Distância entre campo e consumidor final encarece preço de frutas e hortaliças na região



O preço das frutas e hortaliças comercializadas nos supermercados e sacolões do Norte Pioneiro podem sofrer um aumento próximo de 100% no caminho do campo à mesa do consumidor, somente por conta do ''passeio'' que tais produtos fazem antes de chegarem ao destino final.
Uma boa parte do comércio da região se abastece na Central de Abastecimento de Londrina (Ceasa), mas o que nem todo mundo sabe é que alguns destes produtos são cultivados em lavouras de vários municípios da própria região. O passeio, na prática, é quase inevitável. Dependendo do produto, o trajeto de ida e volta pode ultrapassar 200 quilômetros.
Quem produz não tem estrutura para fazer a distribuição por conta própria nos estabelecimentos das cidades vizinhas e quem compra quase nunca encontra tudo o que precisa nas propriedades locais. O produtor geralmente se especializa em uma ou duas culturas e quem compra traz a relação que varia entre 50 a 60 tipos diferentes de mercadorias.
A região se destaca na produção de alguns itens, em especial de laranja, banana e tomate. Na Ceasa, os produtos são vendidos em caixas com 22 quilos, em média. Proporcionalmente, a laranja estava a R$ 0,50, o quilo, na semana passada, a banana a R$ 0,80 e o tomate a R$ 3,90. No varejo, o quilo da laranja variava entre R$ 1 e R$ 1,20, o da banana estava em média R$ 1,15 e do tomate na faixa de R$ 4,50 a R$ 4,80, só que a qualidade dos produtos é inferior àqueles vendidos na Ceasa.
Há sacolões da região que recebem frutas e verduras diretamente dos produtores, mas muitos comerciantes preferem buscar as mercadorias na Ceasa de Londrina por causa da qualidade e da variedade de produtos.
O mercado do produtor da Ceasa é um espaço onde os agricultores vendem diretamente seus produtos aos comerciantes. Embora cada produtor estabeleça um preço para sua mercadoria, isto pode mudar durante o dia, dependendo da tão conhecida lei da oferta e da procura.
No vaivém de trabalhadores transportando mercadorias de um lado para outro em carrinhos apropriados para se colocar as caixas plásticas e em uma movimentação aparentemente alucinada, é fácil identificar quem está no mercado do produtor para fazer compras. A pessoa geralmente está com uma prancheta na mão e uma folha onde estão relacionados dezenas de itens.
O empresário Marcelo Belasques é dono de um sacolão em Quatiguá, a 180 quilômetros de Londrina. Toda segunda e quarta ele vai até a Ceasa com uma relação de 50 produtos, em média. Apesar da distância, ele diz que a viagem compensa porque a região produz apenas dois ou três itens de que precisa. ''A gente vem aqui porque a Ceasa centraliza tudo e fica bem mais fácil para a gente'', afirma.
O comprador Tiago Marcelo Alves, de Figueira, também vem para a Ceasa de Londrina, duas vezes por semana. Ele busca mercadorias para uma rede de três supermercados da região e diz que a margem de lucro é pequena, mas a variedade de produtos é necessária para atender os clientes. Alves traz uma relação com mais de 50 itens e para não perder tempo pesquisando preços, ele tem os fornecedores certos para o que precisa.
Rotina
Os produtores da região trazem suas colheitas para a Ceasa de Londrina em dias alternados - às segundas, quartas e sextas. A rotina dos produtores é intensa. Na véspera, eles fazem a colheita, a seleção dos produtos que serão comercializados e finalmente carregam as caixas em caminhões de porte médio.
No dia seguinte, eles saem de suas propriedades por volta das duas da madrugada para estarem na Ceasa antes do dia amanhecer. Eles permanecem quase o dia todo no mercado do produtor.

FONTE: Eli Araújo – Caderno Norte Pioneiro – Jornal Folha de Londrina
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