Hospitais da região enfrentam dificuldades com criatividade

No Hospital e Maternidade Ribeirão do Pinhal é preciso se desdobrar para cobrir o déficit mensal de R$ 15 mil (são R$ 90 mil de despesa contra R$ 75 mil de receita). A solução encontrada pelos funcionários foi cultivar uma horta nos fundos do local e vender os produtos na feira da cidade, além de sair "à caça" de doações da Receita Federal (que estão escassas; a última foi em 2010) e de fieis da Igreja Católica.
Segundo o diretor-executivo da instituição, Onivaldo Aparecido Zanuto, há dois anos no cargo, recentemente foi possível comprar o primeiro gerador do hospital, no valor de R$ 65 mil, reformar o piso, o centro cirúrgico e também instalar um poço artesiano. "O dinheiro veio da Itália, através da Igreja. Apresentamos o projeto e eles aprovaram. Mas parceria com o governo não existe".
Atualmente, o hospital interna cerca de 100 pacientes por mês, mas recebe por apenas 76, o que faz com que os gastos dos pacientes a mais sejam repassados para o mês seguinte, em uma eterna bola de neve. Por outro lado, a ociosidade dos 63 leitos é de 20%, embora os gastos sejam fixos.
No momento, o hospital espera o credenciamento pelo SUS de uma Sala de Estabilização montada recentemente, e à espera da inauguração. O gestor já fez o cadastro pelo site do sistema, mas não recebeu resposta. O credenciamento renderia um incentivo de R$ 25 mil, o que fará a diferença para o hospital. "Não queremos fechar as portas. Por outro lado, não posso garantir o dia de amanhã".
Cambará
Até este semestre, a dívida da Santa Casa de Cambará terá chegado a mais de R$ 200 mil -- R$ 100 mil em gastos não cobertos pelo SUS com internações e procedimentos, e outros R$ 100 mil em empréstimos contraídos com cooperativas. Por conta do pouco dinheiro em caixa, o hospital não possui estoque de medicamentos, e até mesmo o exame contrastado de raio X deixou de ser feito porque uma das peças do aparelho quebrou, há oito meses, e não há verba para o conserto, no valor de R$ 30 mil.
"Por causa das dificuldades, fazemos de tudo: jantares, almoços, festas. Aprendi até a fazer bombom para vender. É difícil, estou há 15 anos à frente da Santa Casa, e a situação complicou muito nos últimos anos. É por amor que a gente continua lutando", diz a administradora do hospital, Maria Aparecida Tinelly.
A situação, de acordo com ela, ficou complicada há 20 anos, quando foi inaugurado o hospital municipal, o que fez com que perdessem o convênio com a prefeitura. A partir de então, 26 dos 91 leitos foram desativados. "Tentamos operar com convênios também, mas em cidade pequena ninguém tem plano de saúde, então, a verba que vem daí também é pequena".
O hospital tentou entrar em programas do governo federal e estadual, mas não atendeu a pré-requisitos, e atualmente espera que algum gestor realize um estudo que defina melhor o seu perfil e sua capacidade de atendimento. "Sempre pedem pediatria, UTI, mas eu não tenho, vou fazer o quê? Eles têm de pedir e exigir de acordo com a minha capacidade, e ajudando o hospital a melhorar", finaliza.

FONTE: Jornal Gazeta do Povo
Postagem anterior
Proxima
Postagens Relacionadas

0 Comments:

O que você achou desta matéria???