Pronto Socorro de Cambará deverá passar por mudanças



Seu nome é João Luccas Thabet Venturine, 32 anos, natural de Jacarezinho. Ele é advogado, formado na Faculdade Estadual de Direito do Norte Pioneiro. Foi estagiário do Ministério Público de Jacarezinho por 3 (três) anos, bolsista da Fundação Escola do Ministério Público (FEMPAR) em Curitiba-PR.
Trabalhou na Gestão Tina Toneti por 8 (oito) anos, sendo Diretor do Departamento de Compras e Licitações, Coordenador Geral de Administração, Secretário de Administração, Chefe de Gabinete e, por último, Secretário de Saúde.
Ele é o Secretário de Saúde de Cambará, cargo que demanda extrema atenção e dedicação. Ele  é o homem de confiança do Prefeito Municipal de Cambará e pretende, entre outras coisas, anexar o Pronto Socorro ao Hospital Municipal, por exemplo. “O funcionamento do Pronto Socorro fora do Hospital Municipal é uma aberração sanitária” declarou. O novo Secretário de saúde diz pretender usar o diálogo com os profissionais da pasta para tentar resolver partes do problemas de sua secretaria. “Temos profissionais da saúde com elevado grau de conhecimento técnico” afirmou, “Não é agindo com arbitrariedade ou autoritarismo que chegaremos a lugar algum” desabafou. “O segredo é mantê-los altamente motivados”.Acompanhe os principais trechos da entrevista.

Circulandoaqui: Porque aceitou assumir o comanda da Saúde de Cambará?
João Luccas Aceitei o desafio de ser Secretário de Saúde por basicamente 2 (duas) razões: Sou obstinado por desafios e poder caminhar na contramão da lógica é sempre um desafio. Se a lógica impõe o conceito de que um sistema não funciona, não medirei esforços para provar o contrário. Além disso, vi nas pessoas do João e do Luís, muita boa-fé, responsabilidade e ideologia. Tive a certeza de que estava me relacionando com pessoas probas e comprometidas com a população de cambará.

Circulandoaqui: Qual sua experiência na área?
João Luccas Posso dizer que fiz carreira no serviço público, sendo que as experiências como Secretário de Saúde e de Administração me trouxeram expertise e apurado senso crítico.

Circulandoaqui: Como realmente estava a secretaria de Saúde da cidade?
João Luccas: Quando assumimos, a Secretaria de Saúde apresentava falta de médicos em 3 Postos: Vila Rubin, Ignês Panich e São José. Além disso, não tínhamos pediatra, cardiologista, entre outros profissionais.
No Hospital Municipal não havia cirurgião e as eletivas estavam todas paradas. As cirurgias de emergência eram todas encaminhadas para outras referências. Também não eram realizadas cirurgias ginecológicas.
Em 2012, o orçamento da saúde era de R$ 8.585.000,00, sendo que para o exercício de 2013, o orçamento foi definido em R$ 7.798.000,00, com uma redução, portanto, de R$ 787.000,00.

Circulandoaqui: Como foram estes dois meses de sua gestão?
João Luccas:  Quanto à gestão da saúde em Cambará posso dizer que estamos passando por um processo de reestruturação, que irá demandar alguns sacrifícios e ajustes pontuais. Precisamos de um choque profundo de gestão. As redes de atenção primária e de urgência ainda não operam com a interdependência esperada. Porém, já temos um desenho administrativo de gestão, baseado no empoderamento da Secretaria de Saúde e na valorização dos seus profissionais. A Secretaria de Saúde precisa funcionar institucionalmente.

Circulandoaqui: Já conseguiu implantar seu ritmo de trabalho?
João Luccas: Ainda é cedo para avaliar se implantei ou não meu ritmo de trabalho. De todo modo, os servidores da saúde têm agido com profissionalismo e absoluto respeito nas nossas relações, sendo uma importante ferramenta de estímulo.

Circulandoaqui: Quais critérios o senhor está usando para montar sua equipe?
João Luccas: Em todas as secretarias em que passei sempre pautei minhas escolhas pela técnica, somente pela técnica. Portanto, se não der certo aqui em Cambará, a responsabilidade é toda minha, mesmo porque o Prefeito João e o vice Luís me deram absoluta autonomia na montagem dos quadros.

