Qual é a diferença entre sanfona e acordeon?
O que importa aqui, não é tanto a definição do instrumento e sim do talento e das hábeis mãos daquele de quem vou escrever.
No início da década de sessenta, nem mesmo sabia dessa preciosa pérola.
Aqui nas Terras de São Sebastião, mais precisamente na antiga rua Ivahy, hoje Costa Junior, na concessionária de automóveis da família Gentil, ali trabalhava como pedreiro autônomo, um cidadão notável.
Mas, esse obreiro que mexia com cimento e cal, tinha um dom, uma vocação musical, era um autodidata por natureza.
No início da década de sessenta, naquele lugar, houve um encontro, não se sabe se foi casual ou um presente do Deus Grego Apolo da mitologia musical, que contribuiu para tal.
A cidade de Jacarezinho recebia Luiz Gonzaga do Nascimento, o “Rei do Baião” por intermédio da revenda de automóveis e o cantor nordestino já tinha conhecimento dos predicados musicais do pedreiro-músico. Indagou-lhe se ele sabia tocar alguma música dele. Prontamente, respondeu que sim, só que naquele momento, estava em serviço e não tinha o principal, a sanfona para tocar.
Luiz Gonzaga, querendo ouvir o talentoso jacarezinhense, não se fez de rogado, buscou o seu próprio instrumento e lhe deu para tocar.
Ele ainda disse ao Rei do Baião, gosto muito de suas músicas e as toco nas festas e bailes aonde vou. E, ali mesmo emendou o som, dando uma demonstração da aptidão musical e encantando sobremaneira o mestre Gonzaga.
Isso, foi só uma de tantas histórias desse músico nato, que já trabalhou de pedreiro no passado para sustentar a sua prole.
Infelizmente, na sexta-feira do dia 13 do corrente mês, a cidade perde o seu ícone da música. No passado, chegou a usar o cognome “Castanho” no meio artístico e formou o Trio Tangará no início de 60, junto com Neto e Netinho, inclusive sagrando-se vencedor em concurso.
Foi o precursor de conjuntos e bandas musicais de nossa cidade e também da região, tais como: Posseti Boys e Posseti Som Five; pelas suas mãos passaram músicos como: Edison Abud, Luizinho Botelho, Irã Macur, Zé Mário, Tonhão, Beto Larcher (fal.) e tantos outros que ainda hoje atuam no mundo musical.
O seu nome de batismo: Armando Posseti, faleceu aos 90 anos, viúvo de dona Mafalda, o casal teve quatorze filhos: Nelson Luiz, Nivaldo (fal.), Pedro Anselmo, Mafalda, Armando, Maria Aparecida, José Antonio, Luiz Roberto, Maria Heloiza (fal.), Alberto, Paulo César, Emanuel, Sérgio Eduardo e Maria Angélica; vinte e cinco netos e oito bisnetos.
O seu maior orgulho, além da música, era a família que possuía, estudou e formou todos os filhos, sem exceção, com curso superior. Todos bem encaminhados e sucedidos.
Como bom italiano, era um paizão conservador, enérgico, pontual, íntegro e trabalhador. Aposentado há anos, poderia com justiça estar descansando, mas não; ficava diariamente com o seu carro de táxi no Ponto Alto da cidade, próximo ao Colégio Rui Barbosa, pronto para servir os clientes passageiros e também batendo um papo com os amigos que lá chegavam esperando a hora passar.
Gonzaga, indiscutivelmente foi o “Rei do Baião”, mas, Jacarezinho teve também o seu “Rei”, o saudoso Armando, que apesar da sua simplicidade, o seu talento era fato inegável por todos que o conheciam.
Finalizo com um pensamento do músico americano Louis Armstrong: “Os músicos não se aposentam, param quando não há mais música em seu interior”. Com muita tristeza foi o que aconteceu com o nosso “Rei da Sanfona” que recentemente nos deixou.
* Vicentinho é licenciado em historia e bel. em direito.
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