Justiça concede pedido de recuperação à Casquel

O juiz da Vara Cível da Comarca de Cambará, Renato Garcia, aceitou o pedido de recuperação solicitado por antigos donos da usina de açúcar e álcool Casquel Agrícola e Industrial S/A, que está desativada há cerca de quatro anos. Na prática, isto significa que o leilão da empresa, que seria realizado para quitar a dívida trabalhista com mais de mil funcionários, está suspenso por tempo indeterminado. 
Já houve três tentativas de leilão do patrimônio da Casquel para o pagamento da dívida com os ex-funcionários, que passa de R$ 20 milhões. A última tentativa de leilão aconteceu no dia 26 do mês passado, mas foi suspensa porque não houve o depósito prévio de R$ 100 mil determinado pela juíza do Trabalho, Sandra Cristina Correia, para quem estivesse interessado em participar do leilão. Na ocasião, o leiloeiro Paulo Nakakogue informou que a Justiça do Trabalho iria decidir por um novo leilão ou pela venda direta dos bens da empresa. 
O assistente de direção da Justiça do Trabalho em Jacarezinho, Marcelo Lopes da Silva, diz que já foi encaminhado um pedido de informações à Comarca de Cambará e que, em função desta decisão, a realização de um novo leilão da Casquel fica adiada por pelo menos 180 dias.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Açúcar e Álcool de Jacarezinho e Região, José Ramos Vasconcelos, estranha a concessão de pedido de recuperação judicial a uma empresa que está sem atividade há tanto tempo e teme que a decisão prejudique ainda mais os funcionários que aguardam o recebimento de seus direitos com grande expectativa. Ele considera "lamentável" mais este episódio. "Desde o começo eu tenho a certeza de que isto é uma armação para se chegar onde chegou. Como eles pretendem recuperar uma empresa que não está produzindo?", questiona. 
Com o pedido de recuperação, os credores da Casquel devem se habilitar perante a Justiça para uma futura assembleia e a empresa também deve apresentar seu plano de recuperação por meio do administrador judicial indicado pelo juiz. 
A reportagem da FOLHA procurou o fórum da Comarca de Cambará e foi informada de que o juiz Renato Garcia está em férias e só volta às suas atividades no dia 7 de janeiro. 
Lance reduzido
Na terceira tentativa de leiloar o patrimônio da Casquel em Cambará, que compreende as instalações da usina e uma área de 233 alqueires, ocorrida no último dia 26 de novembro, o lance inicial era de R$ 25 milhões. O valor corresponde a apenas 23% do lance mínimo previsto para o primeiro leilão, que foi dia 27 de novembro do ano passado, que era de R$ 108 milhões. Este certame acabou sendo cancelado por determinação do desembargador Paulo Ricardo Pozzolo, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Na época, o patrimônio da usina foi avaliado por peritos da Justiça em R$ 180 milhões. 
O último valor mínimo é suficiente para saldar apenas as dívidas trabalhistas dos cerca de mil funcionários.


FONTE: Eli Araújo – Jornal Folha de Londrina
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