O
noticiário econômico vem chamando a atenção para o gás de xisto, considerando
que os Estados Unidos aumentaram 100 vezes a produção em 20 anos e podem se
tornar líderes mundiais em gás natural em 2015, superando a Rússia. Outra
projeção é de que, até 2035, o gás natural passará do terceiro para o segundo
lugar (atualmente ocupado pelo carvão) na matriz energética mundial, graças à
extração do xisto em mais países, entre os quais a China, que detém a maior
reserva, e o Brasil, presumivelmente o décimo entre os 12 maiores potenciais.
Em
Sapopema, há formações de xisto que afloram na superfície, por vezes escorrendo
óleo a céu aberto. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando houve grande
escassez de combustíveis, a extração de petróleo no local movimentou caminhões
na região.
Hoje,
não há indicativos de que seria interessante a atividade, observa o geólogo
Marcos Vitor Fabro, que atua na Mineropar (Minerais do Paraná S.A.).
Respondendo à FOLHA, ele mencionou prospecções da Petrobras situando a
viabilidade do xisto paranaense apenas em São Mateus do Sul, onde se mantém a produção de
petróleo e gás. "Acho que essa avaliação ainda é correta do ponto de vista
econômico", conclui.
A
extração do petróleo – em 1943, 44 e 45 – foi obra de Aurélio Carneiro Lobo, no
lugar hoje conhecido por Bairro do Xisto; e a M. Lupion & Cia. (empresa do
então futuro governador Moysés Lupion), em Figueira. As duas
localidades pertenciam ao município de Araiporanga (depois denominado São
Jerônimo da Serra). Para os veículos leves, o gasogênio (gás de carvão) era a
alternativa; os caminhões necessitavam de combustível mais potente. Aurélio
produziu óleo bruto e Lupion, diesel.
Contemporâneos
do fato se entusiasmam ao relatar, presumindo que a ocorrência ali ainda possa
ter futuro econômico com o advento de novas tecnologias. "Tem xisto no
município inteiro", diz Jorge Ferreira de Melo, que viu Aurélio Carneiro
Lobo, o Cecéu, obter 300
litros de óleo bruto a cada 24 horas, por aquecimento. O
mais surpreendente eram as rochas com peixes fossilizados, esqueletos
perfeitos, recorda Jorginho, que tinha 14 anos e não imaginava que seria
prefeito.
FONTE: FolhaWeb - Widson Schwartz
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