Viagens
que chegam a durar 15 horas, entre a ida e o retorno, e que desgastam pacientes
que já têm a saúde debilitada em função das doenças. É a rotina enfrentada por
moradores de cidades de pequeno e médio porte, que vão para os grandes centros,
como Curitiba e Londrina, em busca de atendimento médico especializado.
A
FOLHA acompanhou uma viagem realizada pelos pacientes de Ribeirão Claro para
Londrina, cuja distância é de 186
km. O ponto de encontro foi a praça em frente à Paróquia
Sagrado Coração de Jesus, localizada próxima a prefeitura. O primeiro paciente
chegou às 4h36. Aos poucos os oito passageiros foram chegando e se acomodando
na van da prefeitura. A maioria aproveita a viagem para recuperar o sono perdido.
O motorista André Luiz Ferreira partiu pontualmente às 5 horas, quando o sol
ainda não havia surgido.
Para
o vigia José Carlos Beltrame, de 61 anos, a rotina de viagens começou há um
ano, desde que foi submetido a uma raspagem da bexiga no HCL. "Tenho feito
o tratamento, tomado injeções e preciso fazer exames", resumiu. Para ele,
se o Hospital Regional de Santo Antônio da Platina disponibilizasse um
tratamento similar, facilitaria bastante, já a distância para essa cidade é de 50 km.
"Isso
melhoraria tanto para nós quanto para a prefeitura, que gastaria menos dinheiro
com o transporte", ressaltou, afirmando que o deslocamento até Londrina é
bastante desgastante.
Beltrame
explicou que essa rotina não é fácil, já que o exame dura menos de sete
minutos. "Se meu exame está marcado meio-dia, ainda assim chego com os
demais pacientes em Londrina, por volta das 7h30. Depois de realizada a
consulta tenho que esperar até o fim da consulta do último paciente, que
acontece por volta das 17h30", revelou.
Acidentes
Flávio Badone, de 64 anos, é um
operador de máquinas aposentado e foi submetido a uma cirurgia na próstata em
2008 e passa por monitoramento constante para avaliar se houve regressão.
"Tenho que voltar o Hospital do Câncer de Londrina pelo menos duas vezes
ao ano para fazer exames e ver se está tudo bem", explicou.
Para
o aposentado, o simples fato de a prefeitura disponibilizar esse transporte
facilita a vida dele. "Imagine se tivesse que pagar do meu bolso para
realizar essa viagem?" Questionado sobre os riscos de acidentes durante o
deslocamento, ele preferiu minimizar e declarar que é melhor ter esse
transporte do que não ter nada.
No ano passado, dois pacientes e um motorista de Ribeirão Claro morreram em um acidente durante uma viagem a Curitiba. No dia 12 deste mês um paciente de Jacarezinho também morreu em outro acidente durante o trajeto para realizar exames clínicos no Hospital Cajuru, em Curitiba.
No ano passado, dois pacientes e um motorista de Ribeirão Claro morreram em um acidente durante uma viagem a Curitiba. No dia 12 deste mês um paciente de Jacarezinho também morreu em outro acidente durante o trajeto para realizar exames clínicos no Hospital Cajuru, em Curitiba.
Carona amiga
A
secretária de Saúde de Ribeirão Claro, Ana Maria Baggio Molini, declarou que no
ano passado foram transportados 12.144 passageiros em um total de 1.950
viagens, sendo 407 para Londrina e 157 para Curitiba. "Os nossos carros
rodaram 528.778 km
no ano passado", acrescentou. Segundo ela, no ano passado, somente com
combustível, motorista, casa de apoio e lanches gastou R$ 510 mil.
Ana
Maria destacou que a maior parte das viagens é realizada para Jacarezinho e
Santo Antônio da Platina, mas somente quando são casos de média complexidade.
Os atendimentos de alta complexidade, explicou, invariavelmente são
encaminhados para Londrina e Curitiba.
A
secretária informou que quando só há um paciente para ser transportado, é
solicitado uma "carona amiga" a um município vizinho. O mesmo
acontece quando são os municípios vizinhos que solicitam e há vagas
disponíveis. De acordo com a secretária, os serviços oferecidos no
Hospital Regional de Santo Antônio da Platina não resolvem todas as
necessidades da região.
TEXTO: Vítor Ogawa – Jornal Folha de
Londrina
FONTE: Gustavo Carneiro
FONTE: Gustavo Carneiro
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