Rogério Antônio Lopes
Foz do Iguaçu já foi tida em avaliações passadas como uma das cidades mais violentas do país, além de liderar o ranking de mortes violentas de adolescentes, o município que já registrou mais de trezentos homicídios ao ano (quase um por dia) neste ano de 2012 não deverá atingir 150 casos.
Não obstante a drástica redução, e os avanços significativos traduzidos em milhares de vidas salvas, há que se perceber que o caminho é longo e todos devem dividir a responsabilidade nesse tema que extrapola os contornos da Segurança Pública resvalando indelevelmente nas questões sociais que proporcionam um dos principais substratos desse problema.
O homicídio pode ser considerado um crime “acessório”, ou seja, sempre é praticado em razão de “um motivo”, seja o ciúme, falta de cultura, ambição ou uma reles impaciência, como preconiza a campanha do “conte até dez”, enfim, desde o ato protagonizado por Caim, até o sujeito que disparou contra dezenas de crianças na cidade de Newtown nos EUA semana passada, o homem tenta compreender porque esse tipo de crime é praticado.
Na cabeça do assassino, a razão pode ser qualquer uma, desde uma leve discussão até um desacordo comercial, na verdade a razão não importa, o homem vai continuar matando porque ele é insensível e considera a vida um “nada” (a dos outros é claro), se fosse ao contrário, se tivesse apego e valorizasse a vida (como a maioria faz) o homicídio praticamente deixaria de existir, esse raciocínio não diz respeito aos psicopatas – um caso a parte.
A questão da chamada vulnerabilidade nada tem a ver com “raça”, cor, idade, sexo, ou outra característica específica, está ligada sim a questões circunstanciais de cada realidade social e do momento histórico experimentado, articular que tal grupo é mais vulnerável que outro trata-se de deslavada hipocrisia.
No período do terror da Revolução francesa, vulnerável era qualquer um que fosse denunciado, no período do terror nazista quem tivesse a mínima ligação com judeu, no macartismo a mesma leviandade e assim por diante, ou seja, a “vulnerabilidade” é condição acessória que depende de “n” fatores, inclusive da “sorte”, veja-se o caso do casal Felipe Café e Liana Friedenbach, que foram assassinados pelo monstro alcunhado Pernambuco.
O combate efetivo ao homicídio, passa por uma sociedade que dê bons exemplos e por um Estado que preserve seus valores, por uma polícia competente, inteligente e técnica, tudo isso, interagindo com valores éticos, morais, religiosos e familiares equilibrados, tendem a contribuir para a queda nos registros de homicídios.
Na realidade jamais nos veremos livres dele, o homicídio é aquele companheiro sombrio e obscuro que acompanha a sociedade desde que ela tem consciência da sua existência, e embora seja contra a própria natureza humana insiste em estar presente, fato que jamais deve abalar nossa indignação e transforma-lo em banalidade, porque no dia em que isso acontecer (se é que já não está acontecendo) o homem terá perdido aquilo que sempre o diferenciou dos demais animais aproximando-o de Deus: a humanidade.
Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia Civil
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