No recesso da Assembleia Legislativa e nos feriados do final
do ano, fiquei uns dias na praia com a família. Aproveitei para relaxar
e também para colocar a leitura em dia. Li e recomendo a leitura do
livro “A Formação de Jovens Violentos – Estudo sobre a Etiologia da
Violência Extrema”, do sociólogo gaúcho Marcos Rolim.
Na obra, ele investiga as raízes da violência urbana e como é
possível que em dois grupos de jovens de idade semelhante, pobres e
criados na mesma região, um grupo vira trabalhador e outro grupo vira
bandido.
Ele entrevistou um grupo de jovens violentos de 16 a 20 anos
que cumpriam pena na Fundação de Atendimento Socioeducativo do Rio
Grande do Sul. E pediu a esses jovens que indicassem um colega de
infância sem ligação com o crime.
Todos os jovens que cumpriam medidas sócio educativas haviam
largado a escola entre 11 e 12 anos e a partir daí, na rua, se
aproximado de grupos de marginais. Já os outros colegas de infância
continuavam estudando.
A conclusão do sociólogo é que a evasão escolar está na raiz
da violência extrema no Brasil e que a prevenção da criminalidade deve
levar em conta a redução da evasão escolar no país.
Motivado pela leitura do livro, procurei por mais dados
sobre a evasão escolar no Brasil e encontrei o boletim Aprendizagem em
foco, da Fundação Unibanco. Descobri que de acordo com o relatório
“Cenário da exclusão escolar no Brasil”, divulgado pelo Fundo das Nações
Unidas pela Infância e Adolescência (Unicef), no ano passado, existem
no país 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora da escola. Desse
total, 57% (1,6 milhão) são jovens entre 15 e 17 anos.
Os dados revelam que a maioria dos estudantes abandona a
escola antes mesmo de completar o ensino fundamental. Dos que ingressam
no ensino médio, um percentual expressivo não consegue avançar e
desiste. Segundo o Censo Escolar 2015, de cada 100 alunos dessa etapa,
12 são reprovados e oito abandonam a escola.
Um levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgado no ano passado, com base
em dados sobre evasão escolar de 2015 revelou que 11,2% dos matriculados
no ensino médio abandonavam os estudos antes de se formarem. Entre os
estados, o Pará tem a maior taxa de abandono, com 16%. O Paraná tem um
dos menores índices, de 9%.
No nosso estado, funciona o Programa de Combate ao Abandono
Escolar, um plano de ação destinado a combater a evasão. Se o estudante
tiver cinco faltas/dias consecutivos ou sete alternados, a escola atua
em conjunto com a rede de proteção à criança e ao adolescente, para
evitar que essas faltas se efetivem como evasão escolar.
Sempre que posso, visito as escolas públicas dos municípios
que represento na Alep. E posso afirmar, sem sombra de dúvida, que
diretores e professores comprometidos fazem toda a diferença. As
melhores escolas são as que investem na aproximação com a comunidade,
têm uma equipe unida e determinada e que faz o acompanhamento dos jovens
problemáticos. É preciso dar voz aos alunos, fazer com que tenham uma
relação de pertencimento e se sintam acolhidos no ambiente escolar.
Não existem receitas prontas para combater a evasão escolar,
assim como não há um modelo para evitar o envolvimento dos jovens que
deixam a escola com a criminalidade.
Mas é certo que os governos precisam oferecer alternativas
que permitam aos jovens permanecer na escola. Acredito que um dos
caminhos é a oferta de cursos profissionalizantes na rede pública e a
busca pelo engajamento dos empresários em programas como o Jovem
Aprendiz.
Ao mesmo tempo, é preciso criar politicas públicas que
permitam a inserção social e profissional de jovens infratores, antes
que voltem as ruas e se tornem marginais profissionais.
Boa Semana! Paz e Bem!
*Luiz Cláudio Romanelli, advogado e
especialista em gestão urbana, ex-secretário da Habitação, ex-presidente
da Cohapar, e ex-secretário do Trabalho, é deputado pelo PSB e líder do
governo na Assembleia Legislativa do Paraná.
MUITA GENTE PRECISARIA LER ISTO!
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