O
canoísta Celso Oliveira, 24 anos, passa por um dilema comum a atletas
brasileiros. Há quatro dias do embarque para a Alemanha e Dinamarca, onde
disputará os Mundiais de Canoagem Velocidade e Canoagem Maratona, o atleta que
representa Ribeirão Claro ainda não tem certeza de que conseguirá se inscrever
em ambas as competições. Sem patrocínio e suporte financeiro do governo
estadual e federal, ele paga as despesas com passagens, hospedagem, inscrição e
alimentação com o próprio dinheiro e com o apoio que recebe da prefeitura. O
corte de verbas olímpicas feito pela Confederação Brasileira de Canoagem
(CBCA), piorou ainda mais o problema.
O
primeiro compromisso é no dia 29 desse mês, em Duisburg (ALE), que sedia o
Campeonato Mundial de Canoagem Velocidade. As despesas chegam a quase R$ 8 mil
e deveriam ser bancadas pela CBCA, uma vez que a Canoagem Velocidade é um
esporte olímpico e, portanto, recebe verbas para investimentos no esporte e
suporte de atletas. Nas edições anteriores, a confederação arcou com os gastos
dos atletas selecionados para representar o Brasil.
Esse
ano a situação mudou. Sem muitas explicações, representantes da CBCA
limitaram-se a comunicar os integrantes da delegação brasileira de que por
falta de verbas não haveria apoio financeiro para aqueles que disputarão o
mundial. Em seu site oficial, a CBCA afirma que “Os atletas que disputam as
provas de caiaque vão ao Mundial na Alemanha com recursos próprios”. A lista
inclui medalhistas pan-americanos.
A
situação revoltou o canoísta, cansado da maratona de treinos e busca por
patrocínios. “Nós que vamos representar o Brasil temos que pagar do bolso”,
disse. “Sempre teve dinheiro e agora com a vinda das Olimpíadas simplesmente
falaram que não tinha dinheiro, secou a fonte”, completou. “Aqui no Brasil,
você tem que se destacar primeiro, para depois receber apoio, só não sei como
conseguir isso sem investimento”, revelou. “Tem 12 medalhas em jogo na
canoagem, o futebol ganha apenas uma”, comparou.
Segundo
Celso, a ideia é se mudar para fora do país para se preparar para os Jogos
Olímpicos do Brasil, em 2016.
A estratégia é a mesma usada pelo nadador Cesar Cielo,
medalhista olímpico e mundial. “Vou ficar fora treinando o máximo que eu puder
e volto ao Brasil apenas para os controles, para me manter na equipe”,
antecipou. “Como é que eu vou treinar tranquilo se eu tenho que correr atrás de
patrocínio e apoio para poder viajar?”, questionou.
Canoagem
Maratona
A
rotina é bem conhecida pelo atleta quando se trata da Canoagem Maratona. Sem
apoio da CBCA pelo fato de não ser uma modalidade olímpica, os atletas
enfrentam a sina de conciliar, treinamentos e resultados com a busca por
patrocínio. O cenário voltará a se repetir no dia 20 de setembro, quando começa
o Mundial de Canoagem Maratona, na Dinamarca. “O custo estimado por atleta é de
R$ 7 mil e a confederação faz apenas a entrega de credenciais, reservas e
inscrição, mediante pagamento”, contou. “O esporte já tem 25 anos no Brasil e
continua amador”, declarou.
De
acordo com o prefeito de Ribeirão Claro, Geraldo Maurício Araújo, a prefeitura
de Ribeirão Claro fará todos os esforços para garantir que os atletas do
município disputem provas de alto nível. “Vamos buscar o apoio de empresas
privadas e do governo, como fazemos todos os anos”, afirmou. “É um absurdo que
um jovem que se esforça e consegue se classificar para um campeonato mundial
não receba ajuda do governo e da confederação”, lamentou. “Nós continuaremos
dando suporte a nossos atletas”, concluiu.
FONTE: ASSESSORIA
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