Santo
Antônio da Platina - Uma família de Santo Antônio da Platina está pagando um
'preço' alto por uma decisão equivocada do poder público. O caso, que se
arrasta por quase 20 anos, já foi comprovado em vários processos na Justiça. Na
época, em 1994, quatro municípios da região foram declarados áreas de risco de
uma epidemia de meningite, entre eles Santo Antônio da Platina, mas a
prefeitura local não tomou as providências necessárias para a vacinação da
população.
Sem
imunidade, uma menina com nove meses contraiu a doença, sofreu paralisia
cerebral e teve sequelas irreversíveis. Hoje, ela vive em estado vegetativo,
necessitando de cuidados permanentes, o que mudou por completo a rotina de seus
pais, Sandra e Paulo Alves da Silva. O casal não faz outra coisa a não ser
lutar de todas as formas possíveis para manter a jovem viva. O primeiro reflexo
da doença aconteceu no bolso. Paulo trabalhava como açougueiro, mas não teve
como permanecer no emprego porque precisava dedicar cada vez mais tempo para
cuidar da menina. Até que um dia, o patrão deu um ultimato: ''Seu Paulo, ou o
senhor cuida de sua filha ou trabalha''. Sem hesitar, ele optou pela filha.
Por
não conseguir emprego na cidade, Paulo foi trabalhar em Jacarezinho, onde não
ficou muito tempo, mas lá acabou descobrindo a causa da paralisia cerebral de
sua filha: a falta da vacina contra o vírus da meningite. Até aquele momento,
ele desconhecia a origem do problema. O casal não sabia que iria encontrar
tanta dificuldade. Paulo e Sandra dividiram as tarefas. Durante o dia, enquanto
ela se dedica a ficar com a filha, Paulo luta junto aos poderes constituídos.
Desde o começo, ele documenta tudo e procura seus direitos na prefeitura, no
governo do Estado e na Justiça.
Paulo
também esteve no Palácio Iguaçu quando o governador era Roberto Requião. Sem se
preocupar com a repercussão do caso, ele entrou no Palácio, levando a menina no
colo. E foi atendido. A família ganhou uma casa em um conjunto na periferia de
Santo Antônio da Platina. Paulo lamenta que o imóvel foi doado, mas não está em
seu nome.
O
casal ficou isento do pagamento da conta de energia elétrica, responsabilidade
que passou para a prefeitura local. Mas uma surpresa aconteceu em fevereiro
deste ano. Eles receberam uma notificação da Copel de que o benefício havia
sido suspenso e, pior, deveriam pagar todos os "atrasados''. A dívida
passa de R$ 20 mil, o que para a família é uma fortuna. O fornecimento de
energia não foi interrompido. A sobrevivência deles depende das doações de
alguns amigos e alguns empresários da cidade.
No
mês passado, a menina ganhou uma cadeira de rodas especial que havia sido
solicitada há quatro anos. A cadeira foi doada pela prefeitura por determinação
da Justiça. Ela é adaptada para carregar um tubo de oxigênio e um aparelho que
mede a dosagem necessária de oxigênio, caso a menina venha a sentir falta de
ar. Agora, a vontade de Paulo é passear com a filha no centro da cidade, mas
para isso a prefeitura ainda precisa recuperar trechos da calçada.
UTI em casa
Por
causa da imobilidade da menina, o casal precisa ter uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) permanente na residência. De tanto batalhar, Paulo conseguiu
viabilizar verba para a construção e compra dos equipamentos. Ele chegou até
reservar um espaço no quintal para que a unidade fosse construída. Oficialmente
a UTI está pronta, mas na prática nem o projeto existe. Paulo suspeita que o
dinheiro destinado para esta obra tenha sido desviado.
FONTE: Eli Araújo – Caderno Norte
Pioneiro – Jornal Folha de Londrina
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