Estudantes sob risco de abandonar faculdades




A intransigência da atual administração municipal de Cambará que se nega a renovar o contrato entre a prefeitura e a Associação dos Estudantes do Município, que até 2016 garantiu o pagamento de parte dos custos com o transporte de dezenas de universitários até faculdades da região poderá inviabilizar a conclusão de cursos superiores em instituições de ensino de vários municípios do Paraná e sul de São Paulo.
O impasse está se transformando num drama para os acadêmicos e ganhou um novo capítulo na noite da última segunda-feira (24), quando o plenário da Câmara de Vereadores ficou lotado por integrantes da Associação dos Estudantes que compareceram à sessão para pedir providências na elaboração de um projeto de lei que viabilize o transporte dos estudantes para as diversas faculdades da região.
Munidos com cartazes com frases de impacto e utilizando nariz de palhaço para protestar contra a classe política local, os estudantes manifestaram seu descontentamento pelo que consideram descaso com os universitários da cidade, pela ausência do transporte escolar.
A queda de braço com a associação dos estudantes teve início desde que o prefeito José Salim Haggi Neto (PMDB) assumiu a prefeitura de Cambará. O gestor sustenta que houve alteração na lei que viabiliza a liberação de recursos púbicos para o transporte de estudantes universitários da cidade e que diante disto não pode fazer muita coisa, tendo em vista que a utilização de recursos públicos neste tipo de serviço é considerado ilegal.
Nivea Bregiatto, presidente da Associação dos Estudantes de Cambará, questiona a postura do prefeito, alegando que na gestão anterior, havia o repasse de uma verba de R$ 15 mil mensais para ajuda de custo com combustível para os ônibus utilizados no transporte. Outro ponto questionado pela dirigente é o fato do prefeito enviar para a Câmara uma decisão que poderia ter sido tomada pelo Executivo. “O prefeito pode, se quiser, baixar um decreto e apoiar os estudantes”, pondera a presidente.
A argumentação de Nivea faz sentido. Na Câmara de Vereadores o projeto leva tempo para ser analisado, discutido e posteriormente, se tudo estiver dentro da legalidade, evidentemente, aprovado. O projeto enviado pela prefeitura para entrar na pauta da última sessão, por exemplo, foi barrado por falta de documentação. “Não há uma previsão para que o projeto seja analisado pela Câmara, tendo em vista, que tudo o que temos são copias de projetos existentes em outras cidades, mas que precisam ser analisados com clareza para ver se adaptam a nossa realidade”, disse Walcir Joaquim, presidente da Câmara local.
Para Angélica Moreira, estudante presente na sessão da Câmara, a morosidade para resolver a questão pode comprometer o ano letivo dos acadêmicos. “Estamos há pelo menos cinco dias com dificuldades para ir para a faculdade e este problema se arrasta desde o início do ano letivo”, reclama. Ela também lamenta que este assunto, aparentemente fácil de ser resolvido, tenha que mobilizar vereadores para outras cidades da região para conhecer iniciativas na mesma área, como acontece em Andirá, por exemplo, em que os estudantes pagam parcos R$20 por mês para se locomoverem para outros centros em busca de formação universitária.  “É uma pena que gastam com diárias entre outros custos para analisar uma questão simples, facilmente pesquisada na internet, facilitaria a vida de quem precisa do transporte escolar”, observa Angélica.
A posição da estudante repercutiu na cidade e mexeu com ânimos dos integrantes do Legislativo. O primeiro a se manifestar foi o presidente da Casa, Walcir Joaquim (PSDB), que manteve contato pessoal com a reportagem, na tarde de quarta-feira (25) acompanhado dos vereadores Gil dos Santos (PSC) e Marcio Albertini (PR) para falar do assunto. Walcir disse que o problema é da administração municipal, mas entende que a Câmara possa ajudar. Ele assinalou que apoia o posicionamento da estudante, porém discordou que a Câmara esteja bancando diárias para os vereadores dispostos a visitar cidades da região em busca de informações sobre o assunto.
Walcir Joaquim informou que esteve em Andirá na última terça-feira (25) quanto conheceu a metodologia utilizada pela prefeita Ione Abib para garantir o transporte dos estudantes universitários de sua cidade. “O que observamos em Andirá, foi uma pasta organizada e um interesse muito grande da gestão pública pela educação dos jovens da cidade. acho que se nos esforçarmos um pouco mais poderemos, sim, oportunizar o transporte dos estudantes cambaraenses”, finalizou.
Desespero
Enquanto o tempo passa e as autoridades consomem tempo em intermináveis debates, os estudantes se veem cada vez mais ameaçados de ter que interromper o sonho de concluir os cursos que frequentam nas universidades. O nível de endividamento da Associação dos Estudantes está se ornando insustentável.
 
 
FONTE: Roberto Francisquini - Circulando.Aqui
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