Eu que já abordei por diversas vezes o perigo que se
transformou a internet com os “fake news”, infelizmente agora fui
vítima das notícias falsas. E não foi a primeira vez.
São mais do que difíceis os tempos em que vivemos e o
o escritor Salman Rushdie, em recente entrevista, diagnosticou com
precisão os tempos da nossa atualidade. ”São tempos de uma cultura da
ignorância agressiva. Na internet coexistem no mesmo nível de autoridade
as verdades e as mentiras”, disse.
E mentiras, meia-verdades e a pós-verdade ganharam
corpo nas redes sociais, especialmente no Facebook e no Whatsapp, hoje
territórios livres para disseminação de ódio e de violência com objetivo
de assassinar as reputações.
As fakes news ganharam relevância a partir da
eleição norte-americana marcada pela criação de sites e perfis dedicados
a “plantar” rumores no facebook. O Congresso dos EUA abriu várias
investigações e encontrou mais de três mil perfis que compravam
publicidade para incentivar o clique nesse tipo de conteúdo.
No Brasil, não é diferente. Oportunistas e mal
intencionados usam as redes sociais para atacar, ofender, arrasar
reputações sem qualquer noção de civilidade e de respeito e revelam
falta de caráter e os piores preconceitos. Artistas e jornalistas são
vitimas de manifestações racistas e de toda ordem. E os políticos são o
alvo preferencial dessa gentalha que se especializou em espalhar
falsidades e manipular parte da opinião publica.
Há duas semanas, quando me manifestei contra o
projeto inconstitucional da escola sem partido, fui alvo de uma dessas
milícias, que patrocinou posts em que me retratava como inimigo da
família. A ação foi orquestrada por gente acostumada a bater e esconder a
mão, escória da escória.
Neste fim de semana, a malta assanhou-se novamente e
engendrou nova armação. Usaram imagens de uma carreta apreendida com
drogas proveniente de Naviraí (MS), cuja empresa não é de minha
propriedade e nem dos meus familiares, mas graças à manipulação e à
mentira espalhou-se nas redes sociais que somos bandidos e traficantes
de drogas e armas, para o MST e sindicatos.
Já tomei das providências necessárias para
identificar os autores da infâmia e eles serão acionados judicialmente,
assim como os que irresponsavelmente reproduziram a mentira. sem
apuração nem checagem.
Para assassinar reputações, nada mais eficaz do que
uma mentira baseada em verdades ou sutilmente envolta nelas, ensina Álex
Grijelmo, autor do livro "A Informação do Silêncio. Como se Mente
Contando Fatos Verdadeiros". Na obra, ele explica conceitos como
pós-verdade, pós-mentira e pós-censura e revela como acontece a
popularização das crenças falsas.
Embora hoje tudo seja verificável e não seja fácil
mentir, ele mostra que essa dificuldade pode ser superada com dois
elementos básicos: “a insistência na asseveração falsa, apesar dos
desmentidos confiáveis; e a desqualificação de quem a contradiz. E a
isso se soma um terceiro fator: milhões de pessoas prescindiram dos
intermediários de garantias (previamente desprestigiados pelos
enganadores) e não se informam pelos veículos de comunicação rigorosos,
mas diretamente nas fontes manipuladoras (páginas de Internet
relacionadas e determinados perfis nas redes sociais)”.
Segundo ele, vivemos “a paradoxal situação de que as
pessoas já não acreditam em nada e ao mesmo tempo são capazes de
acreditarem em qualquer coisa”. Na antevéspera das eleições, um dos
grandes desafios será combater a proliferação de noticias falsas.
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