Falar sobre doação de órgãos está entre as principais estratégias do Governo do Paraná para continuar batendo recordes de doações e transplantes no Estado. Na semana em que se comemora o Dia Nacional de Doação de Órgãos (27 de setembro), a diretora da Central Estadual de Transplantes (CET), Arlene Badoch, falou em rede nacional sobre a importância de conversar sobre o assunto com a família.
“É uma honra ter um espaço reconhecido na televisão brasileira para falar de um tema tão sério e que precisa ser discutido. É disseminando o assunto que estamos conseguindo resultados expressivos para nosso Estado e, consequentemente para todo o Brasil”, disse Arlene, que participou do Domingão do Faustão, na Rede Globo, no último domingo (25).
A diretora destaca que não é comum que famílias conheçam quem são os doadores e receptores de órgãos. No caso da matéria veiculada pelo Programa do Faustão, a produção da Globo entrou em contato com a família doadora através de uma notícia veiculada na região Noroeste em março deste ano.
“Conhecemos a história da família e nos emocionamos muito. Entramos em contato com a Secretaria da Saúde do Paraná para saber da possibilidade de contar essa história. Só conhecemos os receptores porque os envolvidos aceitaram participar do programa para dar visibilidade à doação de órgãos”, conta a produtora Roberta Branco.
NÚMEROS – Em 2011, início do governo Beto Richa, o Paraná ocupava a 10ª posição no ranking de doação de órgãos. Atualmente o Estado ocupa a 3ª posição, muito próximo do segundo colocado. E, mais uma vez, o Paraná bateu o recorde. As novas estatísticas mostram que até agosto de 2016, já ocorreram 450 transplantes.
No mesmo período de 2015 foram 322 órgãos transplantado e, em 2014, foram 280 órgãos. Neste ano, o maior número de transplantes realizados foi de rim, com 276 cirurgias, seguidos de transplantes de fígado (125), pâncreas (29) e coração (20).
“Fortalecemos todo sistema estadual de transplantes e disponibilizamos as aeronaves do Governo do Estado para o transporte de órgãos e pacientes, o que tem feito a diferença na melhora dos índices. Além disso, a parceria com a sociedade civil para divulgar a campanha sobre doação de órgãos também tem contribuído para a ampliação dos transplantes no Paraná. Temos orgulho da saúde pública paranaense”, disse o secretário estadual da Saúde, Michele Caputo Neto.
SOLIDARIEDADE – O número de doações continua crescendo no Paraná graças a famílias como a de Thaís Emerim da Silva, da cidade de Icaraíma, na região Noroeste do Paraná. A menina de 11 anos faleceu em setembro de 2015 devido a um aneurisma cerebral e os pais aceitaram doar os órgãos da filha. Foram doados válvulas do coração, pâncreas, rins e fígado.
A mãe de Thaís, Agda Emerim da Silva, disse que o momento em que foi questionada sobre a possibilidade de doação dos órgãos foi de extrema tristeza, mas que nunca teve dúvidas de que seria certo. “Não podíamos fazer mais nada por nossa filha, mas tinha a convicção de que não gostaria que nenhuma outra família passasse pela mesma dor que estávamos passando. Por isso decidimos que se a vida poderia continuar em outras pessoas, era isso que iríamos fazer”, declarou Agda.
Os globos oculares e córneas foram para o Banco de Olhos de Maringá. Mateus Canuto Araújo recebeu a córnea direita de Thaís e hoje enxerga perfeitamente. “Sei que alguém precisou morrer e uma família sofreu para que meu filho estivesse bem hoje. Queria muito dar um abraço de agradecimento de mãe para mãe”, conta a mãe de Mateus, Ivanilde Canuto Araújo.
Rafael Gustavo Ferreira esperava um rim há quase dois anos, enquanto passava por sessões diárias de diálise. Em setembro do ano passado veio a notícia de que um rim compatível estava disponível. Ele foi mais uma das vidas salvas pela escolha da família de Thaís de doar os órgãos da estudante.
O pai do menino, Roberto Carlos Ferreira Pego, lembra que entrou em choque quando soube que o filho precisaria de um transplante. “Foram dois rins não compatíveis e muitas dificuldades até aparecer o órgão certo. Agradecemos todos os dias e sempre pedimos para que o sofrimento dessa família seja amenizado”, declara.
DOAÇÃO – Para se tornar um doador de órgãos não há necessidade de deixar qualquer documento ou registro, basta avisar os familiares de primeiro ou segundo grau (pai, filho, irmãos, avós, cônjuges) sobre o desejo de doar. “É necessário abordar o assunto em casa, conversar com a família, pois serão eles que assinarão o documento autorizando a doação”, afirma Arlene.
De acordo com a médica, pessoas de todas as idades e históricos médicos podem ser consideradas potenciais doadores. O que determina quais órgãos e tecidos poderão ser doados é a condição clínica do paciente no momento da morte.
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