No último dia 25, o senador Roberto Requião postou em uma rede
social, duas enquetes sobre quem os internautas querem que seja o
próximo governador do Paraná. Quando os registros começaram a apontar o
meu nome na liderança, o senador encerrou a pesquisa improvisada e
chamou de “ratazanas” as pessoas que manifestaram sua intenção de voto a
meu favor.
Não quero discutir o resultado da pesquisa ou sua validade. Quero
sim, falar de preconceito. E quero falar do pior preconceito que pode
existir: aquele exercido por pessoas que têm a obrigação de combatê-lo,
mas acabam desencadeando, de forma perversamente orquestrada e
voluntária, novos gestos de discriminação que ampliam as desigualdades
sociais em nosso país.
O preconceito é resultado da ignorância daqueles que se prendem às
suas ideias pré-concebidas e pode ser fruto de uma personalidade
intolerante, geralmente autoritária. Um ocupante de cargo público,
eleito de forma democrática, não pode ser a referência do desrespeito,
abastecendo esta postura ultrapassada com um comportamento que replica e
estimula o ódio.
Por isto, é preciso compreender o tempo no qual vivemos. Os atributos
que todos esperamos ver valorizados não estão ancorados em cor, gênero,
crença religiosa ou origem. Também não é o dinheiro que nos emancipa
como cidadãos. Ter mais ou menos dinheiro não muda o direito
constitucional de igualdade perante à lei. Ter origem humilde não nos
desqualifica perante alguém de uma família tradicional. Da mesma forma,
ser de família tradicional não sobrepõe o direito de exercer cargo
público ou perpetuá-lo como donatário.
Tenho orgulho da trajetória de vida simples e de muito trabalho dos
meus pais, dos valores que reproduzimos em casa desde a minha infância e
que agora transmito aos meus filhos. Eles estão sendo educados para
respeitar a todos sem distinção. E, assim como meu pai fez comigo, estão
sendo preparados para enfrentar todo tipo de dificuldade, lutar para
vencer, agradecer e sempre sorrir para a vida.
O que devemos discutir, e não somente em períodos
eleitorais, são os valores que constroem uma sociedade justa e moderna.
Seguramente, não é considerando normal o preconceito e o desrespeito que
vamos evoluir. É justamente o contrário. A inovação em uma sociedade
que precisa de tantos avanços como a nossa, começa com o fim da
discriminação. Precisamos combater esse tipo de violência e de abuso,
ainda que sutil e velado, escondido sob o manto da ironia ou das redes
sociais.
Ratinho Junior é secretário estadual de Desenvolvimento Urbano do Paraná
0 Comments:
O que você achou desta matéria???