A Training Mask vem sendo utilizada por diversas pessoas em várias
modalidades esportivas, desde corredores de resistência, passando por
lutadores, ciclistas, e até mesmo nas salas de musculação. Na maioria
das vezes, a ideia principal com o uso deste equipamento é a melhora na
capacidade de consumo máximo de oxigênio durante a atividade, mas, será
que isso realmente acontece?
Muito se ouve em relação a performance esportiva e a altitude. É
comum em jogos de futebol, mas, com a expansão de outras modalidades
esportivas para novos locais, este fator também ficou evidenciado como
preponderante na performance durante a competição, assim como nas
sessões de treinamento.
A diferença entre uma atividade realizada em baixa altitude e
altitude elevada está diretamente relacionada com o volume de oxigênio
utilizado pelo corpo, ou seja, o VO2 máximo. Porém, esse não é o único
fator interferente no desempenho. Outro, e tão determinante quanto, é a
produção do EPO.
A eritropoietina (EPO) é um hormônio secretado pelos rins que
estimula a medula óssea para a produção dos glóbulos vermelhos do sangue
(hemoglobina). Esse hormônio foi muito falado no caso de Lance
Armstrong, ciclista que foi banido do esporte pelo uso de injeções de
EPO. Vale lembrar que o treinamento, em elevadas altitudes, pode gerar
maior produção dos glóbulos vermelhos, sem a necessidade de
administração de EPO.
A utilização da Training Mask para simular a atividade de altitudes
elevadas pode não ser tão coerente. Atletas que treinam em altitude não
têm aumento de EPO devido ao treinamento nessas condições, mas sim da
vivência, como por exemplo, quando competidores que irão participar de
algum evento em altitude passam períodos prolongados nestas condições.
A máscara não funciona como um simulador de altitude, mas sim como um
dispositivo de treinamento muscular respiratório, deixando o
treinamento mais difícil, mas, não melhorando significativamente sua
performance. Não existe diminuição na concentração de oxigênio no ar,
como na altitude, e muito menos aumenta a produção de glóbulos vermelhos
e nem melhora a capacidade de transporte do oxigênio.
Os fabricantes indicam que a máscara seja usada para aumentar o
limiar ventilatório, justificando seu uso pelo que disseram ser essa
variável negligenciada durante a maioria das sessões de treinamento.
Segundo eles, a melhor maneira de otimizar a disponibilidade do oxigênio
seria respirar mais poderosa e eficazmente.
Alguns estudos publicados no Journal of Strength and Conditioning
Research, que pesquisaram sobre o uso da máscara, nos levam a conclusão
de que o uso da máscara pode fortalecer os músculos pulmonares, porém,
podem reduzir o desempenho durante o treino em aproximadamente 20%,
sugerindo que tal instrumento seja usado em certas ocasiões como
acessório para treinamento de baixa intensidade para corredores de
endurance, causando, possivelmente, prejuízos em outras situações.
É de extrema importância lembrar que deixar o treinamento mais
difícil não necessariamente o deixará mais eficiente. Utilizar a máscara
no treinamento tende a reduzir seu ritmo e a duração do treino. Se o
seu objetivo for aumentar a quantidade de oxigênio que seu sangue pode
distribuir à toda musculatura e caso não tenha a possibilidade de
investimento numa câmara de altitude e nem queira se dopar com EPO,
talvez seja interessante a suplementação com ferro, que é um importante
componente da hemoglobina, já que este tende a diminuir com o decorrer
da temporada ou outros suplementos com função de vasodilatação.
Portanto, a utilização da máscara não deve ser entendida como a
simulação de realização de atividades em altitudes elevadas, porém, se
ela pudesse imitar essa situação, seria de mais valia a utilização desta
durante o sono e atividades de vida diária, e não somente no período do
treinamento.
* Artigo por Dr. Fabio Vieira e Stéfane Dias na REVISTA TATAME. Para mais: fabio.vieira@hotmail.com ou mestraoatt@hotmail.com
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