Ferramenta deverá facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes

A professora do curso de Ciência da Computação do Centro de Ciências Tecnológicas (CCT) da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP), campus Luiz Meneghel,  Daniela de Freitas Guilhermino Trindade, desenvolve, desde 2009, uma pesquisa sobre o processo de criação do conhecimento em uma Comunidade de Prática (CoP) formada por surdos e ouvintes, em torno do domínio da Libras (Língua Brasileira de Sinais).
As observações, de acordo com a professora, permitiram determinar alguns requisitos, que foram apresentados como um Framework Conceitual para Apoiar o Design de Ambientes Colaborativos Virtuais de Cultivo à CoP Inclusivas aos Surdos. O framework (modelo) foi aplicado no desenvolvimento de uma ferramenta de videoconferência que deverá facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes, dispostos em locais geograficamente distintos, com a mediação (tradução) de um intérprete. A ferramenta, denominada “InConf”, foi utilizada e avaliada por um grupo composto por surdos (falantes da Língua Brasileira de Sinais - Libras), ouvintes e um intérprete (ouvinte).
A pesquisa, realizada pela professora no programa de doutorado em Informática pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), busca minimizar as barreiras de comunicação e promover o acesso ao conhecimento e a inclusão social. A ferramenta de videoconferência – InConf, como detalha a professora, oferece um ambiente para a interação entre surdos e ouvintes que respeita as especificidades das línguas envolvidas (Libras e Português), além de permitir a mediação de intérprete, que realiza a tradução simultânea de cada fala.
O Software, testado em duas conferências em todos os seus aspectos, oferece também mecanismo para criar e gerenciar as videoconferências e, na área de Administração, torna possível agendar uma conferência, definir os participantes com seus respectivos papéis e responsabilidades e realizar o convite por e-mail. A ferramenta apresenta ainda um mecanismo para a organização dos turnos de fala, para que toda a comunicação seja traduzida, evitando conversas paralelas (surdos com surdos e ouvintes com ouvintes), minimizando a perda de informação. Para apresentar instruções sobre a ferramenta, a InConf utiliza vídeos em Libras com legenda em Português.
Daniela explica que foram realizadas duas conferências com a mediação da InConf, a fim de avaliar o potencial do software. “A avaliação fundamentou-se cientificamente na etnometodologia, em que o contexto real do uso da tecnologia é considerado. Os participantes (surdos e ouvintes) tinham um objetivo durante a reunião: a elaboração de um artigo sobre as dificuldades enfrentadas pelo surdo no dia a dia”, comenta.
Após a participação na videoconferência, Jonathan Alvez, 18 anos, de Santa Mariana, ressaltou que a ferramenta terá grande valor para a comunidade surda. “Estou acostumado a conversar com surdos pelo SKYPE, mas com a pessoa ouvinte não dá para conversar. Por isso o InConf será muito importante, pois, numa outra perspectiva de interação, ela traz a presença do intérprete para mediar a comunicação entre surdos e ouvintes”. 
Fabíola Alves, 17, de Santa Mariana, comemora o resultado positivo das duas conferências e a experiência com a ferramenta. “Estou muito feliz por essa conquista da comunidade surda. Esta ferramenta promove justamente esta troca de experiência entre os ouvintes e os surdos que até então não era possível. Para o surdo é importante que a língua de sinais seja respeitada”. O mediador da conferência, professor Luiz Renato, acentua a importância da ferramenta e seu caráter inovador. “Este trabalho deverá beneficiar não só os nossos alunos e professores surdos da UENP, como também outros surdos do Brasil”.
A professora comenta que, com o resultado das análises efetuadas e com base nos depoimentos dos participantes, verificou-se que foi possível alcançar êxito. “Os participantes surdos e ouvintes puderam interagir de maneira profícua com a medição do intérprete”. Daniela ressalta ainda que “É importante que pesquisas em Ciência da Computação atentem para as necessidades e especificidades das pessoas, a fim de orientar o projeto de ferramentas para minimizar as barreiras de comunicação, promover o acesso ao conhecimento e a inclusão social”.  O trabalho é orientado pela professora-doutora da UFPR, Laura Sanchez Garcia.


FONTE: ASSESSORIA UENP
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