Em pleno século 21, o município de Jundiaí do Sul não possui sequer
um metro de rede de esgoto. Além dos graves problemas ambientais, os
moradores também sofrem com os sérios riscos à saúde por conta da
exposição do material poluente de responsabilidade da Sanepar, que,
desde 1989 detém a concessão para exploração dos serviços de saneamento
básico na cidade, mas até agora nada investiu na captação e tratamento
dos efluentes residenciais.
É o caso do produtor rural José Augusto Lourenço, 40, que há um ano e
meio convive com a situação e, mesmo denunciando o problema aos órgãos
competentes não vê solução para o vazamento do esgoto de 19 casas
populares em sua chácara, na Vila das Flores, problema que acabou com
sua criação de peixes e obrigou sua mulher e dois filhos a se mudarem do
local. “Perdi minha fonte de renda, e o convívio diário com minha
família”, lamenta.
Lourenço explica que como em toda a cidade, a Vila das Flores também
não possui rede de esgoto, e que o material das fossas sépticas
armazenado em duas caixas com capacidade de 15 mil litros, cada, que
deveria ser coletado diariamente pela prefeitura chega a se acumular
durante dias. “Antigamente, o esgoto corria a céu aberto até chegar ao
Ribeirão Jundiaí, o que motivou uma denúncia contra a prefeitura e,
consequentemente a compra de um pedaço da minha propriedade para a
instalação dos reservatórios. No entanto, os tanques não são esgotados
da maneira correta, e por conta disso, todos os dias um rio de esgoto
corta a minha chácara e deságua na represa onde até pouco tempo eu
criava peixes como meio de sustento a minha família. Já tentei de tudo
para solucionar o problema, mas infelizmente ninguém fez nada até hoje”,
lamenta.
O drama é generalizado, segundo os moradores. O Município não
consegue atender a todos os habitantes da zona urbana, com isso, é comum
os vazamentos em toda cidade. A comunidade estranha que a Sanepar,
quase três décadas depois de assinar contrato de exploração da rede de
saneamento, até agora nada investiu na coleta e tratamento de esgoto.
“Depois de muita luta, consegui, na minha administração, que a Sanepar
fizesse o projeto da rede e tratamento de esgoto, que custou R$ 650 mil.
Depois que saí da prefeitura ficou tudo parado”, conta o ex-prefeito
Márcio Leandro Domingues, o Marcinho do Saleto, lamentando a situação.
Fiscalização
Na manhã de quarta-feira (22), uma equipe da Polícia Ambiental esteve
na chácara do produtor e registrou a ocorrência. De acordo com o
comandante da PA na região, subtenente Claudio Henrique Cavazzani, o
caso será levado ao conhecimento do Grupo Especializado na Proteção ao
Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria),
braço do Ministério Público Estadual (MP-PR), responsável pela Ação
Civil Pública movida contra o município na gestão anterior em função do
problema denunciado pelos moradores da Vila das Flores.
Outro lado
O prefeito Eclair Rauen (DEM) reconhece as reclamações do produtor
rural José Augusto Lourenço. Ele informou que sua equipe está empenhada
para solucionar o problema junto à Sanepar, e que a situação dos
moradores da Vila das Flores deve ser resolvida no primeiro semestre de
2018.
“Estou na Sanepar, em Curitiba, tratando justamente deste assunto. O
problema é antigo, porém, não podemos mais continuar convivendo com esta
situação. Trata-se de danos graves à saúde da população e ao meio
ambiente”, salienta. “Existe um projeto pronto para a instalação da rede
de esgoto no município, e as questões para a execução das obras estão
sendo tratadas. Em relação à situação na Vila das Flores, está prevista a
instalação de um sistema de tratamento de esgoto naquela região que irá
beneficiar cerca de 300 moradores. Além disso, a prefeitura deve
adquirir mais um caminhão limpa fossa no início do ano para amenizar o
problema até que ele seja definitivamente resolvido”, assegura.
FONTE: Jornal Tribuna do Vale
FOTO: Antônio Picolli
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