O Gestor Público e a "arte" de engolir sapos

Rogério Antônio Lopes
Na realidade essa “capacidade” cabe também ao gestor privado, cada um na sua seara acha o sapo do outro pior (e é).
Engolir sapo é uma expressão da língua portuguesa que significa fazer algo contrariado, a contragosto, dentre as várias explicações uma ganha notoriedade, poderia ter surgido através de fatos descritos na Bíblia: as pragas do Egito.
Uma das pragas constituía a invasão de milhares de rãs, por todo o território egípcio. Durante a preparação e ingestão de alimentos, lá estavam os anfíbios. Os animais não apenas invadiam os ambientes – cozinhas, quartos, banheiros -, como também os pratos dos habitantes do reino. Daí a expressão: “Engolir sapos”, ou seja, suportar situações desagradáveis sem qualquer manifestação.
Se tem regra sem exceção aí está: quem já não “engoliu um sapo”?, não existe. Em algum momento da vida, seja qual for a posição social do sujeito, ele vai experimentar o sapo e no caso do gestor público isso deve se transformar em uma “qualidade”.
A expressão não é necessariamente depreciativa, nem indica que o gestor seja incapacitado, pelo contrário, muitas vezes, é preciso ter paciência e sabedoria para “engolir o sapo” e devolve-lo em forma de príncipe.
Muitos gestores, orgulhosos e incapazes de compreender a natureza humana (ao menos um pedacinho dela) se postam de forma a “repelir o sapo”, isso geralmente ocorre quando o gestor pessoaliza a relação e passa a esgrimir no nível do oponente, ou seja, o processo se aproxima perigosamente do confronto com resultados indesejáveis.
Tanto na seara pública como na privada, é preciso habilidade para superar situações aparentemente “inegociáveis”, o diálogo e o equilíbrio são dois “instrumentos” que jamais devem ser deslembrados pelo gestor, o fato de “parecer” que engoliu um sapo, pode significar no momento seguinte um gesto de grandeza e até de piedade, diante de oponentes obtusos e que realmente não conseguem compreender aspectos simples de situações pouco complexas.
Se o gestor for daqueles “ditadores democratas” (sim, na Democracia temos inúmeros espécimes dessa espécie) então ele joga o peso do cargo sobre o inferior e “resolve” a situação, só que nesse caso, ele próprio estará cônscio da sua incapacidade diretiva e absoluta incompreensão do que seja liderança, isso lhe trará amargor e angústia, mais para a frente ainda talvez até uma doença física,  porque dos males da alma ele já padece.
A principal qualidade do líder é servir, nesse mister pode até engolir um ou outro sapo, afinal as pragas vieram para libertar e o sapo ajudou e muito nesse processo.

Rogério Antônio Lopes é delegado da Polícia Civil

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