PF pode investigar incêndio em estação ferroviária de Ibaiti

A Polícia Federal (PF) poderá investigar o incêndio que destruiu a antiga estação ferroviária Arthur Bernardes no município de Ibaiti no dia 25 de junho deste ano. Isto porque o patrimônio, pelo menos em tese, pertencia à União. O pedido de investigação depende de avaliação do Ministério Público Federal (MPF) de Jacarezinho sobre denúncia de destruição criminosa do imóvel encaminhada pela Câmara Municipal de Ibaiti. O documento está sendo analisado pelo procurador da República Diogo Castor de Mattos. Segundo a coordenação do MPF de Jacarezinho, a decisão deve ser tomada nos próximos dias. 

A antiga estação teve um fim trágico após quase três décadas de abandono. O prédio em alvenaria ficava a 12 km do centro de Ibaiti e deveria ser patrimônio histórico do município, mas se transformou em um monte de entulhos de uma hora para outra. 

A estação foi destruída em dois momentos distintos. O primeiro foi um incêndio de origem duvidosa na madrugada do dia 25 de junho. Toda parte de madeira foi queimada, derrubando inclusive o forro e o telhado, só restando a parte em alvenaria. 

O antigo leito ferroviário, que hoje não existe mais, é uma área que pertence à União e corta uma propriedade da Destilaria de Álcool de Ibaiti (Dail). No mesmo dia do incêndio, um representante da empresa registrou um Boletim de Ocorrência na Delegacia de Polícia Civil local, alegando que o fogo teria sido causado por vândalos. 

Estranhamente, alguns dias depois, a estação amanheceu derrubada, com os entulhos sendo amontados em uma área próxima. O dano só foi descoberto quando algumas autoridades do município foram ao local para verificar o que poderia ser feito para recuperar o estrago causado pelo incêndio. 

O entulho tem grandes pedaços de pedras que serviram de base para a construção, partes de paredes em pedaços de vários tamanhos e paredes forradas com azulejos, possivelmente de origem portuguesa. A casa que servia de moradia para o caseiro, não atingida pelo incêndio, acabou sendo derrubada junto com a estação. 

A destruição deixou indignado o presidente da Câmara Municipal de Ibaiti, Adauto Cunha (PCdoB), que entrou com a representação no Ministério Público em Jacarezinho. Cunha, que é investigador aposentado da Polícia Civil, diz não ter dúvidas de que a origem do incêndio é criminosa. Segundo ele, não havia nada que pudesse causar fogo naquela área. A estação estava há anos sem energia elétrica, ninguém morava no local e não houve chuva com raios naquela madrugada. 

O vereador acredita que a estação tenha sido derrubada para acabar com possíveis provas sobre as causas do incêndio ou até mesmo por vingança. Ele cita que a Prefeitura de Ibaiti desapropriou uma área de cinco alqueires para construção de um campo de futebol e 50 casas populares no distrito de Campinho, o que não agradou os donos da usina. A área, de acordo com o prefeito Roberto Regazzo (PSD), foi desapropriada considerando o valor de mercado, que é de R$ 30 mil o alqueire. A empresa entrou na Justiça pedindo um valor maior e a ação ainda precisa ser julgada. 

Cunha afirma que o município pretendia recuperar a área da antiga estação onde seria desenvolvido um trabalho social com dependentes químicos ou com pessoas que cumprem pena em regime semiaberto. 

A FOLHA entrou contato com a direção da destilaria várias vezes, mas não obteve retorno.

FONTE: Eli Araújo - Caderno Norte Pioneiro - FOLHA DE LONDRINA 

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