Quem acompanha minha trajetória política sabe que não sou homem de
duas caras. Minha atuação é pautada pelas minhas convicções e pela minha
consciência, e tendo sempre em vista o interesse público. Não faço
discursos de ocasião, não tenho duas palavras nem compromisso com o
erro.
Tenho compromisso com a verdade e tenho palavra e uma história de
lutas pelas liberdades individuais e de respeito ao estado democrático
de direito.
Desde o primeiro momento, fui contra o impeachment da presidente
Dilma. Sempre afirmei que foi um golpe tramado e levado a cabo por um
conluio de políticos corruptos com parte expressiva da mídia e com apoio
de movimentos de direita que arregimentam legiões de analfabetos
políticos na internet.
Qualifiquei o documento do PMDB “uma ponte para o futuro” como um
grande engodo e um enorme retrocesso nos direitos sociais e
trabalhistas, de um entreguismo sem precedentes- uma ponte para o
passado, ou para o inferno.
Várias vezes denunciei o projeto desse grupo peemedebista que
assaltou o poder, contrário aos interesses dos trabalhadores e das
minorias.
Estão aí as reformas da previdência, a trabalhista, a entrega do
pre-sal, a permissão para a compra de terras por estrangeiros que
demonstram claramente o caráter antipopular e anti-nação de Temer e seu
grupo.
Por isso, não me surpreendi quando o presidente ilegítimo Michel
Temer caiu na arapuca armada por Joesley Batista, o esperto dono da JBS
que com a ousadia típica dos canalhas gravou a conversa entre os dois.
Obviamente que foi um ato meticulosamente e previamente programado
para comprovar aos procuradores da república as ligações nada
republicanas entre ambos. Mas isso não invalida o conteúdo explosivo da
conversa.
Por mais que Temer tente se defender- e o fez já por duas ocasiões,
publicamente, através de pronunciamentos à Nação- fica claro que se
tratou ali de interesses escusos e de algumas tenebrosas transações.
Porque ninguém em sã consciência pode achar razoável que um
presidente da Republica tome conhecimento que seu interlocutor esta
dando mesada a um ex-deputado preso, revele que está “de bem com o
Eduardo” e receba como resposta um “temos que manter isso, viu?”.
Do mesmo modo, não há como justificar a resposta do presidente a
confidência do seu interlocutor de que tinha comprado um par de juízes e
um procurador da República. “Ótimo, ótimo”.
Mais: Temer autorizou Joesley a utilizar o seu nome para pressionar o
ministro Henrique Meirelles, da Fazenda a se “alinhar” aos interesses
de sua empresa.
Creio que a análise do áudio pelos peritos indicados pelo Ministro do
STF Edson Facchin, dará a última palavra sobre se estamos diante de uma
fraude ou de mais um grande escândalo.
Por mais que se explique, a verdade e que Temer perdeu as condições morais, éticas e políticas mínimas de governabilidade.
Meu partido, o PSB, já se manifestou favoravelmente ao pedido de
impeachment de Temer e apoia a apresentação de uma Proposta de Emenda a
Constituição para a realização de eleições diretas.
A eleição direta é a alternativa coerente para o país retornar a democracia e a estabilidade.
Contra as Diretas, já se insurgem os conservadores, os mesmos que se
beneficiaram desde sempre com a política de compadrio e, obviamente, a
Rede Globo. Defendem a renúncia de Temer e eleições indiretas, como
convém a seus interesses.
Acredito que seria um insulto aos brasileiros substituir um
presidente ilegítimo por outro sem legitimidade, escolhido pelo
Congresso Nacional.
Como em 1984, está na hora do povo tomar as ruas e exigir a
realização de eleições diretas para presidente, livres e democráticas.
Do contrário, será mais um golpe.
Em tempo 1: o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
decidiu, na noite do sábado (20), aprovar o relatório que recomenda que a
entidade ingresse com um pedido de impeachment contra o presidente
Michel Temer;
Em tempo 2: não há nenhum sentido do STF conceder perdão judicial ao
Joesley Batista. É um escárnio assistir o empresário se mudar para NY de
mala e cuia, ganhando uma verdadeira fortuna na bolsa de valores e no
mercado de câmbio e ainda ganhar a imunidade e a liberdade enquanto o
país afunda ainda mais na lama da recessão.
Paz e bem! e ótima semana!
*Luiz Cláudio Romanelli, advogado e especialista
em gestão urbana, ex-secretário da Habitação, ex-presidente da Cohapar,
e ex-secretário do Trabalho, é deputado pelo PSB e líder do governo na
Assembleia Legislativa do Paraná. Escreve às segundas-feiras sobre Poder
e Governo.
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