A certificação da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), que reconhece o Paraná como área livre da aftosa sem vacinação, merece todas as comemorações possíveis. Trata-se de uma conquista histórica, que vem sendo perseguida há décadas e que foi alcançada pela união de esforços do poder público e dos produtores.
O selo que qualidade que representa este reconhecimento coloca o Paraná em um novo patamar no mercado global de carnes, com possibilidade de disputar espaço entre os consumidores mais exigentes do Planeta e que pagam mais pela qualidade, como Japão, Coreia do Sul, União Europeia, Chile e México.
O resultado disso poderá, em breve, ser contado em bilhões de dólares em exportações e abertura de milhares de oportunidades de emprego e renda em diversas regiões do interior paranaense. Trata-se de um novo impulso para o agronegócio do Paraná, um setor que já é modelo para o Brasil e o mundo.
Num primeiro momento, o reconhecimento deverá gerar os primeiros impactos positivos no comércio de suínos e bovinos, mas é certo afirmar que o benefício alcançará a produção leiteira, a piscicultura e fortalecerá ainda mais a avicultura paranaense, que hoje é responsável por um terço da produção nacional e por 40,9% da exportação brasileira. Especialistas no mercado de carnes e produtores de suínos enxergam a possibilidade de dobrar a exportação a curto prazo.
Atualmente o Paraná responde por 22,3% da produção de carne do Brasil. Somando o frango, porco e o boi são aproximadamente 6 milhões de toneladas, conforme os números de 2020. O volume é expressivo, mas as carnes suína e bovina não tinham espaço para concorrer em quase um terço do mercado internacional em razão do status sanitário. Agora isso muda.
Temos muito a festejar, mas certamente aumentam as responsabilidades pela manutenção do novo status. Felizmente, o Paraná de hoje conta com uma estrutura adequada de fiscalização e estímulo à sanidade animal. A criação da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), há uma década, possibilitou acelerar o processo de reconhecimento pela OIE.
De outra parte, o engajamento dos produtores, dos frigoríficos e das cooperativas teve papel fundamental nesta conquista. A febre aftosa não é registrada em nosso Estado desde 2006 em razão da seriedade com que a cadeia da proteína animal passou a tratar do assunto. É louvável o esforço para manter os rebanhos saudáveis. Entre 2007 e 2018 o índice de vacinação ficou acima de 96%, com picos de até 99%.
Hoje, o nosso Estado é o primeiro produtor de carne de frango do Brasil (33%) e segundo maior produtor de carne suína (21%). Além disso, é líder em piscicultura e fica na vice-liderança na produção de leite (13,6%) e ovos (9%). O rebanho bovino conta 9,3 milhões de cabeças, sendo que 2,5 milhões são matrizes de corte.
Todo este acervo faz com que as indústrias olhem o Paraná de forma diferenciada e programem novos investimentos no processamento da proteína animal. De acordo com informações do governo estadual, cerca de R$ 7,5 bilhões serão aplicados no Estado até 2030 para ampliar a industrialização de carnes e derivados.
O fato concreto é que o Paraná ganha destaque no mapa mundi do comércio internacional, e demonstra plena capacidade de avançar e de se modernizar quando há esforço conjunto para a melhoria das condições socioeconômicas. Que este exemplo de dedicação coletiva estimule novas iniciativas para que deixemos para as futuras gerações o legado de um Estado ainda mais próspero.
Luiz Claudio Romanelli, advogado e especialista em gestão urbana, é deputado estadual e vice-presidente do PSB do Paraná.
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