Na
escola municipal Maria de Lourdes Guedes Mendes, em Bandeirantes, as
crianças já sabem: toda sexta-feira, as “tias do dente” passam para
falar sobre a importância de escovar bem os dentes, passar o fio dental,
e visitar o dentista regularmente. “Tias do dente” é o nome carinhoso
pelo qual as crianças das escolas chamam as integrantes do programa
Saúde Bucal, uma ação de extensão desenvolvida pelo Centro de Ciências
Biológicas (CCB) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP),
Campus Luiz Meneghel.
Segundo
o coordenador do programa, professor-doutor João Lopes Toledo Neto, a
ideia é conscientizar as crianças para que elas adquiram desde cedo o
hábito de cuidar da saúde bucal. “As crianças possuem uma facilidade
muito grande de aprender e de passar adiante o aprendizado”, ressalta. O
professor acentua que a intenção do programa é também de conscientizar
pessoas próximas às crianças. “Queremos que elas repassem tudo o que
aprendem para os pais, para os irmãos, para os amiguinhos da vizinhança.
É um trabalho de ‘formiguinha’. Nós queremos apenas lançar a semente”,
destaca.
Atualmente, a equipe de alunas do programa Saúde Bucal é formada por três bolsistas do PIBEX (Programa Institucional de Bolsas de Extensão Universitária)
e 17 voluntárias. Todas acadêmicas do curso de Enfermagem e Ciências
Biológicas. “Na prática, ensinamos às crianças como escovar corretamente
os dentes, como usar o fio dental, e falamos sobre os riscos de não
cuidar bem da saúde bucal”, explica o coordenador do programa. O
professor acentua, entretanto, que não são realizados nenhum
procedimento de intervenção bucal, como obturação, limpeza dentária ou
coisas do tipo. “Esses são procedimentos específicos da área de
odontologia. O nosso trabalho, portanto, é mais assistencial”, frisa.
As
atividades são feitas em sala de aula e envolvem palestras,
brincadeiras, gincanas e teatro. Raíssa Damaris da Silva, 10 anos, está
no quinto ano, e conhece o programa desde os cinco. “Eu gosto muito
quando as meninas vêm aqui na Escola. Elas brincam e ensinam muita coisa
‘pra’ gente”, comenta. Raíssa, que é uma das mais de 1200 crianças
beneficiadas pelo programa, partilha o medo que tinha de ir ao dentista
“por causa do motorzinho. Mas, como eu estou cuidando bem dos dentes, eu
não tenho mais medo”.
Além
do trabalho de conscientização, o programa também distribui kits com
escova, pasta de dente e fio dental para as crianças. “É um trabalho que
temos de fazer. Nós já ouvimos relatos de crianças que disseram que na
casa delas todo mundo usava uma única escova de dente. Por isso, sempre
temos esses kits junto conosco para oferecer aos alunos”, disse Jéssica
Martins, aluna do 4º ano de Enfermagem e bolsista do Programa.
A
diretora da escola municipal Maria de Lourdes Teixeira Guedes, Maria
Aparecida Moraes, conta que as crianças amam as ‘tias do dente’. “Sempre
quando elas vêm até a escola é uma festa. Nós, enquanto gestão, temos
muito que agradecer ao Programa Saúde Bucal. Hoje, os nossos alunos são
mais conscientes, e aprenderam isso de uma maneira leve e divertida. O
trabalho realizado pela UENP é louvável”, enalteceu.
Os
resultados foram tão positivos que outras escolas de Bandeirantes
procuraram a equipe do Saúde Bucal. Hoje, o Programa atende quatro
escolas municipais da cidade e ainda o Projeto Ícaro (uma parceria entre
a UENP, a Usina da Cidadania de Bandeirantes, e o Instituto Ícaro de
Curitiba), que oferece aulas gratuitas de tênis para crianças carentes.
Isabela Cristina de Souza, 9 anos, é aluna do quarto ano da Escola Rural
Zulmira de Albuquerque e conta que gosta muito do programa. “Hoje, nós
assistimos a um teatro muito legal. Eu aprendi que tem que escovar o
dente direitinho ‘pra’ não ficar com cárie, e ter o sorriso bonito. É
divertido quando elas vêm aqui na escola”, disse.
Mas
as crianças não são as únicas que aprendem com o programa. Para a aluna
do 3º ano de Enfermagem e bolsista do Programa, Luíza Rigonatti, a
troca de experiências e o contato com as crianças ajuda não apenas na
formação acadêmica da equipe. “Com certeza, é algo que vamos levar para
vida toda. Aqui, conhecemos a realidade de cada criança, e temos que
aprender a lidar com essas diferenças. É um desafio encantador. Toda
sexta-feira, saímos daqui com as energias recarregadas. É muito
gratificante”, partilhou Luíza.
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