Mais uma área importante: Cultura. Há projetos que identifiquem bem o governo Ratinho Junior? A secretaria de Cultura, hoje, faz parte da Comunicação. Como vocês entendem o fenômeno cultural e quais os principais alvos?
Iniciamos com a Luciana Pereira como superintendente de Cultura, que se licenciou e reassumiu recentemente a pasta. Nosso objetivo é descentralizar a Cultura, compreendemos que nesse momento de pandemia os agentes de Cultura são muito penalizados, precisamos encontrar por meio da economia criativa outras formas de irrigar o sistema cultural com recursos. Junto ao governo federal, buscamos canalizar via leis de incentivo os bons projetos que temos no interior. Infelizmente não podemos pulverizar tanto, então precisam ser bem escolhidos para atender a capital e o interior.
Nossa orientação é a de que o Estado seja um captador consistente, gerenciando os recursos para que tenhamos uma agenda cultural mais forte em todo o Paraná. Não é uma crítica, mas a Cultura sempre vinha sendo concentrada em Curitiba. A maioria das captações de recursos são nos grandes centros, também por falta de informação e devido ao olhar do governo.
E em relação à Educação? Uma das universidades mais respeitadas do Estado, a Estadual de Ponta Grossa, está com problemas de contratação de professores…
Estamos organizando o sistema das universidades estaduais. Elas são ativos muito importantes do Paraná, têm um legado muito forte e ajudam a desenvolver as regiões do Estado. Mas ao contrário de SP, SC e RS, o impacto orçamentário e investimento é muito considerável. Em outros estados, o ensino superior é federalizado. É uma ampla discussão a esse respeito, antiga, mas o que o governador nos solicitou é que tenhamos uma equidade entre as universidades. Não podemos ter Maringá com uma condição, Londrina com outra, Ponta Grossa e assim por diante. É preciso padronizar as sete.
Também não podemos permitir turmas de dez, doze alunos que tenham vinte professores doutores, por exemplo. Temos que fortalecer as universidades, alterar um pouco a compreensão sobre elas. Estamos elaborando uma Lei Geral das Universidades que vai criar critérios de gastos e eficiência para um planejamento a médio e longo prazo. Em nenhum momento fizemos cortes drásticos, apenas colocamos um teto de gastos. As demandas são imensas e não há caixa que dê conta se não houver esse controle.
BOAS INICIATIVAS
Também precisamos nos apropriar das boas iniciativas que a universidade produz, que ainda é distante da realidade do Estado. As universidades produzem Ciência e têm que devolver à sociedade desenvolvimento, patentes, tecnologias e novas possibilidades, mas também podem emprestar ao governo seus talentos humanos, boas práticas e pesquisas maravilhosas que lá são produzidas. Estamos azeitando essa simbiose com os reitores para buscar soluções, de forma bastante colaborativa.
Falando um pouco sobre o homem Guto Silva, o que você pensa sobre justiça social? Nesse momento de polarização forte entre a presidência da República e os chamados movimentos democráticos…
Boa pergunta (risos). Somos frutos de um momento político muito específico do país. Acredito que a geração das Diretas Já e da redemocratização, da qual pertence grande parte da elite política e pensante do país, está mudando de personagens e de roupa. O movimento já está se esgotando, foi um momento importante do país, mas que se interrompeu com a eleição do Bolsonaro. Acho que isso é inegável, estamos num novo padrão. Que é de negação de muitas coisas, tem uma agenda muito particular em relação aos costumes e à economia.
SOCIAL DEMOCRACIA
O que temos discutido com o Ratinho Junior é encontrar um caminho para o Paraná em que nós acreditamos que, coincidentemente, está muito alinhado com o espírito de social democracia do nosso partido, o PSD. Fazendo uma reflexão muito sincera. Acreditamos na social democracia, na livre iniciativa, na pujança econômica, que em algumas áreas o Estado deve interferir menos, para gerar mais riqueza, mas por outro lado temos a plena compreensão de que as ações sociais precisam de atenção do Estado, pelo perfil de desigualdade brasileiro que também é visto no Paraná.
Somos um Estado rico, sim, próspero, mas que apresenta desigualdades. Queremos promover a igualdade de oportunidades e devolver a dignidade das pessoas. Então nesse sentido, nós tentamos conciliar esses “dois mundos”. Achamos que eles possam conversar, o governo, o setor produtivo e os mais vulneráveis. E na pandemia isso ficou evidente. As primeiras ações da roda da economia esmagam o mais pobre: ele não fica nem embaixo da roda, ele é esmagado por ela.
FONTE: Aroldo Murá
0 Comments:
O que você achou desta matéria???