosto, já foram quase 242 mil toneladas e US$ 130,5 milhões em produtos dos Emirados Árabes Unidos. Foram 17 tipos de produtos diferentes, sendo os principais os derivados de petróleo (US$ 110.054.113 e quase 196 mil toneladas) e os fertilizantes (US$ 16.390.354 e cerca de 44 mil toneladas). Além desses, também se destacaram as importações de alumínio e polímeros de etileno.
PORTO GUARÁ – Diretora de desenvolvimento do projeto, Xênia Karina Arnt apresentou aos árabes a proposta de implantação de um novo complexo portuário privado na Baía de Paranaguá, em fase de licenciamento ambiental. Serão investidos R$ 4,1 bilhões na construção do terminal, para movimentação de 31,5 milhões de toneladas/ano de grãos, líquidos e containers. A previsão para início das obras é para o segundo semestre de 2022, em uma área de 2 milhões de metros quadrados, com início da operação programado para 2025. O empreendimento é conduzido pelo Grupo Far e Grupo Novo Oriente Participações.
“As reuniões foram muito positivas. Tivemos a oportunidade de mostrar que o Porto Guará está voltado ao atendimento da logística da agroindústria e do agronegócio, focando principalmente no mercado asiático. O empreendimento possibilitará a criação do corredor Brasil/Asia, com eficiência, competitividade e segurança”, destacou a diretora.
BALANÇO – Segundo o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, as reuniões abriram as portas do Estado. “São fundos fortes, com regras rígidas para investimento. É uma conversa inicial, que pode prosperar. Mostramos a marca Paraná e eles gostaram bastante do que viram”, disse.
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