Rogério Antônio Lopes
O caso envolvendo a UTI do Hospital Evangélico faz surgir uma série de sentimentos: desde a incredulidade abismal (como é que pode? será mesmo verdade?) passando pela indignação e chegando às raias da revolta, principalmente por quem teve algum ente querido internado naquela unidade.
Na maioria das vezes a hipocrisia não permite que se discuta com amplitude adequada, comportamentos que “rotineiramente” (não só nas UTIs, mas nos hospitais de um modo geral) fazem do óbito algo tão sem valor ou simples, como saltar de um trampolim.
Na maioria das vezes a hipocrisia não permite que se discuta com amplitude adequada, comportamentos que “rotineiramente” (não só nas UTIs, mas nos hospitais de um modo geral) fazem do óbito algo tão sem valor ou simples, como saltar de um trampolim.
Evidente que a lida com esse tipo de trabalho no dia a dia, tende a ofuscar a sensibilidade dos profissionais, porém, é exatamente o equilíbrio que nos dá a característica da humanidade, por isso inarredável que se busque a medida certa: não se envolver de forma a tomar o lugar do doente, mas (...) não ser tão “insensível” ao ponto de ver a morte apenas como mais uma expiração – não é.
Este evento ainda nos possibilita discutir (além da qualidade dos profissionais, significativo quinhão é sofrível, basta olhar as avaliações oficiais – é claro que existem exceções) a saúde como algo que ultrapasse um negócio, para muitos ela rivaliza uma reles ferramenta de ganhar dinheiro.
Este evento ainda nos possibilita discutir (além da qualidade dos profissionais, significativo quinhão é sofrível, basta olhar as avaliações oficiais – é claro que existem exceções) a saúde como algo que ultrapasse um negócio, para muitos ela rivaliza uma reles ferramenta de ganhar dinheiro.
Alguns profissionais só percebem esse “ponto de vista” quando um parente próximo ou eles mesmos se tornam pacientes, ai se comportam como tal: sentem a insegurança, o medo, e procuram no médico que os atende um alento, simples assim, como saltar de um trampolim.
Foi exatamente isso que aconteceu com o Dr. Luiz Paulo Kowalski, especialista em tumores de cabeça e pescoço: em seis de fevereiro de 2008, ele deu uma entrevista a uma revista de circulação nacional, dizendo que “somente mudou sua postura com os seus pacientes, tornando-se um médico melhor, depois que também teve um tumor na cabeça”, ou seja, a atitude do Dr. Luiz chega a ter uma “beleza algo poética”, mas se formos esperar os profissionais ficarem doentes para perceberem que precisam mudar seus comportamentos, a chance de que todos morramos antes é muito grande.
O respeito e a “liturgia” com que o profissional encara seu mister é fundamental para a qualidade do resultado, isso vale tanto para o coletor de entulhos como para o físico nuclear e também para o atleta que salta do trampolim.
O juramento de Hipócrates diz o seguinte: Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário.
O juramento de Hipócrates diz o seguinte: Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. Nunca me servirei da minha profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu para sempre a minha vida e a minha arte com boa reputação entre os homens; se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário.
Ao invés de protestarem pela prisão dos colegas cancelando mais de 200 cirurgias, aumentando ainda mais o sofrimento dos doentes, os médicos deveriam urgentemente otimizar a qualidade dos serviços prestados, e mostrar que se realmente aconteceu algo (só haverá culpados depois da eventual sentença transitada em julgado) foi pontual, esse tipo de “protesto” não auxilia em nada, talvez apenas ajude alguns pobres infelizes a “saltarem do trampolim”.
Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia Civil
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