Trágico destino

* Vicente Estanislau Ribeiro

A violência urbana não é mais privilégio das grandes cidades, as pequenas também passaram a serem notícias.
Acabaram a paz e a tranquilidade provinciana, até as figuras populares que despertam a simpatia e o carinho do povo não escapam e são vítimas.
Uma delas, figura muito querida na comunidade jacarezinhense, nos deixou. Ele, pequenino no tamanho, elegante no vestir, trazia consigo sempre o cigarro nas mãos, gostava de beber e era um apaixonado por música e pela vida.
Além de tocar violão, sabia como ninguém cantar as músicas do compositor e cantor goiano “Miltinho Rodrigues” que eram as suas preferidas.
Com 67 anos de idade, vivia em plena liberdade pelos quatro cantos da cidade, com sorriso nos lábios e um gingado maroto, percorria a pé, sem destino, compromisso ou atropelo, não causando mal a ninguém por onde passasse ou com quem se encontrava. Era um sujeito da paz e alegria.
Nas suas andanças e conversas, sempre que podia, lembrava-se das roupas e sapatos que ganhava do Dr. Paulo Diniz do Laboratório, desfilando garbosamente e da sua amizade, que com orgulho ostentava, com o advogado criminalista Dr. Moacir Correa.
Infelizmente, a vida nos dias atuais tornou-se banal, mata-se por um par de tênis, celular, boné; por nada, se morre; e o cidadão Élcio Antonio Moreira, apelidado de “Sagui”, teve sua vida ceifada, brutalmente, a pedradas, tendo seu rosto desfigurado, na madrugada do dia 11 de setembro, terça-feira, na entrada da Pedreira, próximo ao Centro.
Lamentável o que ocorreu, a maneira covarde e bárbara em que se deu o desfecho de sua morte. Pois, tratava-se de pessoa do bem, não oferecia risco algum. Lutou se defendendo, mas foi em vão, a covardia e a bestialidade de seus agressores foram fatais. Ninguém merece e menos ainda ele, ter esse trágico destino.
Rendo aqui, uma pequena homenagem, depois de um mês do fato ocorrido. Não o fiz à época, por ocasião das eleições municipais quando estava concorrendo, pois, a Lei Eleitoral não permitia.
O cognome “Sagui” como era conhecido por todos, herdou com o passar do tempo, e não era em sentido pejorativo e sim de estima, respeito e carinho. A cidade de Jacarezinho aos poucos vai se sucumbindo, suas figuras populares que de forma espontânea e ricamente dão brilho, alegria e vida à comunidade estão nos deixando. Uma coisa é certa, nenhuma cidade, sociedade ou comunidade, de lugar algum do mundo, seria a mesma, sem a graça, o espírito e a alegria das figuras ditas populares.

* Vicentinho é licenciado em historia e bel. em direito.

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