Com 116 anos, moradora de Cambará poderia ser a mais velha do mundo

Se as contas estiverem certas, a paulista Mariana de Souza Cunha – moradora de Cambará, no Norte do estado – completa 117 anos no próximo dia 30 de março. A data, que não pode ser comprovada por falta de documentos, faria desse paranaense por adoção a mulher mais velha do Brasil e, talvez, do mundo, com lugar garantido no Guinness Book.
A única referência para se calcular a idade de dona Mariana é o ano de seu casamento, em 1917, quando ela teria 20 anos. Seus familiares acreditam que a matriarca nasceu em 1897. A República ainda estava no início. O presidente era Prudente de Moraes. Marconi estava para fazer a primeira transmissão de rádio. Naquele ano, em setembro, Antônio Conselheiro seria assassinado na Revolta de Canudos.
Da união em Bauru (SP) com o marido Pedro, de quem Mariana hoje é viúva, a família cresceu para 10 filhos, 17 netos, 14 bisnetos e dois tataranetos. E mais um bebê está a caminho para a alegria da tataravó. Com mais de 100 anos de vida, Mariana afirma que o que lhe garante tanta longevidade tem raízes na religião. “É Deus que dá força”, define, sem se cansar de entoar cânticos e frases de louvor ao Criador. Ela acompanha, em casa, cultos evangélicos promovidos pela família.
Com pouco mais de 1,30 m de altura, a idosa ainda consegue caminhar, não toma remédios controlados e é adepta de uma alimentação simples, baseada no arroz e feijão. Não dispensa carne, mas não faz questão de comer verduras ou tomar refrigerante. Em 1999, uma catarata lhe tirou a visão, sem impedir, no entanto, que ela continuasse a fazer o que gosta: montar bancos de madeira e tocar gaita. O passatempo tomou o lugar das atividades na cozinha e junto à máquina de costura.
O som das notas musicais produzidas pela gaita da idosa logo ecoa do quarto onde dona Mariana atende a reportagem. A neta Selma Venâncio, 29 anos, conta que a audição da avó já está baixa, mas que, à sua maneira, ambas se entendem. Xodó da matriarca, o instrumento, quando não está sendo utilizado, costuma ser guardado no bolso do vestido. As mãos calejadas de colher café e debulhar milho, como a idosa mesmo diz, também encontram diversão entre cordas de violão. “Ela aprendeu a tocar com o meu avô, que sabia fazer instrumentos musicais”, emenda a neta.
História
Dona Mariana é natural de Guaianazes, interior paulista, e logo se mudou com a família para Bauru. A cidade, recorda ela, tinha apenas três ruas na época. Quando ela e o marido chegaram a Cambará, as condições eram um pouco melhores – havia duas farmácias e um hospital. O início da vida no Paraná e o tempo na roça costumam permear as histórias relatadas aos visitantes.
O único documento que comprova o casamento religioso de dona Mariana na juventude foi perdido durante um incêndio na igreja em que a cerimônia ocorreu. A união no papel só ocorreu mais tarde. A busca por provas que pudessem apontar a pensionista como a pessoa mais velha do país ou do mundo, explica a neta Selma, foi, aos poucos, se perdendo no tempo. “Sabemos que hoje é muito difícil provar sua idade. Acabamos não indo atrás porque ela também não liga muito para isso”, comenta. 


FONTE: Antoniele Luciano – Jornal de Londrina
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