Os peçonhentos são animais que têm a capacidade de injetar substâncias tóxicas pelas suas presas. Já os venenosos são aqueles que causam envenenamento passivo por ingestão ou contato, como as lagartas ou taturanas, os sapos e peixes, como o baiacu. Isso ocorre como forma de caça ou ainda de defesa em relação a algum predador. Quando um animal se sente ameaçado, ele pode se defender do predador ou ameaça usando o veneno. A quantidade, e a variedade, de animais que tem veneno é grande, tais como: as serpentes, aranhas, escorpiões, lagarta, abelhas, peixes, arraias, águas vivas e caravelas.
Em média a Divisão de Vigilância de Zoonoses e Intoxicações (DVZI) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) regista, anualmente, em torno de 17 mil acidentes com animais venenosos e peçonhentos. São notificações de picadas com ou sem gravidade que passaram pelo sistema de saúde. Em 2019, o total contabilizado foi de 17.074 registros. O chefe da DVZI, biólogo Emanuel Marques da Silva, relata como é a ocorrência no Estado. “Nos períodos mais quentes do ano, que coincide com as férias, há um aumento de circulação de pessoas em áreas mais afastadas, como trilhas, parques e atividades ao ar livre, o que aproxima as pessoas do ambiente natural dos animais, como as serpentes, aranhas, e até peixes”, comenta o biólogo.
Além de se deparar com animais em locais de natureza mais exuberante, as próprias residências podem ser ambientes propícios para encontros com estes animais no período de férias. “É bastante comum viajarmos nessa época e deixarmos as casas fechadas. O ambiente fica escuro e sem interferência humana. Dessa forma, os animais saem dos seus locais e percorrem mais livremente as residências. Ao retornar é mais comum encontrá-los em diversos locais de risco para o acidente”, esclarece Emanuel.
Entre os acidentes ocorridos no último ano, 14 pessoas foram a óbito após serem picadas por algum animal peçonhento ou venenoso. Destes, seis mortes foram causadas por serpentes, dois por aranhas e outros seis por abelhas. Para evitar complicações após ser picado, a Sesa orienta procurar atendimento médico logo que perceba a picada. “Nossa indicação é sempre procurar o serviço médico assim que constatar que foi picado. A rapidez no atendimento auxilia na redução da gravidade da ação do veneno e evita danos mais severos ao organismo”, reforça o biólogo.
CUIDADOS PARA NÃO SER UMA VÍTIMA
Os cuidados para evitar acidentes com animais venenosos e peçonhentos dependem do ambiente em qual a pessoa está:
Manter sempre os locais sem lixo, porque atraem insetos e roedores que são alimentos para os peçonhentos. Evitar entulho próximo às residências porque podem se tornar abrigos e proteção para alguns destes animais.
Fechar os possíveis acessos para os animais, tapando frestas e buracos no entorno e no interior das residências, colocando telas e protetores nas portas e janelas.
O chefe da DVZI lembra que eliminar o essencial para a vida dos animais é a melhor proteção. "Na prevenção devemos considerar que os seres vivos necessitam de 4As para sobreviver: Água, Alimento, Abrigo e Acesso. Quando alteramos pelo menos um destes fatores, causamos forte impacto no ciclo biológico destes animais que, com certeza, irão procurar outro local para morar ou morrem pela ausência de algum deles, como por exemplo, fome.”
Outra dica é quando entrar em uma residência ou local que esteve fechado por muito tempo, fazer uma varredura e limpeza, observando atentamente e com atenção os cantos e móveis para evitar as aranhas, tirar teias e eventualmente encontrar outros animais.
MAR – Caravelas e águas-vivas podem fazer a pessoa sentir muita dor e deixar marcas após o contato com o animal. Caso a pessoa tenha contato com águas-vivas ou caravelas, ela deve procurar atendimento médico com urgência, pedindo a ajuda de um guarda-vidas mais próximo para passar vinagre no local e avaliar a gravidade. Não esfregar a região atingida e nunca passar água doce ou outra substância.
ÁGUA DOCE (RIOS E LAGOS) – Prática comum no período de férias é a pesca e atividades de lazer em rios e nesse ambiente o cuidado com acidentes envolvendo animais também deve ser mantido. Os peixes bagres e as arraias são venenosos e causadores frequentes de acidentes na água doce. O veneno desses animais causa dor local e pode gerar feridas de difícil cicatrização. Se ocorrer algum acidente, banhe ou mergulhe a parte do corpo atingida em água quente por 30 a 90 minutos e procure uma unidade de saúde com urgência.
TRILHAS – Utilizar calçados fechados com cano alto ou perneiras para proteger as pernas. Para evitar picadas de aranhas, serpentes ou outros animais, não colocar as mãos em buracos, mexer em troncos ou pedras diretamente com as mãos sem proteção de luvas ou algum objeto que mantenha distância segura, tais como uma vara ou galho.
CASAS – Vedar ralos, frestas, buracos e soleiras de portas e janelas. Afastar as camas e berços das paredes, evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem no chão. Sacudir e verificar roupas e sapatos antes de usá-los.
JARDINS E QUINTAIS – Mantenha os jardins e quintais limpos. Evitar folhagens densas junto a paredes e muros das casas e manter a grama aparada. Para evitar contato com lagartas, deve-se tomar cuidado ao encostar em troncos de árvores e plantas no jardim. Usar luvas ao manusear e limpar os quintais e jardins.
VIGILÂNCIA – Caso encontre algum destes animais em sua residência, é importante acionar o serviço de saúde de seu município, que indicará como proceder para coleta ou captura para identificação da espécie e risco da gravidade dos acidentes. Se ocorrer acidente, a pessoa deve buscar imediatamente o atendimento médico mais próximo e, se possível, levar o animal causador ou uma foto. Para esclarecer dúvidas sobre os acidentes, o Centro de Controle de Envenenamentos do Paraná está à disposição no telefone 0800-41-0148.
O Corpo de Bombeiros divulgou que entre os dias 16 de dezembro de 2019 e 13 de janeiro de 2020 há registro de 2.955 acidentes com águas-vivas. Já o número de acidentes registrados pela Sesa com águas-vivas, caravelas, bagres, arrais, sapos, formigas e mariposas em 2019 foi de 541 ocorrências. A diferença da quantidade de acidentes registrados pelo Corpo de Bombeiros e a Sesa acontece porque os números da secretaria informam o de pessoas que passaram por algum dos serviços de saúde, enquanto o referente ao do Corpo de Bombeiros é de todos os atendimentos.
FONTE: SESA
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