Cafeicultoras de Carlópolis e Tomazina, no Norte Pioneiro do Paraná,
estão exportando o café especial que produzem na região. A venda das 460
primeiras sacas do produto ao Japão e à Austrália, nos últimos dois
anos, representou aumento na renda das famílias e também mais um passo
do projeto Mulheres do Café, implantado pelo Instituto Paranaense de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) na região.
O café especial rende três vezes mais do que o comum. Uma saca do
grão verde do especial é vendida entre R$ 1,2 mil e R$ 1,5 mil. A
economista doméstica da Emater de Pinhalão, Cíntia Mara Lopes de Souza,
explica que a assistência técnica para as cerca de 250 cafeicultoras da
região envolve desde a escolha do local do plantio até a comercialização
do produto. Onze profissionais da Emater estão envolvidos diretamente
no projeto.
“A exportação é um dos resultados do trabalho que desenvolvemos. O
mercado externo exige qualidade, sendo um desafio para as produtoras da
agricultura familiar”, afirma Cíntia. Além do exterior, o mercado
interno também tem demanda para o café especial produzido pelas mulheres
do Norte Pioneiro. O produto já pode ser encontrado em cafeterias do
Sul do país e de São Paulo.
AGREGAR VALOR – O objetivo do projeto Mulheres do
Café é agregar valor à produção, com um tipo de produto que consegue
valores mais elevados na venda. Com base em um protocolo internacional,
criado pela Associação Americana de Cafés Especiais (SCAA), o produto
deve apresentar pontuação acima de 80.
No processo de produção, os grãos devem passar por uma padronização
na peneira e os que apresentam defeitos são eliminados. A classificação
especial ainda envolve o acréscimo de atributos que dizem respeito aos
sabores identificados, conforme o lote. Alguns sabores podem estar
relacionados a especiarias, chocolate ou frutas e são atribuídos por
especialistas da SCAA, degustadores oficiais e avaliadores da qualidade
(Q-Grader).
TIPO EXPORTAÇÃO – O projeto Mulheres do Café está
presente em 11 municípios do Norte Pioneiro, sendo que dois grupos
começaram a exportar. As produtoras de Carlópolis venderam 260 sacas
para uma empresa japonesa e o grupo Matão, de Tomazina, vendeu 200 sacas
para a Austrália.
A cafeicultora e coordenadora do projeto no município, Rosana de
Azevedo Felet, conta que receberam a visita de compradores japoneses,
gravaram um vídeo de divulgação e venderam as primeiras 260 sacas com
destino ao Oriente. “Ficamos satisfeitas, porque pudemos receber melhor
pelo produto”, afirma.
Em Carlópolis o grupo soma 25 mulheres, que se reúnem com
regularidade com a equipe da Emater. “O técnico da Emater explica
certinho como cuidar da lavoura. Em cada época tem uma reunião
diferente, antes da colheita e depois da colheita, como fazer a poda no
cafeeiro, como adubar. É muito importante o projeto”.
O valor do café especial é recompensado no momento da venda.
Diferente do café comum, que custa cerca de R$ 400 a saca, o especial
chega a ser vendido por até R$ 1,5 mil a saca como ocorreu durante
leilão realizado em Tomazina. As cafeicultoras do Grupo do Matão logo
perceberam que o retorno financeiro surge quando o trabalho pela
excelência do produto surge.
A coordenadora do Grupo do Matão, Maristela Fátima da Silva Souza,
conta que o resultado positivo só foi alcançado pelo trabalho conjunto
das cafeicultoras. “Nosso grupo arregaçou as mangas e partiu para a
coleta seletiva para fazer um café de qualidade. Vencemos em três
categorias em concurso de café de qualidade realizado no Paraná. A
empresa exportadora veio no leilão e arrematou os lotes para exportar
para a Austrália, com valor bem acima do normal”.
No ano passado, a empresa exportadora voltou a comprar café especial
do Grupo do Matão, que oferece produtos com atributos diversos, como
acidez cítrica, adocicado, gosto de fruta, mel e chocolate. Além das 200
sacas já vendidas à Austrália, a perspectiva para 2019 é positiva para a
exportação.
“A renda do café mantém as famílias de cada uma das 23 cafeicultoras
que compõem o Grupo do Matão. É característica deste grupo de Tomazina o
processo essencialmente manual e que exige mais tempo nos estágios de
produção”, explica Maristela.
FONTE: Agência Estadual de Notícias
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