O governador do Paraná, Ratinho Júnior, pediu apoio da Itaipu Binacional para projetos estratégicos do Estado. Na pauta, entre outros temas, o corredor bioceânico ligando o Porto de Paranaguá ao de Antofagasta, no Chile, e a manutenção da distribuição dos royalties nos moldes atuais, quando o anexo C do Tratado for revisado.
Os assuntos foram discutidos nesta segunda-feira, 18, num café da manhã que marcou o primeiro encontro do governador com o diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna.
Apaixonado pela ideia de fazer do Paraná um "hub" logístico da América do Sul, o governador Ratinho Jr sonha em criar uma rota bioceânica, que permita ligar o Porto de Paranaguá, no Atlântico, ao de Antofagasta, no Pacífico.
Cargas do Paraná poderiam seguir para o Chile; de lá e de outros países vizinhos poderiam vir mercadorias para abastecer o mercado brasileiro, principalmente, e até para exportar via Atlântico, de acordo com as rotas de interesse dos exportadores.
Na conversa com o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Ratinho Júnior argumentou que o Paraná é o Estado que mais tem condições de implementar o projeto dessa ligação, pela vocação agroeconômica e condição geopolítica. Das dez maiores cooperativas do Brasil, seis estão no Estado, isso sem contar as mais de duzentas micro e pequenas cooperativas, o “que demonstra a pujança do Paraná”, segundo o governador.
“A ideia é consolidar essa vocação do Paraná, aproveitando o potencial logístico e sua capacidade de produção de alimentos. Essa é a nossa principal vantagem”, afirmou.
O general Joaquim Silva e Luna sinalizou a possibilidade de apoio a essa proposta do governador paranaense, mas disse que será preciso dialogar com os vários atores que podem ser envolvidos no projeto, que é de longo prazo.
Royalties
Sobre a questão dos royalties, a partir da revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, em 2023, o diretor-geral brasileiro explicou que foi montado um grupo de trabalho dentro de Itaipu para propor uma solução para esse e outras temas relacionados à negociação com o Paraguai.
O general Joaquim Silva e Luna lembrou ao governador a contribuição que Itaipu já deu e vem dando ao Paraná, desde a criação da Lei dos Royalties, com a distribuição de recursos ao Estado e aos 16 municípios que recebem o benefício (Santa Helena, Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Diamante D’Oeste, Entre Rios do Oeste, Guaíra, Marechal Cândido Rondon, Medianeira, Mercedes, Missal, Pato Bragado, São José das Palmeiras, São Miguel do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu e Terra Roxa, no Paraná, e Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul).
No total, foram pagos mais de 11 bilhões de dólares para o Brasil e o Paraguai. Só os municípios lindeiros receberam 2 bilhões de dólares. O Paraná recebeu outros 2 bilhões de dólares.
Silva e Luna também destacou sua missão de trabalhar a negociação com o país vizinho tornando mais equânimes as assimetrias de Itaipu, levando em consideração os interesses nacionais. “A unidade sul-americana é uma construção permanente, haja vista que nossos vizinhos estarão aí para sempre”, finalizou.
Participaram do encontro, além do governador, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, secretários de Estado e assessores do general Silva e Luna.
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