Simplificação da vida dos brasileiros e redução de custos. Esses foram os principais motivos alegados pelo Ministério das Cidades para, neste sábado (17), decidir revogar a resolução 726/ 18 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que tornava obrigatória a realização do curso e prova teóricos para a renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Além de atender às queixas da parte da população que não havia gostado
nem um pouco da exigência, a decisão do ministério aumenta a lista de
resoluções do Contran que não pegaram ao longo dos anos - que inclui desde a revogação da obrigatoriedade do kit de primeiros socorros veicular no fim dos anos 90 a, mais recentemente, a prorrogação contínua da obrigatoriedade de simuladores em autoescolas.
Fora o curso para renovação, pelo menos outras quatro determinações do
órgão também passaram pelo mesmo caminho polêmico até chegar a uma revogação,
suspensão ou sequência de prorrogações. Em outros casos, a
justificativa para voltar atrás já incluiu a dificuldade em promover a
fiscalização adequada, a falta de estudos sobre a implementação da
decisão e, ainda, a pouca instrução do motorista brasileiro para se
adequar às disposições.
Veja a lista das revogações do Contran:
Kit de primeiros socorros
Em janeiro de 1999, entrou em vigor
uma resolução do Contran que previa obrigatoriedade de um kit de
primeiros socorros nos veículos brasileiros. O estojo deveria dois rolos de
ataduras, tesoura com ponta arredondada, dois pares de luvas de procedimento,
rolo de esparadrapo, dois pacotes de gaze e bandagem de algodão.
Estimativas da época calculam que a
regra movimentou um comércio de cerca de R$ 270 milhões -considerando valor
médio de R$ 10 para cada kit. Porém, depois de pressões do Ministério da
Justiça, menos de quatro meses depois a resolução foi revogada pela Câmara dos
Deputados. Os milhões de estojos adquiridos pelos brasileiros perderam a
utilidade.
Extintor de incêndio ABC
O
tipo de extintor de incêndio ABC foi determinado como obrigatório em
todos os veículos a partir de janeiro de 2015. Com os motoristas correndo às
lojas, logo o produto se tornou raridade em várias cidades, o que fez o Contran
estender o prazo para outubro daquele ano.
Enquanto
aguardava o fim do período de compra dos equipamentos, porém, o órgão
finalmente decidiu fazer uma avaliação técnica e consulta aos setores
envolvidos. Depois de reuniões com fabricantes dos equipamentos, Corpo de
Bombeiros e representantes da indústria automobilística, o Contran voltou atrás
e tornou o item facultativo - isso a apenas duas semanas para o fim do prazo.
Na
época, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) chegou
a se posicionar, defendendo que, sem a preparação adequada do consumidor, o
equipamento não seria garantia de segurança. O equipamento continua sendo
obrigatório para todos os veículos utilizados comercialmente para transporte de
passageiros ou cargas.
Cadeirinha em vans escolares
Os veículos de transporte escolar
seriam obrigados a usar cadeirinhas para crianças de até 7 anos e meio a
partir de fevereiro de 2016. Pelo menos foi isso que uma resolução do Contran
exigiu até que, por todo o país, donos e motoristas de vans escolares começaram
a protestar contra a determinação.
Os motoristas alegavam dificuldades
técnicas, econômicas e sociais para a adaptação dos veículos em circulação ao
uso da cadeirinha, além da baixa oferta no mercado de cintos apropriados
para colocação do equipamento.
Com isso, a fiscalização da norma
foi adiada para janeiro de 2017. Mas, em dezembro de 2016, o Contran
voltou atrás e suspendeu a resolução.
Simulador de Direção
A obrigatoriedade do uso de simuladores em escolas de direção se
tornou, principalmente entre 2014 e 2015, um dos assuntos mais
polêmicos envolvendo o trânsito brasileiro. O aparelho simula situações
que poderiam acontecer no dia a dia, como condições do tempo adversas,
chuva ou tempo muito nublado.
Prevista em 2013, a exigência passaria a valer a partir de janeiro de 2014, mas como as autoescolas não conseguiram se adequar - principalmente por causa do custo do equipamento - o Contran decidiu prolongar o prazo, que foi sendo empurrado mês após mês. Mesmo assim, a população não ficou satisfeita.
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