Crianças assistem aulas em Posto de Saúde



Alunos matriculados na Escola Municipal Ignez Panichi Hamzé estão vivendo uma situação inusitada, para não dizer dramática. Eles estão assistindo aulas num posto de Saúde desativado, localizado no Conjunto Habitacional que leva o mesmo nome da escola.
São 36 alunos com idade de seis a doze anos vivendo nesta situação vergonhosa.
A diretora da escola Renata Tinelli faz o que pode para amenizar o impacto causado pelo imbróglio e tenta conter os ânimos de pais e responsáveis pelos alunos.
O drama destas crianças poderia já estar solucionado se as obras de construção da escola não tivessem sido interrompidas em 2011. Elas estão condicionadas nesta situação desde fevereiro de 2012, e desde então só foram promessas de que a escola seria concluída.
O ex-prefeito de Cambará, José Salim Haggi Neto (PMDB), falou a respeito em seu programa de rádio no último sábado (14), e alegou que o contrato com a construtora responsável pela obra foi interrompido e por está razão as obras foram paralisadas. Faltou o ex-prefeito explicar quais foram às razões para a interropção do contrato com a construtora e porque a atual gestão está enfrentando dificuldades para retomar as obras, já que ele mesmo informou que o dinheiro está disponível.
A construtora alega, e diz ter documentos que comprovam que a prefeitura na época, não fez os repasses que garantiriam a continuidade das obras.
Enquanto isto, os seis professores que atende as crianças vivem o dilema de lecionar em cubículos mal arejados, embora limpo e decorado com temas infantis.
O local não atende as especificações mínimas para a questão, isto sem contar que não oferece o mínimo em segurança, tendo em vista que o local não há grades de proteção e o acesso de pessoas e animais é livre.
Recentemente as professoras vivenciaram uma situação perigosa, quando tiveram que se colocar numa situação de risco de ataque de um cão da raça Pitbul que invadiu o local. “Ficamos em pânico” contou uma professora.
A escola funciona em dualidade administrativa com o Colégio Estadual Lucy Requião. O problema é que na parte da manhã o Colégio atende seus alunos que preenchem todas as salas. Sem um local adequado, a solução foi abrigar os alunos da Escola Municipal no prédio do PSF desativado do bairro. “Disseram que seria por pouco tempo” contou Renata Tinelli, diretora da escola.  
A merenda para os alunos é levada pelas professoras a pé, numa distância aproximada a 500 metros do Colégio Lucy Requião ao Posto de Saúde da Família que abriga a escola.
As aulas de educação física são realizadas num salão improvisado anexo ao posto de saúde desativado. Neste local as crianças dividem espaço com pilhas de carteiras amontoadas e é neste ambiente que é servido a merenda todos os dias. “Nós, pais temos medo de deixar nossos filhos aqui, mas confiamos no trabalho desses professores que cuidam muito bem das nossas crianças” contou uma mãe.
Outra mãe de aluno questiona “onde está a verba que seria destinada para a construção da nova escola?” questiona.
Maria Aparecida da Costa tem uma neta que estuda naquela escola. “Já fizemos um abaixo assinado e até agora nada foi resolvido” comenta.
Maria das Graças Pereira de Souza também comentou sobre o abaixo assinado feito. “As crianças e os professores precisam de um lugar digno. A falta de segurança desse lugar é terrível” protesta.
O drama dos alunos, pais destes alunos, professores foi levado a Câmara Municipal, mas até agora nada de concreto foi efetivado.
A diretora, Renata Tinelli, disse que várias crianças esperam por vagas, que não estão disponíveis por falta de espaço no local.
“Estamos preocupados, pois foi anunciado que o bairro irá receber mais casas, o problema pode se agravar ainda mais” comenta.
O presidente da Câmara João Antonio Tinelli, defendeu na noite desta segunda-feira, (16), no plenário da casa que se faça um planejamento estratégico antes de construir casas populares, pois a atual gestão poderá cometer os mesmos erros de gestões passadas.
“Acredito que todos devam ter um teto para morar, porém, cabe ao gestor público viabilizar estas obras, levando em consideração quesitos básicos: como ruas adequadas, praças públicas, escolas, creches, postos de saúde, entre outros” comentou o presidente, “não podemos mais consentir que pessoas vivam num bairro onde não há o mínimo em estrutura” finalizou.   

FONTE: Roberto Francisquini – Circulandoaqui.com
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