A preocupação com a pandemia imposta pelo novo coronavírus fez com que se elevassem os casos de transtornos de saúde mental na população. Tanto pela situação atípica, quanto pelo impacto que a doença tem gerado nas famílias e nos profissionais de saúde. Por isso, este foi um dos temas abordados na décima reunião da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná, que aconteceu na manhã desta quarta-feira (02), por videoconferência, e com transmissão pela TV Assembleia, nos canais 10.2 em TV Aberta e 16 pela Claro/Net, e redes sociais do Legislativo. “É um tema muito pertinente neste momento em que as pessoas estão trancadas em casa e com medo do que vem pela frente”, afirmou o coordenador do grupo, o deputado Michele Caputo (PSDB).
Ao enumerar algumas consequências psicológicas da pandemia, Osvaldo Tchaikovski Junior, diretor do hospital psiquiátrico Adauto Botelho, lembrou da elevação nos números de violência, nos divórcios, perdas das relações familiares, medo de adoecer, de perder alguém e os problemas econômicos, como desemprego, que geram danos à saúde mental. “O tema é fundamental, porque estamos no Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. Para se ter uma ideia, para cada caso de suicídio, pesquisas apontam que houve 20 tentativas”, afirmou. Ele defendeu o desenvolvimento de políticas de saúde mental, que podem ter consequências para muito além da pandemia. “Isso vale para o pós-pandemia. Incluindo a população e os profissionais de saúde”.
Enquanto apenas 2% dos orçamentos da área da saúde são para a saúde mental, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o psicólogo Fernando Garcia, também demonstrou preocupação com o desdobramento que se dará no pós-pandemia. Ele questionou sobre “o que a gente pode aprender com tudo isso?". “Na China, segundo a OMS, 50% das pessoas tiveram depressão após a pandemia. Falo da população e dos profissionais de saúde. O desemprego é um desencadeador. A saúde mental se faz de forma integrada. Acesso a medicamentos, atividades físicas, escola, trabalho. Tudo se reflete na saúde mental”, alertou.
No Paraná, segundo o psicólogo, diversas secretarias municipais de saúde oferecem atendimento psicológico on-line de graça para a população. “Isso pode se tornar uma política pública permanente ampliada para todo o estado", sugeriu.
Fernando Garcia lembrou a importância do olhar sobre o desgaste mental dos profissionais de saúde e de seus familiares e aproveitou para propor um desafio: como levar saúde mental de qualidade às minorias?
Saúde mental se faz também com espiritualidade. Igrejas unidas em ações de fé e solidariedade – Falando como pastor evangélico e não como deputado, Alexandre Amaro (Republicanos), leu citações bíblicas para ilustrar o momento pelo qual passa a humanidade. “Quando nós olhamos à luz da Bíblia, percebemos que o que está ocorrendo pode ser encontrado nas Escrituras. E isso tem afetado de forma negativa as pessoas. Até mesmo pelo fato de as igrejas terem ficado fechadas, dificultando o convívio e limitando os atendimentos pastorais”, observou.
O parlamentar também comemorou a aprovação do projeto de lei que tornou os templos serviços essenciais no Paraná e o fato do Governo reconhecer a importância das igrejas, utilizando-as como pontos de distribuição do cartão Comida Boa. Ele terminou a fala ressaltando que a fé e a união das igrejas, não importando a denominação, são essenciais nesse momento.
Padre José Aparecido Pinto, diretor-geral da Ação Social do Paraná, concordou. “Precisamos reconhecer que temos um Deus que cuida de nós. Por aqui, trazemos palavras de conforto e também atuamos com ações de solidariedade”. Ele também recorreu à Bíblia, remetendo ao livro de Apocalipse. “Eis que faço novas todas as coisas. Precisamos crer que há uma nova vida após esta existência. E o papel das igrejas é mostrar esse Deus às famílias oferecendo o conforto que elas precisam”.
Para o deputado Subtenente Everton (PSL), “O que se fala do pós-pandemia já estamos vivendo. As pessoas estão com a saúde mental abalada. Psicologia e solidariedade caminham juntas. Temos que melhorar as duas coisas”.
Impactos da pandemia no turismo e alternativas – A retomada da economia no setor do turismo também foi tema da reunião da Frente Parlamentar.
Marcelo Silva, guia de turismo de Foz do Iguaçu, contou a experiência que tem tido nesses cinco meses sem condições de trabalho. Sem perder a esperança de dias melhores, relatou que a pandemia afetou não apenas a sua saúde financeira, mas também a mental. “Estou me virando como posso para garantir o sustento da minha família, porque, mesmo depois da reabertura das Cataratas, 98% dos turistas ainda não retornaram. Ainda não houve a retomada. Nós, guias de turismo profissionais, aguardamos a abertura das fronteiras para a verdadeira retomada”, disse.
A mesma opinião do deputado Soldado Fruet (PROS), que voltou a pedir uma ajuda financeira por parte do Governo do Estado para os trabalhadores autônomos do setor de turismo. "As três fronteiras precisam ser reabertas com urgência. Quase cem por cento dos guias aqui de Foz estão desassistidos. Muitos até passando fome. Os governos precisam se mobilizar”.
A deputada Luciana Rafagnin (PT) acha que a própria Frente Parlamentar pode contribuir para isso. “Precisamos nos unir nessa luta com propostas que sejam eficazes para garantir a sobrevivência dos guias de turismo”.
João Jacob Mehl, diretor-presidente da Paraná Turismo, comentou que nestes cinco meses, a autarquia deixou a função de promotora de turismo para atuar na assistência social. Uma forma de contribuir com os empresários e com os representantes do setor. Mas ele deu uma boa notícia aos participantes da reunião. “Este feriado que vem pela frente, nos anima. Entrei em contato com alguns hotéis aqui do estado e soube que estão lotados, seguindo todos os protocolos sanitários “.
O setor trabalha duro para garantir segurança aos turistas. Governo, iniciativa privada e Secretaria da Fazenda incentivam a regionalização do turismo, que tinha números muito animadores em 2019 e começo de 2020.
O diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin, disse que, após cinco meses de confinamento, a tendência é que a população queira viajar. E para incentivar o turismo regional, há um grande programa sendo elaborado. “Pretendemos utilizar recursos do Nota Paraná no turismo com R$ 10 milhões já de início, que deveriam ir para os sorteios, mas indo para os incentivos ao turismo no estado. Vamos entregar o dinheiro na mão da população para incrementar o turismo”, adiantou.
Se o perfil do turista mudou, o setor precisa se adaptar a essas transformações. Atualmente, quem visita um ponto turístico, observa se há preocupação com a sustentabilidade e aproveita para usar a tecnologia para relatar a experiência no local. Ele não viaja apenas para contemplar. E com a pandemia, hoje tem mais um diferencial: esse turista procura lugares que ofereçam segurança sanitária também. “Por isso, estamos capacitando os municípios para esse novo momento. Seguindo as orientações do Ministério do Turismo sobre os protocolos sanitários. Um turismo regional pé no chão”, destacou Aldo César Carvalho, diretor de Marketing da Paraná Turismo.
FONTE: ALEP
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