Margarida, a flor retirada do jardim

* Vicente Estanislau Ribeiro
 No jardim da vida há uma grande variedade de flores e nela uma exuberância de cores e fragrâncias, perfeitas e admiráveis.
Entre elas, a beleza da Azaléia, Bromélia, Copo de Leite, Dama da Noite, Lírio, Orquídea, Prímula, Tulipa e tantas outras maravilhas. Mas, nesse ornato da natureza, uma delas está faltando.
O Jardineiro que cultiva e cuida de todos os jardins do mundo a recolheu neste final de semana para embelezar um outro canteiro de flores. Seu lugar aqui, por enquanto, vai ficar vago, até o Responsável pelo jardim, arrumar uma outra semente da mesma espécie e qualidade.
Não é tão fácil assim, mesmo para um Cultivador de flores, substituí-la.
As flores por serem frágeis e delicadas carecem de um desvelo especial.
A flor que não está mais no jardim dos jacarezinhenses é a “Cândida Margarida”.
Cada flor tem o seu significado, e essa, especialmente, representa simplicidade, pureza e confiança.
Estou retratando a figura de Cândida Madureira, seu nome de batismo, a religiosa Irmã Margarida, cognome que a própria escolheu para servir, que lamentavelmente faleceu nessa sexta-feira, 18 de maio em Curitiba, onde estava morando, junto à sua Congregação. Foi sepultada em nossa cidade no sábado, junto ao jazigo do pai, José Madureira. Deixa os seguintes irmãos que, em vida, tinha um carinho e preocupação por todos eles: Gervásio, Adalgisa, Jaime (fal.), Carmen, Durvano “Deco”, Madeleine e Maria Aparecida “Cidinha”.
Na primeira quinzena de dezembro de 2009, fiz um artigo sobre ela, intitulado de “A ausência que faz falta”, por ocasião de sua saída da Santa Casa.
Lá contei um pouco de sua história e sua total dedicação por décadas de trabalho às Instituições hospitalares.
Infelizmente, não foi bom para ela, o desligamento abrupto e compulsório da Santa Casa, onde morava. Atendia aos doentes, cuidando, consolando e principalmente orando, todos os dias, ininterruptamente. Com os pés já cansados pelo tempo, arrastava-os vagarosamente pelos corredores, na ânsia de velar pelos pacientes, crianças e adultos, tudo em nome do amor. Todos já sabiam que aquele barulhinho do calçado esfregando ao chão, era o andar da Irmã Margarida chegando, sempre com alegria e otimismo.
A Irmã Margarida, com seus 89 anos; 61 dedicados à vida consagrada, como Filha da Caridade, evidente que estava mais do que cumprido o seu papel, mas o seu desejo missionário e vocacional era de ainda continuar, auxiliando a todos, principalmente os mais necessitados naquela Misericórdia.
Esta flor, bonita por dentro e fora, foi tirada do seu habitat natural (Jacarezinho), onde estava acostumada a viver e levada para outro lugar (Curitiba), e lá, sentiu profundamente o impacto e os efeitos dessa mudança.
Tenho a convicção, se ela pudesse livremente escolher o lugar onde morrer, escolheria sem dúvida, o seu tradicional cantinho, a residência das Irmãs, anexo à Santa Casa, junto do povo com quem ali conviveu e se dedicou por anos a fio, sempre levando um sorriso, uma palavra amiga e o amor incomensurável D’Aquele que ela optou para espelhar e servir junto ao próximo, que é o nosso Criador, Deus Pai.
Irmã Margarida, descanse na paz e misericórdia do Senhor!

* Vicentinho é licenciado em historia e bel. em direito.
  E-mail: ver_vicentinho@yahoo.com.br
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