Circulandoaqui: Como pretende fazer as mudanças que pasta exige?
João Luccas: Pretendo realizar as mudanças que são necessárias com muita reflexão, com muito diálogo, através do debate mesmo. Não é agindo com arbitrariedade ou autoritarismo que chegaremos a lugar algum. À medida que as pessoas entendem o porquê de algumas mudanças, o processo de assimilação e de correção flui naturalmente. Temos profissionais da saúde com elevado grau de conhecimento técnico. O segredo é mantê-los altamente motivados. Quando entendermos que é necessária uma mudança de rota, teremos a humildade necessária para recomeçar em algum aspecto.

Circulandoaqui: Qual será seu principal desafio neste assunto?
João Luccas: Meu maior desafio é a compreensão da população. A população precisa fazer parte do processo, entender as mudanças que estamos propondo. Nosso Pronto Socorro passa por uma crise. Ou organizamos as redes de atendimento, fazendo do Pronto Socorro um espaço de urgência e de emergência ou perderemos médicos sistematicamente. Assim precisamos iniciar processos de triagem. Não é competência do Pronto Socorro ofertar exames, encaminhamentos ou mesmo receitas.

Circulandoaqui: O senhor pode destacar algumas melhorias? 
João Luccas: Avançamos nesses dois meses em vários aspectos: substituímos profissionais do Pronto Socorro que não atendiam nosso modelo de gestão; colocamos o Hospital Municipal para funcionar a todo vapor, através da contratação de 2 (dois) obstetras, 2 (dois) anestesistas e 1 (um) cirurgião. Por conta disso, todas gestantes de risco habitual tem ganhado seus filhos em Cambará com segurança. Além disso, temos realizado cirurgias eletivas quase todos os dias. “Não podemos admitir que um paciente viaje 500 Km para fazer uma cirurgia de vesícula, fimose, hérnia, enfim.” Se isso acontecer, podemos chamar nosso hospital de hospedaria, albergue, casa de descanso, menos de hospital. Pode parecer pouco, mas assumimos a gestão sem nenhum cirurgião atuando. Conseguimos, também, preencher a rede com algumas especialidades que faltavam: hoje temos 1 (um) cardiologista, 2 (duas) pediatras, e mais 1 (um) ortopedista atendendo.

Circulandoaqui: O que ainda precisa ser feito para melhorar a saúde pública de Cambará?
João Luccas: Temos muito por fazer na Saúde de Cambará. Não tenho dúvida do potencial técnico dos profissionais. O que falta é avançar em termos de gestão. O desafio é dar uma roupagem de administração pública gerencial, baseada na fixação de metas e no controle permanente de indicadores. É isso que tenho buscado insistentemente com meus diretores e chefes.

Circulandoaqui: Na campanha eleitoral, o então candidato João Mattar, hoje prefeito de Cambará, dizia que iria atrair para o município médicos especialistas em diversas aeras. Quais foram as conquistas até agora?
João Luccas: Estamos assumindo competências do Estado, quando contratamos ortopedistas e cardiologistas, por exemplo. O município tem alargado sua competência, atuando incisivamente na média complexidade. Quanto ao fato dos profissionais morarem, ou não, em cambará é uma variante que pode ou não acontecer. Não é a questão central. O ponto é termos profissionais que atendam aqui ou que sejam referenciados quando houver demanda.

Circulandoaqui: O senhor anunciou que irá mudar o atendimento do Pronto Socorro (será anexo ao hospital municipal). Isto será necessário? Por quê?
João Luccas: O pronto socorro irá mudar. Deve integrar o Hospital Municipal na sua estrutura física. O projeto já foi aprovado pela Regional de Saúde e agora está sendo planilhado. O funcionamento do Pronto Socorro fora do Hospital Municipal é uma aberração sanitária. Fundamentalmente, Pronto Socorro é a porta de entrada da rede de urgência e de emergência, e só encontrará a devida resolutividade quando estiver integrado àquela estrutura. Hoje, o Pronto Socorro funciona como uma espécie de postão do PSF, em absoluto descompasso com sua finalidade. Isso gera gastos desnecessários através da manutenção de duas equipes em separado, remoções indevidas em detrimento da resolutividade que o sistema impõe.
  
