Bisneto
de pioneiros, Sebastião Américo Calheiro cresceu ouvindo e guardando na memória
os fatos contados por seus antepassados, que agora constam nas páginas de seu
livro “A História de Santo Antônio da Platina”, lançado há poucos dias.
Para
ele, o livro vai ajudar os alunos platinenses a conhecer melhor a cidade onde
vivem. ‘Existem outros livros sobre a nossa cidade, mas contam histórias de famílias.
“O meu tenta relatar a colonização e desenvolvimento de Santo Antônio”,
explicou salientando que o livro só pôde ser publicado graças ao patrocínio do
Colégio Tia Ana Maria.
“É
uma honra publicar o meu livro no mesmo ano do centenário, ainda mais sabendo
que minha família participou desta história. Sinto-me realizado e pretendo ver
muitos jovens aprendendo como esta cidade se desenvolveu ao longo dos cem
anos”, disse.
De
povoado à cidade
Segundo
Sebastião Calheiro, Santo Antônio da Platina nasceu no bairro “Água das Bicas”
(proximidades do Distrito da Platina), que recebeu pessoas vindas dos estados
de Minas Gerais e São Paulo em busca de terras para o plantio de café. “Fomos
colonizados por mineiros e paulistas”, resumiu o autor contando que, sem saber
o motivo, as pessoas se mudaram do bairro Água das Bicas para a encosta do
Morro do Bim. “O local se tornou ponto de acampamento e de descanso para os
viajantes. Ali eles davam água e comida aos animais para depois seguir viagem”,
explica o escritor.
Calheiros
ainda relata que seu bisavô, Antônio Gonçalves Calheiros chegou em 1896 de
Portugal, e era formado em advocacia, mas devido sua documentação ser
estrangeira, não obteve sucesso na sua profissão no Brasil. “Ele passou por
Minas Gerais e veio para esta região atrás de terras para o plantio de café
(local que hoje fica a Fazenda Nelore Beka)”.
O
livro ainda destaca que o pioneiro Antônio Gonçalves Calheiros foi eleito
vereador e nomeado presidente da 1ª Câmara dos Vereadores de Jacarezinho. Em
1895 ele apresentou um Projeto de Lei, junto aos outros vereadores da época
para criar o Distrito de Santo Antônio da Platina. “Existe um documento em
Jacarezinho do ano de 1890 que denomina o antigo povoado como Santo Antônio da
Platina”, observou.
No
livro, o escritor ainda conta que em 1900, Santo Antônio deixou de ser povoado
e passou a ser Distrito. “Isso significa que cresceu na hierarquia da divisão
administrativa do Estado, podendo ter uma delegacia, um posto de saúde e
escola. “Ao se elevar como distrito, Santo Antônio passou a receber benefícios
que o povoado não tinha. Em 1914, deixa de ser distrito e passa a ser cidade.
Em 1929 foi registrada a instalação da comarca de Santo Antônio da Platina.”,
contou acrescentando: “O único presidente que visitou a cidade nestes 100 anos
de história foi Juscelino Kubitschek e o primeiro prefeito foi Evergisto Alves
Capucho”, lembrou.
Na
época, a riqueza da região era o café, porém, por ser uma lavoura demorada, que
só produz de quatro em quatro anos, os agricultores também começaram a investir
no cultivo do arroz, feijão, abóbora, e na criação de porcos e cereais de
consumo imediato. Aos poucos o setor pecuário também começou a alavancar e a
cidade foi crescendo.
Indíos
Caingangues
Segundo
o escritor, nas margens do Ribeirão da Aldeia, localizado onde é hoje o Jardim
Saúde, havia uma tribo de índios Caingangues. Neste período, os colonizadores
foram afastando os índios aos poucos para ficar com suas terras. O primeiro
registro de mudança aponta que os índios foram para as proximidades do Rio
Cinza, e em seguida para as margens do Rio Laranjinha.
O escritor contou que a tradicional família Tanko encontrou em uma chácara de sua propriedade, na Vila Ribeiro, um canteiro de utensílios indígenas de barro. “Santo Antônio da Platina não teve escravos, porque quando foi fundada já tinha sido abolida a escravidão. Podemos não ter dívida social com os negros, mas temos com os indígenas. Na época, havia os caçadores de índios que numa crueldade arrancavam a orelha direita deles e a guardavam para terem provas de quantos índios foram mortos”, contou o escritor.
O escritor contou que a tradicional família Tanko encontrou em uma chácara de sua propriedade, na Vila Ribeiro, um canteiro de utensílios indígenas de barro. “Santo Antônio da Platina não teve escravos, porque quando foi fundada já tinha sido abolida a escravidão. Podemos não ter dívida social com os negros, mas temos com os indígenas. Na época, havia os caçadores de índios que numa crueldade arrancavam a orelha direita deles e a guardavam para terem provas de quantos índios foram mortos”, contou o escritor.
Primeiras
edições
As
residências mais antigas, de acordo com o historiador, ficavam em torno da
Praça São Cristóvão (centro da cidade). Como curiosidade, a primeira
instituição de ensino fundada foi a “Escola de Santo Antônio da Platina”, ainda
como Distrito de Jacarezinho. Inicialmente, ela funcionou na Rua 24 de Maio,
onde antes havia um clube de baile. Posteriormente, criou-se o Grupo Escolar
Ubaldino do Amaral, que teve continuidade e funciona até hoje.
Origem
do nome
A
denominação Santo Antônio da Platina, segundo o livro de Calheiro, se deve
porque o catolicismo predominava na época e os colonizadores eram religiosos.
Como a data de fundação era próxima ao dia de Santo Antônio, a cidade ganhou o
seu nome. “Boatos dizem que o terceiro nome da cidade se deve pela cor da pedra
que se vê do alto do Morro do Bim (o bairro rural Pedra Branca). “Acredito que
no livro da fundação de Jacarezinho, já constava os povoados que tinham no
território. Antigamente, Jundiaí do Sul, Ribeirão do Pinhal e Abatiá também
faziam parte de Santo Antônio da Platina. Na elaboração do meu livro eu fui
muito fiel às datas, leis e nomes”, disse.
FONTE: Dayse Miranda – TANOSITE
FOTO: Antônio Picolli
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