Quatro questões marcaram o legislativo na semana que
merecem registro e mostram que o trabalho parlamentar não se restringe
ao debate e voto de matérias e requerimentos pautados na ordem do dia
das sessões em plenário. É mais um exemplo que a
função legislativa é ampla e toma conta de todos os dias da semana.
Quem nos acompanha de perto, sabe do que estou falando.
Nesta última semana, tivemos a audiência pública sobre o
acordo de leniência promovido pelo MPF e a Rodonorte; a exposição do
reitor da UFPR, Ricardo Fonseca, sobre o corte de 30% das verbas nas
universidades federais; a decisão do TJ que liberou
novamente a venda de cerveja nos estádios; e a sessão que marcou os
quatro anos do programa Nota Paraná.
São ‘eventos’ que mostram um parlamento vivo e atinado
com as pautas do momento, reverberando questões de interesse e que vão
impactar, de alguma forma, no dia a dia da sociedade. Os debates
ganharam repercussão e algumas respostas foram dadas
e recebidas. Isso é importante e faz parte do processo democrático.
A audiência pública sobre o acordo entre o Ministério
Público Federal e a Rodonorte teve a participação expressiva de
deputados e interessados. Embora seja um acordo histórico porque trouxe
para mesa de negociação, uma concessionária de pedágio.
Por outro lado, deixou obras importantes para serem discutidas em ações
judiciais que nós sabemos que nunca conseguiremos vencê-las.
Eu entendo que na hora que se faz o acordo de leniência é
o melhor momento para negociar. Mas não foi isso que aconteceu. O valor
acordado acabou sendo muito reduzido considerando o número de obras que
são necessárias para fazer cumprir o contrato
original que não está sendo cumprido.
O que pedimos através dessa audiência é que o próprio MPF
faça a revisão do acordo e inclua as obras de duplicação das rodovias,
como a BR-376, a Rodovia do Café, obra fundamental, estruturante para do
Paraná. Essa rodovia tem que ser duplicada
e o momento é agora .
Essa cobrança é pertinente porque calcula-se um prejuízo
de mais R$ 2,5 bilhões ao Paraná pela falta das obras não realizada.
Pelo acordo, o valor chegou a R$ 700 milhões – R$ 350 milhões em redução
de 30% da tarifa por ano – apesar de recente
majoração – e R$ 350 milhões em obras. Esse acordo ficou muito aquém e
deveria prever que a concessionária cumprisse integralmente o contrato
original, ou seja, executar as obras de duplicação das rodovias.
A exposição do reitor Ricardo Siqueira foi importante
porque atentou sobre os cortes das verbas nas universidades e institutos
federais no Paraná. Esse montante passa de R$ 120 milhões contando a
UFPR, a UTFPR, IFPR e a Unila – as quatro instituições
de ensino que atendem mais de 100 mil estudantes no Estado e que podem
ter suas atividades paralisadas já em agosto se essa medida do governo
federal não for revertida.
A Universidade Federal do Paraná, institutos e as outras
universidades são patrimônios do povo paranaense e o contingenciamento
dos recursos coloca em risco a continuidade das atividades não só na
área do ensino e pesquisa, mas também do atendimento
à população através, por exemplo, pelos hospitais universitários e
outros programas e projetos de extensão.
Pela Assembleia Legislativa, nós fizemos um documento
encaminhado ao presidente Jair Bolsonaro, ao ministro Abraham Weintraub
(Educação) e a todas as autoridades do país para que efetivamente retome
o diálogo e a negociação com as universidades
federais e se promova efetivamente o repasse para que não haja a
descontinuidade das prestações dos serviços. Esse é o trabalho do
parlamento, trazer a discussão para dentro da Casa e indicar possíveis
soluções.
Também considero importante a decisão do Tribunal de
Justiça do Paraná pela retomada da venda de cerveja e chope nos estádios
e praças esportivas. Por maioria de votos (18 a 4), o TJ considerou
constitucional a nossa lei estadual 19.128/2017
que regulamenta a venda e o consumo desse tipo de bebida nos estádios
paranaenses.
A decisão foi tomada na segunda-feira, 20, e na
quarta-feira, 22, assisti ao jogo do Athlético Paranaense e o River
Plate. Com a cerveja e o chope liberados, tudo transcorreu de forma
tranquila. O Athlético venceu por 1 a 0 e cabia pelo menos
mais dois gols.
Mas o importante é que a decisão do Tribunal de Justiça
se mostrou correta, entendeu pela constitucionalidade da lei aprovada no
Paraná. Quem quiser beber sua cerveja durante a partida de futebol,
pode beber tranquilamente. Eu, por exemplo, não
bebo, mas nós vivemos em uma democracia e não podemos ficar ditando
norma de conduta para nenhuma outra pessoa.
A liberação da cerveja é isso. Agora tem uma legislação
que também fortalece a indústria da cerveja no Estado. Cerca de 25% da
cerveja vendidas nos estádios devem ser artesanal, fortalecendo as
cervejarias estaduais. Além disso, traz segurança
jurídica para novos investimentos e vai fomentar os negócios na capital
e no interior.
A Assembleia Legislativa uma sessão especial que marcou
os quatro anos do Nota Paraná, outro exemplo que o ajuste fiscal deu
certo no Estado. Estamos perto de atingir a marca histórica de R$ 1,5
bilhão em dinheiro devolvido aos participantes.
Os números são grandiosos. Desde que foi implantado em
2015, já são mais de 20 milhões de CPFs diferentes nas notas fiscais e
2,5 milhões de cadastros. Foram emitidas mais de mais de um milhão de
notas fiscais (apenas as consideradas válidas
para o programa) por mais de 171 mil empresas participantes, num total
de 256.162 em todo o Estado. Além disso, o programa permite a
participação de entidades sociais. Das mais de 1.300 cadastradas, elas
já receberam R$ 127 milhões.
O sucesso do Nota Paraná é fruto do povo paranaense que
acreditou no programa e representa ainda o crescimento da receita do
Estado. Mesmo neste momento de crise pelo qual passa o país, a economia
do Paraná continua a crescer. O Nota Paraná é
também um gerador de empregos e um sucesso absoluto. Mudou a cultura do
contribuinte que passou a solicitar o CPF na nota fiscal, garantindo o
retorno de uma parcela do imposto e auxiliando no combate à sonegação.
Luiz Claudio Romanelli, advogado e especialista em gestão urbana, é deputado estadual do PSB no Paraná.
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