A
Câmara dos Vereadores de Americana (127 km de São Paulo) promoveu nessa
quinta-feira (6), durante sessão ordinária, churrasco na chapa dentro de uma
sala fechada, para comemorar o aniversário do vereador Pedro Peol (PV).
As
despesas da festa foram bancadas com dinheiro dos três vereadores que compõem a
Mesa Diretora da Casa. Para especialistas, o churrasco dentro de um
estabelecimento fechado foi "diferente" e "impróprio". Nem
a Câmara nem o Corpo de Bombeiros confirmaram se o prédio tem alvará.
Ainda
durante a sessão, realizada entre a tarde e a noite de ontem, a fumaça vinda da
chapa, no primeiro andar do Legislativo, invadiu as demais salas do prédio, e
um cheiro de pernil tomou o ar - o local onde a "churrasqueira" foi
colocada não possuía janelas nem contava com nenhum tipo de ventilação.
"O
cheiro e a fumaça estavam insuportáveis. Tive que deixar o trabalho para tomar
ar várias vezes", disse uma servidora, que pediu para não ter o nome
informado. Segundo Peol, a ideia de preparar lanches de pernil na Câmara surgiu
por conta da Festa do Peão Boiadeiro de Americana.
"O
lanche é típico da festa, que a gente gosta muito, e meu aniversário também é em junho. Então , eu
pensei: 'por que não (fazer o lanche aqui)'", disse. O parlamentar então
organizou uma "vaquinha", junto ao presidente da Câmara, Paulo Sérgio
Vieira Neves, o "Chocolate"(PSC), e o segundo secretário, João Carlos
Alexandre, o "Joãozinho do Quiosque" (PSB), para realizar a festança.
Contratado
O
chapeiro do Maritaca Lanches e Café, Antonio José Fernandes, foi o
churrasqueiro e informou que deu um desconto aos vereadores e cobrou R$ 2 para
cada um dos 250 lanches servidos. Os próprios vereadores, entretanto, admitiram
que o local escolhido para o churrasco foi impróprio. "Só teríamos que
arrumar um local adequado, que não faça fumaça como fez hoje (ontem)",
disse Peol. "Não foi um lugar propício para fazer um 'churrasquinho', mas
uma vez só não tem problema", disse Joãozinho.
Para
o vereador Moacir Romero (PT), o churrasco feito na Câmara não foi surpresa.
"Nessa Casa nada mais me surpreende. Estou indignado, decepcionado com
pessoas que saem pela rua pedindo voto depois fazem esse papel ridículo
aqui", afirmou o parlamentar.
"Parece
que isso [o churrasco] é o mais importante para os vereadores hoje [ontem].
Discussão de projetos, discussão das reivindicações do povo, isso é de menos,
isso é mero detalhe para alguns parlamentares", afirmou o também
oposicionista Celso Zoppi (PT).
O
tenente Anderson Teixeira, comandante do posto do Corpo de Bombeiros de
Americana, disse que a situação foi "diferente". "O problema
maior é a utilização de um botijão de gás, que é terminantemente
proibido", disse. Para o consultor de segurança pública José Vicente da
Silva, a situação foi imprópria. "Todo aparelho que gera calor deve seguir
normas de segurança, e a instalação da chapa, seja elétrica, seja a gás, só
pode ser permitida em cozinhas e copas", disse.
Histórico
Na
semana passada, o presidente da Câmara de Americana, Paulo Chocolate (PSC),
admitiu, em entrevista do jornal "TodoDia", de Americana, que a Casa
não teria condições de apagar um incêndio caso ele ocorresse na prédio do
Legislativo. De acordo com ele, caso houvesse uma fiscalização rigorosa, o
Legislativo americanense não teria o alvará de funcionamento emitido, por conta
das inúmeras irregularidades do prédio.
Ontem,
o vereador foi embora ao término da sessão sem comer o churrasco e sem falar
com a imprensa. Procurado no celular após a sessão e na manhã de hoje, ele não
foi localizado para comentar. O problema do prédio da Câmara foi exposto pelo
vereador Ulisses Silveira (PV). Segundo ele, entre os problemas do prédio do
Legislativo estão o revestimento da cobertura interna, que não é antichamas, as
saídas dificultadas, a quantidade incorreta de hidrantes e a falta de brigada
de incêndio. "É um prédio antigo e tem tudo do que um bom incêndio
precisa."
FONTE: UOL Notícias
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