Mais uma família em luto foi vítima do ‘jogo de empurra’ do poder
público na manhã desta sexta-feira (3), em Santo Antônio da Platina. É o
quinto caso registrado na cidade nos últimos três meses, desta vez no
Parque Jandira.
Parentes da dona de casa Vitalina Rodrigues Penha, de 69 anos, foram
obrigados a ‘velarem’ seu corpo em cima de sua própria cama por mais de
seis horas, e sem qualquer tipo de preparo, porque os agentes funerários
estavam impedidos de recolher o cadáver por falta do atestado de óbito.
Somente no início da tarde, após muita insistência da família, de dois
vereadores que se propuseram a ajudar e da imprensa, a Secretaria
Municipal de Saúde autorizou a retirada do corpo da residência para que
um médico assinasse o documento em sua clínica particular.
De acordo com o filho da vítima, Wagner Batista Penha, 34, sua mãe
estava bem na noite de quinta-feira, quando ele a viu pela última vez.
“Ela estava com uma gripe leve, mas tudo parecia normal. Fiquei com ela
até por volta das 22 horas, quando me despedi e fui embora para a minha
casa”, contou. “Na manhã de hoje (sexta-feira), meu irmão foi até a casa
dela e a chamou, mas ela não respondeu. Pouco depois, uma sobrinha que
também mora na residência abriu a porta, e quando meu irmão entrou no
quarto ele encontrou nossa mãe desacordada, e aparentemente sem vida”,
concluiu.
Valdinei Batista Penha ligou para o Samu, que segundo a família chegou a
casa em poucos minutos. Dona Vitalina, porém, já estava morta. Conforme
os socorristas, o óbito havia ocorrido há aproximadamente duas horas.
A família comunicou a funerária, que em contato com Secretaria Municipal
de Saúde para fazer o recolhimento do corpo foi informada da burocracia
em se atestar mortes de causas naturais na cidade.
Diante da dificuldade, parentes pediram ajuda a alguns vereadores e à
imprensa para obterem a autorização para o recolhimento do corpo de dona
Vitalina. Pouco depois do meio dia, a Secretaria Municipal de Saúde
finalmente permitiu a remoção do cadáver e orientou para que a funerária
o levasse até uma clínica particular, onde o médico atestaria o óbito.
“É muita humilhação! A prefeitura tem a obrigação em primeiro atender a
população, depois eles resolvem o que é certo ou errado. Afinal, o
prefeito e os vereadores foram eleitos para isso”, avalia um vizinho que
pediu para não ser identificado.
Outro lado
A reportagem tentou ouvir o prefeito José da Silva Coelho Neto (PHS), o
professor Zezão, bem como a secretária municipal de Saúde, Ana Cristina
Micó. Os celulares de ambos, no entanto, estavam desligados ou fora da
área de serviço.
A diretora municipal de Saúde, Gislaine Galvão, informou que a última
vez que dona Vitalina recebeu acompanhamento médico oferecido pelo
município foi em 2015. Portanto, neste caso, o serviço de verificação de
óbito deveria ser prestado por um profissional contratado pela família.
“Mesmo assim, encaminhamos o caso ao médico que acompanhou o tratamento
da paciente à época, través da rede municipal de Saúde, que se
prontificou em atestar o óbito”, explicou.
Gislaine reconheceu o problema, e disse que o assunto está sendo
discutido junto à Polícia Civil e à Secretaria Estadual de Segurança
Pública do Paraná (SESP). “Entendemos a dor das famílias, mas somos
obrigados a cumprir o que determina a legislação. É um problema sério e
que tem se repetido com frequência no município, mas em breve ele estará
solucionado”, assegurou.
FONTE: Luiz Guilherme Brandani - TANOSITE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que você achou desta matéria???