Circulandoaqui: E quanto ao SAMU. Quando será implantado na cidade?
João Luccas: Nosso Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) já aprovado formalmente na CIB regional e na CIB estadual. Estamos aguardando a implantação agora.

Circulandoaqui: Fale sobre algumas atividades já realizadas este ano...
João Luccas: Realizamos, satisfatoriamente, mutirão de prevenção ao câncer do colo de útero no Bairro São José e no dia 21, deste mês, realizaremos o mesmo evento no Bairro do Ignês. Esses mutirões serão uma marca da nossa gestão. Daqui alguns dias teremos tendas itinerantes com objetivo de detectar casos de hipertensão e de diabetes também. Acreditamos piamente que o fortalecimento da rede de atenção primária, baseado no estímulo da prevenção e da promoção à saúde, é a única ferramenta eficaz de resolutividade do sistema, na medida em que desonera o sistema e promove a, tão sonhada, integralidade.

Circulandoaqui: Dengue: Quando o Senhor assumiu a saúde municipal, Cambará apresentava índice elevado de infestação do mosquito transmissor da doença, como o senhor mesmo informou na época. Foi realizado um trabalho para tentar diminuir estes números. Houve progresso?
João Luccas: Quanto à dengue, apresentamos em janeiro índice de infestação de 1,80% sendo que o preconizado pelo Ministério da Saúde é de 1,00%. Na ocasião, das 1331 residências visitadas, 24 apresentavam focos de dengue. Definimos, então, que a estratégia seria a realização de um grande mutirão de limpeza, oportunidade em que foram retiradas 16 toneladas de lixo, numa megaoperação que envolveu mais de 50 pessoas, 10 caminhões e várias secretarias e, é claro, a própria população que atuou de forma muito responsável, tendo participado ativamente do processo. Nesta semana, realizamos o novo levantamento de índice de área e o nosso índice caiu para satisfatórios 1,05%, sendo que das 1326 residências visitadas, apenas 14 apresentaram foco de vetores. Isso prova que acertamos na estratégia adotada. Mas em se tratando de dengue, nunca há motivos suficientes para comemorar e toda vigilância é de fundamental importância.

Circulandoaqui: O resgate do menino Nicolas em que foi utilizado um helicóptero no seu salvamento será uma prática comum no governo João Mattar?
João Luccas: O resgate do pequeno Nicolas evidencia um novo desenho na rede de urgência e de emergência no Estado. Prova que os vazios estão sendo devidamente preenchidos. Que o Estado está atento ao monitoramento dos leitos e das vagas existentes. Que o SAMU assume definitivamente uma posição de vanguarda pelos ótimos serviços ofertados. É evidente que surgirem novas situações que guardem semelhança clínica, haverá sim a utilização de helicópteros.

Circulandoaqui: O Prefeito João Mattar é o atual Presidente do Cisnorpi, até quando isto é benéfico para a saúde pública de Cambará?
João Luccas: O fato do Prefeito, João, ter assumido a presidência do CISNORPI é de vital importância para Cambará, na medida em que articulamos de maneira mais efetiva a relação da rede de atenção primária com a média complexidade. De posse das maiores demandas dos municípios o Presidente João tem a possibilidade de, por meio de articulações políticas, fortalecer cada vez mais o CISNORPI. Nesse sentido, o Prefeito, João, não tem medido esforços e vem mantendo um canal aberto de comunicação com o governo do Estado, fortalecendo o sistema de saúde de Cambará e o próprio Consórcio.
  
Circulandoaqui: É fato ou boato de que o Senhor esteja enfrentando resistência para implantar seu estilo de administrar a Saúde pública municipal?
João Luccas: Apesar dos inúmeros desafios, não pensei em desistir. O João e o Luís têm me dado o respaldo necessário no sentido da correção de rumos e das reformas que precisam ser feitas. Tenho absoluta confiança no trabalho e nas diretrizes que definimos; plena confiança na equipe que montamos. Tudo na vida é motivação. Enquanto estiver motivado e acreditar na transformação do sistema darei o meu sangue, do contrário terei a  hombridade de entregar o meu cargo.

Circulandoaqui: O que os cambaraenses podem esperar de sua atuação?
João Luccas: As pessoas podem esperar absoluto compromisso e plena dedicação quanto ao fortalecimento do Sistema de Saúde. 

FONTE: Roberto Francisquini

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