A
greve dos professores da rede estadual, iniciada na segunda-feira (17),
e as ocupações das escolas estaduais vão prejudicar o andamento do
calendário deste ano letivo e de 2017. A perda de conteúdos, às vésperas
do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) – marcado para o início de
novembro - e dos vestibulares, tem preocupado pais e estudantes. Cerca
de cem mil alunos deverão fazer o Enem somente no Paraná.
Desde
o início das ocupações, no início deste mês, a Ouvidoria da Secretaria
de Estado da Educação já registrou mais de 600 atendimentos. A principal
apreensão dos pais é com a integridade física dos alunos e com a
continuidade das aulas. “Quer dizer que eles têm direito de se
manifestar e meu filho não tem o direito de estudar? Onde estão os pais
desses alunos que não fazem nada? O que essas pessoas querem é ficar sem
aula, sem estudar. Está uma bagunça esse movimento de ocupação e alguém
precisa tomar uma atitude. Isso é um absurdo, até quando nossos filhos
vão ficar sem aula?”, questionou Inês Rodrigues de Lima, mãe de um
estudante do 8° ano do ensino fundamental.
Para
o aluno do primeiro ano do ensino médio Evanderson Machado de Paula, de
16 anos, que integra um grêmio estudantil em Curitiba, o debate sobre
as mudanças do ensino médio poderia ser feito de maneira
interdisciplinar, sem interrupção das aulas ou ocupação das escolas.
“Por ser um debate apenas sobre a regulamentação do ensino médio, não
vejo necessidade de parar as aulas ou ocupar escola. Pelo contrário,
decidimos juntos, alunos, direção, professores e pedagogos pela
continuação para não ter que repor as aulas e perder conteúdos”, disse o
jovem.
Segundo
Evanderson, a preocupação dos estudantes também está relacionada ao
calendário dos 168 alunos da rede municipal que dividem o mesmo espaço
físico na escola. “Não estaríamos apenas nos prejudicando, mas a eles
que também não têm culpa”, disse.
O
aluno Cristhian Cezar de Oliveira, do 1° ano do ensino médio de um
colégio na Capital, conta que os estudantes promoveram debates com os
professores e colegas na sua escola e decidiram continuar com as aulas
sem interromper o andamento do calendário. “Nós não aderimos ao
movimento de ocupação porque sabíamos que teríamos que repor essas
aulas”, disse.
A
preocupação da estudante Letícia Cardoso, de 16 anos, do 2° ano do
ensino médio, é com a aproximação dos vestibulares e do Enem. “Essas
paralisações vão prejudicar muito, principalmente os alunos que vão
fazer o Enem porque vão perder conteúdos e muitos não vão participar das
reposições”, afirmou.
Para
o auxiliar de escritório Júlio Cezar Silva, que tem uma filha estudando
no 2° ano do ensino médio, é direito dos professores optarem por aderir
ou não à greve. “Mas os grevistas deveriam respeitar aqueles que querem
dar aula, cada um tem o direito de escolher. É preciso pensar nos
alunos também, porque ninguém quer que os estudantes percam aulas e
tenham que fazer a reposição”, disse Júlio.
Silmara
Pereira tem um filho no primeiro ano do ensino médio e conta que
conversa diariamente com ele sobre as ocupações e a greve dos
professores, e como isso pode prejudicar principalmente os alunos do
ensino médio. “Estamos no final do ano e essas paralisações vão
atrapalhar muito o calendário e o rendimento dos alunos, porque muitos
não vão querer fazer a reposição por entender que não são culpados pela
greve. Meu filho é contra a greve e as ocupações porque sabe que ele
seria prejudicado”, disse Silmara, que é presidente de uma Associação de
Pais, Mestres e Funcionários (APMF) na capital do Estado.
FONTE Agência Estadual de Notícias
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