Grupo internacional conhece trabalho de produtoras de café do Norte Pioneiro

A organização das mulheres que lidam com o café na região de Santo Antonio da Platina vem despertando a atenção de diversas instituições, uma delas, a IWCA (Internacional Women´s Coffee Alliance) ou Aliança Internacional das Mulheres do Café – Brasil, que enviou representantes à região para conhecer de perto o trabalho das cafeicultoras, que são orientadas pelo Instituto Emater. Participaram da comitiva a presidente da instituição Josiane Cotrim Maciera, Danielle Pelosimi (tesoureira) e Cornelia Iag (produtora). 
Durante a visita, os representantes da IWCA conheceram onze grupos de mulheres cafeicultoras criados nos municípios de Ibaiti, Figueira, Carlópolis, Joaquim Távora, Curiúva, Salto do Itararé, Tomazina, Pinhalão, Siqueira Campos, Jaboti e Japira. Eles também viram de perto a ação extensionista que leva atendimento técnico e social a elas. Os representantes da IWCA ainda conheceram a Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (CENPP), que tem uma forte atuação junto aos produtores de café da região, incluindo as mulheres.
De acordo com os extensionistas, os resultados dessa mobilização em torno da cafeicultura já podem ser observados. Com o apoio de Instituto Emater, os agricultores puseram em prática algumas tecnologias e mudaram o modo de produzir café. Segundo o coordenador do grupo feminino, Otávio Luz, os técnicos ensinaram as práticas necessárias para se obter a certificação de produtor de cafés especiais, contou acrescentando que os extensionistas capacitaram as mulheres para que elas pudessem participar de todo o processo de produção. Além disso, as mulheres passaram a entender melhor como funciona o mercado, fazer novos negócios, agregar valor aos seus produtos, movimentando a economia regional, complementou. .
Josiane Cotrim Maciera, presidente do IWCA Brasil, elogiou a iniciativa do Instituto Emater. Para ela, a extensão rural está cumprindo o seu papel de forma mais ampla. É muito gratificante ver as mulheres sendo assessoradas e acompanhadas pelos profissionais. E é impressionante a força do grupo das mulheres, que num período muito curto já se mostrou forte e organizado, observou. Josiane destacou que esse trabalho valorizou a mão-de-obra feminina. Muitas vezes as mulheres fazem um trabalho diário e nem elas percebem que são também responsáveis para o sucesso da atividade, comentou.
A presidente do instituto explicou, ainda, que o objetivo da IWCA é criar oportunidades para as mulheres e aumentar a sua rede de contatos. Queremos oferecer treinamentos e capacitar essas mulheres produtoras. Fazer negócios e vender bem seus produtos. A associação é uma grande família e as mulheres são irmãs do café, concluiu. 
Com ações como esta em Santo Antônio da Platina, a Aliança dá voz e poder às mulheres na cadeia do café. É uma forma dessas famílias terem vidas mais sustentáveis e significativas, além de encorajar e reconhecer a participação das mulheres construindo um futuro mais sustentável para as cafeicultoras e suas comunidades, disse Josiane . 
Para Otávio Oliveira da Luz, os frutos desse trabalho foram alcançados graças aos técnicos que abraçaram a causa e acreditaram na proposta. Para este ano já foi definida uma programação de cursos que o Instituto Emater irá promover, fazendo assim com que o consumidor tenha ao seu alcance um café de qualidade, produzido com respeito ao meio ambiente e à família do cafeicultor.
JAPIRA
Em Japira os representantes da IWCA visitaram a propriedade de Jair e Leonete Barsoti. De uma área total de 8 hectares, 4,5 são ocupados pelo café e o casal se divide nas tarefas diárias. O produtor comentou que a esposa o acompanha sempre nas reuniões do grupo e também nos eventos técnicos. Ela está sempre presente nas discussões e decisões tomadas dentro da propriedade e na atividade cafeeira, afirmou Jair. O produtor já adquiriu um secador de café, um microtrator e um terreiro. Neste ano, está se preparando para participar da certificação Fair Traide. Leonete comentou que a cafeicultura é uma atividade que dá muito trabalho, mas que juntos, o casal consegue tirar o sustento da família. Meu envolvimento com a cafeicultura é antigo. Desde quando ainda era solteira. Aprendi a gostar do trabalho com o meu pai, salientou. Atualmente, a produtora combina a herança do gosto pelo café com as novas tecnologias que vem aprendendo nos cursos promovidos pelo Instituto Emater. Uma forma de garantir que a cafeicultura continue presente e gerando renda em sua propriedade.
Presença feminina nas atividades cafeeiras
A atuação dos extensionistas junto às produtoras de café não é nova. Há algum tempo, durante as visitas às propriedades, os técnicos detectaram a forte presença feminina à frente das atividades cafeeiras. Em abril do ano passado foi realizado o Primeiro Encontro de Mulheres Cafeicultoras da região. O evento teve a finalidade de incluir as mulheres nas discussões técnicas e políticas da atividade cafeeira, bem como valorizá-las. Na ocasião o Instituto Emater apresentou a proposta de formar grupos de trabalho com mulheres cafeicultoras. Segundo o coordenador do trabalho, Otávio Oliveira da Luz, o objetivo foi buscar uma integração maior das mulheres, ouvindo suas aspirações e planejando ações conjuntas. Para ele, até então a participação feminina em eventos técnicos era pequena, mas elas estavam presentes em todas as etapas produtivas da cadeia do café. Essas mulheres, detalhistas, observadoras e disciplinadas, muitas vezes são as que manejam o terreiro de café, o lavador, o descascador e até o secador. Fazem de tudo para produzir um café que possa, realmente, ser classificado como especial, afirmou. 

Para Otávio, como as mulheres pouco participavam das reuniões de grupos, associações e cooperativas, era preciso incentivar esse envolvimento. Para isso, foi preciso mudar até o jeito extensionista de trabalhar, comentou. A realização do encontro foi o início do trabalho. A organização do evento manteve contato com a IWCA, estabelecendo uma parceria. Durante o encontro, as mulheres conheceram o trabalho da instituição por meio dos depoimentos de Cornelia Margot Garmech Iag, produtora rural e de Camila Arcanjo, química e técnica em alimentos.

FONTE: ASSESSORIA
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