Nesta
época do ano, aumenta de forma considerável o número de pessoas que deixam o
Norte do Paraná em direção ao litoral de Santa Catarina. E para uma boa parte
desses turistas, o que era para ser um momento de lazer se torna também um
momento de reflexão. É que a maioria não entende a lógica para a fixação das
tarifas de pedágio nas praças existentes no Estado do Paraná.
Quem
faz esta viagem sente, no bolso, a diferença dos valores cobrados entre as duas
praças de pedágio da BR-369, no Norte Pioneiro, e as duas praças na BR-376
entre Curitiba e a divisa com o Estado vizinho. O valor cobrado na praça de
pedágio em Jataizinho é de R$ 14,20 e em Jacarezinho é de R$ 13,10, enquanto
nas duas praças da BR-376 é de apenas R$ 1,70, ou seja, oito vezes menor.
A
diferença, entretanto, não se limita a valores. O turista "pé
vermelho" pode perceber também a diferença estruturais das duas rodovias.
O trecho da BR-376 entre Curitiba e Santa Catarina é totalmente duplicado, com
faixa suplementar em vários pontos e acostamento em quase toda sua extensão. Já
a BR-369, entre Jataizinho e Jacarezinho, é em pista simples e com uma série de
deficiências, como a ausência da terceira faixa em vários lugares, o que
dificulta a ultrapassagem em vários pontos.
O
professor Rogério Macedo, da Universidade Estadual do Norte do Paraná (Uenp),
campus de Bandeirantes, voltou de Florianópolis na semana passada e ficou
indignado com a situação. Ele diz que gostaria de conhecer detalhes dos
contratos entre o governo do Estado e as concessionárias para entender o que
realmente acontece. "Nós estamos falando de uma rodovia a R$ 1,70 que é
bem conservada e duplicada e aqui nós temos uma rodovia que está para ser
duplicada há 15 anos e isto até hoje não aconteceu. Será que todo recurso arrecado
neste período foi aplicado só em manutenção?", questiona.
Macedo
diz que é importante a população buscar informações sobre o assunto porque o
valor do pedágio afeta, não apenas as viagens de lazer, mas todo o setor
produtivo. "O custo recai sobre o preço final dos produtos que vamos pagar
sempre que formos a um supermercado", afirma.
Desvio
Os caminhoneiros Diogo Heberle, Denilson Pilan e David Alexandre Ficagna moram em três cidades do Rio Grande do Sul e viajam com frequência para o interior de São Paulo, passando pelo Norte Pioneiro. Na última sexta-feira, eles se encontraram por acaso em um posto de combustível na BR-369 em Andirá.
Os caminhoneiros Diogo Heberle, Denilson Pilan e David Alexandre Ficagna moram em três cidades do Rio Grande do Sul e viajam com frequência para o interior de São Paulo, passando pelo Norte Pioneiro. Na última sexta-feira, eles se encontraram por acaso em um posto de combustível na BR-369 em Andirá.
Os
motoristas fazem esta viagem três ou quatro vezes por mês, transportando
cereais. E para reduzir um pouco o custo da viagem, sempre desviam da praça de
pedágio em Jacarezinho.
Os
três dizem que não conseguem entender porque a diferença de valores é tão
grande entre as duas praças que existem no trecho entre Curitiba e a divisa com
Santa Catarina e as duas praças do Norte Pioneiro.
Ficagna
faz questão de esclarecer que os motoristas não são contra o pedágio e sim
contra os valores que consideram exagerados. "Eu não sei o tipo de
contrato que os governantes fizeram para dar uma diferença dessas. É isso que
não consigo entender. A pista da BR-376 é melhor, há assistência com guincho,
ambulância em caso de acidentes. Se o preço fosse igual a essas praças perto de
Curitiba, ninguém iria desviar do pedágio", afirma.
Hje,
um caminhão pode pagar entre R$ 60 e R$ 80 nas duas praças de pedágio da
região, dependendo da quantidade de eixos. O desvio da praça de pedágio em
Jacarezinho é feito pela PR-092, entre Santo Antônio da Platina e Andirá. Esta
rodovia não foi projetada para o transporte pesado e, por isso, precisa de
manutenção constante.
FONTE: Eli Araújo – Caderno Norte Pioneiro
– Jornal Folha de Londrina
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