O olhar para o café commodity paranaense nos últimos anos - na grande
maioria das vezes - está associado à dificuldade de produção e também
baixa rentabilidade para os produtores que permaneceram firmes na
cultura. Por outro lado, para aqueles cafeicultores que enveredaram para
a produção de cafés especiais - lotes menores e características como
fragrância, uniformidade, sabor, corpo, finalização e harmonia - o
mercado está em pleno vapor, com uma busca intensa por parte das
importadoras e cafeterias especializadas.
Toda essa movimentação é confirmada pela Associação Brasileira de
Cafés Especiais (BSCA), que em pesquisa projeta crescimento de 19% no
mercado de cafés gourmets no Brasil até o final de 2018. Uma demanda
"tsunami", intensa, uma onda que não para de crescer. Entre cafés em
grãos, torrado, moído e em cápsulas, a BSCA espera vendas equivalentes a
705 mil sacas e movimento no varejo de R$ 2,6 bilhões, montante 23%
maior do que em 2017. O estudo foi feito pela consultoria Euromonitor e
aponta uma tendência de ascensão do consumo de café nos últimos anos.
Segundo os dados levantados, o mercado totalizou 490 mil sacas vendidas
em 2016, representando avanço de 25% em relação a 2015. Também naquele
ano, o varejo movimentou cifras aproximadas de R$ 1,7 bilhão, quase 30%
mais que em 2015.
No Paraná, a expectativa é que o café commodity para o ano safra 2018
atinja uma produção de 1 milhão a 1,1 milhão de sacas de 60 quilos, o
que corresponde uma produtividade média entre de 26,7 e 29,4 sacas por
hectare. Deste total, em torno de 5% é referente a cafés especiais. Ou
seja, existe um enorme potencial a ser explorado em diversas regiões do
Estado.
Quem já faz, digamos, o dever de casa é o Norte Pioneiro, que possui
inclusive a certificação de Indicação Geográfica (IG), fundamental para a
conquista de novos mercados quando o assunto são cafés especiais. A
Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp) e a
Cooperativa de Cafés Especiais e Certificados do Norte Pioneiro do
Paraná (Cocenpp) estão em 45 municípios e contam com a participação
ativa de aproximadamente 300 produtores. As principais cidades são
Jacarezinho, Ribeirão Claro, Carlópolis, Ibaiti, Abatiá, Joaquim Távora,
Pinhalão, Santo Antônio da Platina, que produzem um café especial de
corpo médio, doce, com acidez média e notas de chocolate e caramelo.
O engenheiro agrônomo da Emater em Carlópolis, Otávio Oliveira da Luz,
atua diretamente com os produtores de cafés especiais. Ele confirma toda
a movimentação em cima do produto da região nos últimos anos, e dá
destaque para o trabalho das mulheres, que ganhou muito espaço. "Temos
um Cup de Mulheres agendado para novembro e tivemos que avisá-las para
segurar alguns lotes dos cafés produzidos para a competição, porque há
muitas cafeterias correndo atrás do produto."
Em relação à qualidade da produção desta safra, ele comenta que o café
commodity não sofreu com a estiagem, mas o especial acabou não atingindo
a qualidade mais alta prevista "A seca prejudicou um pouco a
finalização do café, que estava madurando e poderia ter agregado um
pouco mais de açúcar. Acredito que não teremos grãos excepcionais, com
muita doçura [nesta safra]."
FATURAMENTO
O faturamento bruto da lavoura dos cafés no País em 2018 está estimado
em R$ 24,3 bilhões, sendo R$ 19,6 bilhões para os cafés da espécie
arábica e R$ 4,7 bilhões para os cafés conilon. Se for estabelecido um
ranking desse faturamento para as cinco regiões geográficas brasileiras,
totalizando as duas espécies de café, verifica-se que o Sudeste
desponta em primeiro lugar com R$ 21,6 bilhões, seguida pelo Nordeste
com R$ 1,2 bilhão. A terceira posição fica com o Norte com o faturamento
estimado em R$ 856,9 milhões, em quarto, a Região Sul com R$ 451,5
milhões. Por fim o Centro-Oeste com faturamento estimado em R$ 185,6
milhões.
FONTE: Revista da Cafeicultura com Jornal Folha de Londrina
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