Ainda vendem o voto

Rogério Antônio Lopes

Por esses dias foi divulgada uma pesquisa assustadora: 13% dos brasileiros venderia o voto (em algumas regiões do país esse número chega a 23%) e 73% acredita que quem mais ganha com a política são os próprios políticos, não obstante a maioria é a favor da "ficha limpa", até que a situação não é assim tão assustadora.
De todas as explicações possíveis e imagináveis, teorizadas pelos filósofos antipiréticos e autopoiéticos, o "mau exemplo" deve estar entre as principais.
Infelizmente o cidadão ouve uma coisa e tem a percepção da realidade muito diferente, o lugar-comum: as palavras comovem mas os exemplos arrastam, nunca teve tão justa e adequada aplicação.
São tantos escândalos e maus exemplos, que de uma certa forma eles foram banalizados ao nível da indiferença e da desfaçatez, fazendo parecer ao homem médio que a venda de um voto seja algo banal e pequeno, não mais grave que estacionar na vaga do deficiente ou avançar o sinal, situações já praticamente toleradas em alguns espectros sociais.
Essa reiteração absurda de maus exemplos envolvendo políticos e personalidades, tem atingido fortemente o cidadão em seus valores morais e éticos, levando-o a questionar até que ponto isso vai chegar e robustecendo sua descrença na política como ferramenta para resolver e aperfeiçoar os "detalhes" da democracia.
O sentimento de perda e desilusão é constantemente alimentado por informações, de que os valores maiores e mais caros da sociedade e do homem, não passam de moeda de troca num mundo em que conceitos como honra e respeito, são a todo o tempo relativizados para explicar o inexplicável e justificar aquilo que não pode ser justificado. Isso tem levado o cidadão à crença de que "não tem jeito" e a melhor opção é anular o voto ou pior, no afã de mostrar seu desacordo, ainda que de maneira inócua, dar seu voto para figuras folclóricas cujas propostas concretas não passam de zombarias para com a democracia e com o eleitor.
Diante desse quadro perturbador apontado pela pesquisa qual seria o caminho ou a saída pela busca definitiva da cidadania ? 
Uma das opções está nos "bons exemplos", todos nós podemos aprender e ensinar com eles, embora Lobato num dos seus momentos de descrença no Brasil tenha dito que a consciência do homem comum mora no bolso, sou mais Raul e o bruxo: pare o mundo que eu quero descer.

Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia Civil

Postagem anterior
Proxima
Postagens Relacionadas

0 Comments:

O que você achou desta matéria???