Rogério Antônio Lopes
Incluiria
nesse rol ainda a ausência ou a incompetência do poder público, o resultado
desse “mix emulsivo” são as tragédias anunciadas, as quais todos os anos
milhares de pessoas experimentam pelo país, em algumas regiões com “repetições
programadas”.
Dizer
o que diante da falta de cultura, que permite jogar o lixo nos rios
potencializando os resultados normais das chuvas de verão, em um deles o lixo
comprometeu cerca de 70% da vazão, ou seja, mesmo que o governo nesses locais
fosse eficiente, e tudo estivesse dentro das leis ecologicamente corretas e
exaustivamente “chatas”, ainda haveria alagamento e as mesmas tragédias.
As
matérias produzidas pelos órgãos de imprensa em anos passados sequer
precisariam de “reedição”, bastaria colocá-las no ar e ninguém perceberia a
diferença, ou melhor, não haveria diferença: são as mesmas pessoas pobres e
incultas chorando as migalhas perdidas (para elas significava tudo), o cão
salvo pelo bombeiro amigo, o milagre daquele que saiu da casa um minuto antes
que desabasse, as igrejas cheias de desabrigados (por falar nisso a Secretaria
Nacional de Defesa Civil tomou uma providência fundamental nesse trágico
cenário: estabeleceu legalmente a diferença entre desabrigado e desalojado -
o desabrigado é aquele que perde a sua unidade de habitação e está num
abrigo público, já o desalojado saiu de casa – não necessariamente perdeu – e
não está em abrigo público. Está na casa de um parente ou coisa parecida –
realmente um dos atos mais significativos dessa secretaria), os desvios nas
roupas e alimentos doados, enfim, parece que nada muda, das águas que rolam
pelas encostas, até as pequenas tragédias individuais.
As
medidas e atitudes são sempre às avessas: é a sirene que não funciona, o dinheiro
que não chega para as obras, o lixo que não foi recolhido (será criado um plano
de emergência para recolhe-lo até o dia 28 de fevereiro, sem falta, a não ser é
claro que o dinheiro não chegue a tempo ou que a empresa responsável entre na
justiça pedindo um aditivo no contrato, ou (...), vamos ter fé, o lixo vai ser
recolhido até o dia 28, enfim, é a incompetência pública ganhando ares de
“patente nacional” e já merecendo um capítulo especial na saga dos Simpsons, e
quando isso acontecer (aliás já aconteceu) Ong de fachada e Oscip de ocasião,
não tardarão em criticar as piadas do Homer, deviam agradecê-lo, só assim,
através das piadas, é que de fato alguns problemas são abordados com seriedade
e sem sofismas.
O
revoltante de tudo isso é saber que em 2014, 2015 e nos anos seguintes, a
situação só tende a piorar se a proposta pública (e a educação das pessoas) não
mudar, não havendo indicativos sólidos (aliás não há indicativo nenhum)
nesse sentido, o jeito então é rezar para não chover, ou mudar para um país sem
escarpas...a Suiça talvez.
Como
a reza não vai parar a chuva e ninguém vai para a Suiça, tudo continua como
antes nas áreas escarpantes, já se pode ir preparando as doações do ano que vem.
Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia
Civil
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