Sofisticado, o crime conta com uma rede engendrada, que inclui acesso a dados cadastrais das pessoas e a ação de motoboys. Segundo a Delegacia de Estelionato (DE), da Polícia Civil, quase 30 pessoas registraram boletim de ocorrência, denunciando a tentativa de golpe, ao longo do último ano.
Como funciona
O cliente recebe uma ligação de um suposto funcionário da operadora de cartão de crédito. Ele pede para que o titular do cartão confirme se fez compras recentes em determinados estabelecimentos. A pessoa que fala em nome da operadora detém uma série de dados cadastrais do cliente, como CPF, RG, números de telefones, endereço, o que aumenta a verossimilhança do golpe.
“Se fazendo passar por funcionário das empresas, o estelionatário cita compras que a pessoa não fez, cirando uma atmosfera que leve o cliente a crer que teve o cartão clonado”, diz o delegado Wallace de Oliveira Brito, chefe da Delegacia de Estelionato.
A partir de então, ainda se passando por funcionário da operadora, o estelionatário pede a senha e o código de segurança do cartão, argumentando que precisa desses dados para efetuar o cancelamento. Em alguns casos, as quadrilhas chegaram a clonar o telefone das operadoras. Desta forma, quando um cliente desconfiava, o golpista o orientava a desligar e telefonar para o número que constava atrás do cartão. Dessa vez, quem atendia era outro membro da quadrilha. “Aí a pessoa acreditava e acabava repassando os dados”, apontou o delegado.
Além de pedir a senha da pessoa, os golpistas orientavam a vítima a quebrar o cartão ao meio e a entregá-lo a um motoboy da operadora, que passaria recolhê-lo. O motociclista, no entanto, também era um membro da quadrilha. “O cartão estava quebrado, mas o chip estava intacto. Com o chip, o quadrilha clonava o cartão, fechando o ciclo completo. Era prejuízo na certa”, observou Oliveira Brito.
Prejuízos e recomendações
Segundo o delegado, essa modalidade de crime está “em alta” em todo o país – não só no Paraná. Na região de Curitiba, algumas vítimas chegaram a cair no golpe. “Alguns perderam R$ 20 mil, outros R$ 30 mil. São prejuízos que eles vão tentar reverter em juízo”, apontou Oliveira Britto. “As vítimas são pessoas esclarecidas, de bom nível social e econômico, mas que caem por causa da abordagem sofisticada das quadrilhas”, destacou.
Para a polícia, há indícios de que haja diversas quadrilhas em atuação, a partir desse tipo de ação. Os investigadores não descartam que funcionários das próprias operadoras façam parte dos grupos criminosos, repassando informações cadastrais das vítimas em potencial. Em meio a isso, o delegado ressalta: “o que as pessoas têm que saber é que banco nunca pede senhas ou códigos de segurança. As operadoras até ligam, eventualmente, para confirmar alguma cumpra, mas nunca pedem dados sigilosos.
A dica é nunca fornecer a senha e muito menos entregar o cartão a algum supostos funcionário”, disse o delegado.
Fonte: Jornal Tribuna do Paraná
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